quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Informação que mete água

 Leitor amigo alertou-me para uma notícia que está na origem do título desta peça. Realmente, estou cada vez mais encantado com alguma informação local. Sobretudo com esta, que nitidamente mete água, no duplo sentido da expressão. O leitor fará o favor de julgar aqui. Resumindo: "Tarifário dos SMAS não sofre aumentos em 2017. Há no entanto duas alterações na factura do próximo ano... ...e a criação de uma taxa mensal de 30 euros, para grandes consumidores/proprietários de captações de água, no que concerne à recolha de resíduos sólidos."

Duas observações me parecem pertinentes a este propósito. A primeira, quanto à redacção da notícia, que me levou a recordar a frase muito usada pelos que, como eu, combateram no ultramar, por uma causa perdida de antemão, por razões políticas. Essa frase é mais ou menos esta: "Nunca matei ninguém, excepto na guerra em África." Assim estamos agora, com o preçário dos SMAS para 2017. Não sofre aumentos. Excepto para os que começam a pagar mais 30 euros mensais, quer queiram, quer não. Que seja custo da água consumida, ou taxa municipal, para quem paga vai dar ao mesmo. O que me leva à segunda observação.

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Foto manholemiscellany.blogspot.com

Salta à vista que a nova taxa agora aprovada tem por único fim ir ao bolso daqueles empresários ou particulares, que a dada altura,  agastados com os preços nada moderados, praticados pelos SMAS-Tomar graças ao regime de monopólio, resolveram auto-abastecer-se, mediante captação própria. O que os isenta de pagar água quase ao preço do vinho a granel e, parcialmente, das taxas obrigatórias, agregadas a cada factura. Trata-se portanto de uma espécie de retaliação do tipo "Têm andado a fugir aos nossos preços?! Pois agora tomem lá, que é para aprenderem a ter juizo e a portarem-se com urbanidade." 
E daí ?!, interrogarão aqueles leitores com mentalidade de funcionário público, com carreira vitalícia assegurada, sentado e sem mais preocupações. E daí, julgo eu, pode muito bem vir a ocorrer de novo aquilo que aconteceu há anos atrás, quando pelo menos uma bem conhecida empresa tomarense decidiu mudar as suas oficinas (e os inerentes postos de trabalho) para Torres Novas, por considerar abusiva a nova taxa de esgoto a que fora sujeita. Essa empresa continua com as suas oficinas em Torres Novas, como bem sabem os seus clientes de Tomar, obrigados a fazer a viagem, para as revisões obrigatórias, por exemplo.
Como em tudo, nesta matéria de taxas e outras obrigações ficais, há que agir sempre com extrema prudência. Quando assim não acontece, esperam-se mais ovos e afinal enxotam-se as galinhas poedeiras. Sobretudo quando, como é o caso, os serviços em causa são tutelados pela CDU, que não é propriamente a formação partidária preferida dos empresários e investidores. Sem os quais, contudo, não pode haver criação de postos de trabalho criadores de mais valia. E Tomar não está propriamente a crescer em termos populacionais, conforme aqui se tem demonstrado, com dados oficiais incontroversos. Essa é que é essa!

anfrarebelo@gmail.com

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