Ambiente de cortar à faca na Platex? Parece que sim, de acordo com uma notícia de Tomar na rede. Será razoável tal situação, numa zona em forte crise e com acentuado desemprego? E quais serão as razões? Os patrões são uns monstros, que só pensam em explorar os trabalhadores? Os operários são todos uns santinhos, que se matam a trabalhar por salários de miséria? Não há condições mínimas de higiene? O que levou os gestores a deixarem de assegurar a guarda das viaturas dos trabalhadores durante a noite? Há rescisões abaixo do legalmente estipulado? Só agora é que os empregados repararam que as coberturas são em amianto?
Segundo o informador na origem da notícia, houve instalação de câmaras de vigilância. Para evitar que os operários trabalham demasiado? Apenas porque os gestores são sádicos? Aquele comentário ameaçador no Tomar na rede, naturalmente anónimo, pretende o quê? Sentar as partes desavindas à mesma mesa, para negociar?
Refere também a notícia que foram instalados novos portões e que, durante a noite, a chave distribuída a cada trabalhador apenas permite o acesso pedonal. Só para irritar o pessoal? Ou será que algumas placas produzidas tinham o hábito lamentável de ir dar uma volta motorizada para fora da fábrica, justamente no período nocturno?
Ambiente de cortar à faca, delegados sindicais afastados aquando da reestruturação, atmosfera de medo, atitudes menos tolerantes de parte a parte, tudo isto cheira a filme já visto na Fábrica de fiação, na Matrena, em Porto de Cavaleiros, na Fábrica da resina e por aí fora. Acabou como se sabe. Com o encerramento e a supressão definitiva dos respectivos postos de trabalho. Sem quaisquer indemnizações para a maior parte dos trabalhadores assim atirados para o desemprego. É isso que querem conseguir na IFM - Platex? O regresso à incerteza de 2009?
Não, de modo nenhum? Então o melhor, penso eu, será mudar de atitude, enquanto é tempo. Porque nem patrões nem empregados têm nada a ganhar com o actual estado de coisas. Nem com denúncias anónimas. Segundo reza a sabedoria popular, "Não é com vinagre que se apanham moscas". Assim sendo, como poderão os políticos locais atrair investidores, como forma de aumentar postos de trabalho, se há trabalhadores que visivelmente tentam arruinar uma das raras empresas industriais que ainda resistem em Tomar? Por falar em políticos locais: Não seria oportuno que a autarquia tentasse uma mediação entre as partes manifestamente desavindas?
A sete horas e meia de avião de Lisboa, impressionado com o carácter inesperado da notícia, pode muito bem dar-se o caso de eu estar a ver mal o problema. De não entender cabalmente a situação. Se tal for o caso, agradeço desde já todos os esclarecimentos possíveis. E prometo publicá-los aqui, desde que cabalmente identificados, podendo mesmo vir a ocultar essa identificação, se tal se vier a justificar. Vamos a isso?
anfrarebelo@gmail.com
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