Se dúvidas houvesse sobre a atitude da maioria dos tomarenses face ao futuro, a entrada em vigor do estacionamento pago nalgumas artérias e outros espaços públicos, tê-las-ia desvanecido por completo. A coisa começou logo com a reacção cautelosa da informação local. Noticiaram, tiraram fotos mostrando os lugares doravante taxados desoladoramente vazios, acabando por opinar que os tomarenses estão divididos sobre o assunto. Sucede que nem estão tal coisa. Na sua grande maioria, pensam que esta medida camarária foi uma heresia. Porque, no seu geralmente brilhante entendimento, a autarquia tem o dever de assegurar estacionamento gratuito para os carros de todos os moradores. Na sua triste ignorância, não se podem, como é óbvio, dar conta de que afinal nunca assim aconteceu. Pelo contrário, enquanto durou a tracção animal, cada proprietário de um veículo era obrigado a dispor de local de abrigo para o dito e de cocheira para os animais. Só os gatos, os cães, as galinhas e os porcos é que podiam então vaguear e dormir na via pública.
Goste-se ou não, o estacionamento tarifado é a única via possível, até por manifesta falta de espaço face ao cada vez maior número de veículos.. Não só em Tomar, mas em toda a parte. Querer escapar-lhe mais não é que uma recusa obstinada do que aí vem. É afinal ir para o futuro às arrecuas. Porque teimosa e erradamente a olhar para o passado.
É certo que em Tomar a autarquia cometeu erros, com esta deliberação sobre estacionamento pago. Um deles foi logo corrigido, assim como quem não quer a coisa. Quando, por causa da bolsa de estacionamento gratuito na Rua João dos Santos Simões, me queixei de discriminação ao provedor de justiça que temos, imediatamente a seguir a câmara informou que afinal não eram só os moradores da Alameda que tinham direito a estacionamento gratuito junto da respectiva residência, mas todos os moradores da centro histórico. Realmente, assim deixa de haver discriminação objectiva. Mas passamos a ter um situação a todos os títulos caricata. Vejamos.
Em conformidade com a deliberação camarária, os residentes que pretendam estacionar gratuitamente têm de obter um dístico, o qual até indica a zona onde o poderão fazer. Enquanto isso, os não residentes poderão, sem necessidade de qualquer dístico, continuar a estacionar gratuitamente nas ruas não tarifadas do Centro Histórico, como sempre fizeram, transformando assim a cidade antiga, entre a Rua da Graça e o Largo do Pelourinho, num autêntico bairro da lata. Com todos os inconvenientes daí resultantes para a conservação das fachadas dos prédios confinantes, bem como para o eventual trânsito de bombeiros e de ambulâncias. Conforme já tem acontecido.
Outra coisa teria resultado se o problema do trânsito e estacionamento tivesse sido antes amplamente debatido e documentado, tanto no executivo como na AM, tendo como objectivo fulcral resolver os problemas dos cidadãos. Tanto os proprietários de automóveis, como os donos dos prédios danificados pelo estacionamento, como os outros eleitores todos. Mas dava muito trabalho, muita chatice e muita perda de tempo, pelo que os cérebros que nos pastoreiam se guiaram unicamente por aquilo que pretendem a todo o custo -sacar mais dinheiro aos cidadãos.
Outra coisa teria resultado se o problema do trânsito e estacionamento tivesse sido antes amplamente debatido e documentado, tanto no executivo como na AM, tendo como objectivo fulcral resolver os problemas dos cidadãos. Tanto os proprietários de automóveis, como os donos dos prédios danificados pelo estacionamento, como os outros eleitores todos. Mas dava muito trabalho, muita chatice e muita perda de tempo, pelo que os cérebros que nos pastoreiam se guiaram unicamente por aquilo que pretendem a todo o custo -sacar mais dinheiro aos cidadãos.
Mas se a Exma. autarquia e os seus Exmos. eleitos acham que assim é que está bem, quem sou eu para discordar? Afinal, até a brilhante comunicação social nabantina, que como sempre nos honrou com a sua elevada qualidade, se limitou até agora a noticiar que os tomarenses divergem e que os locais tarifados ficaram praticamente "vazios". Para não escrever "às moscas", pois com o frio e não só, até elas já emigraram, mas à agora relativa minoria não convém que se saiba.
Publicado via android
anfrarebelo@gmail.com
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