sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Tomar cidade de prodígios?

Um opinador caprichoso, pelos jeitos adepto do achismo, resolveu achar só agora que Tomar se está transformando numa cidade de prodígios. Com o natural respeito, parece-me um problema de hipermetropia (dificuldade para ver coisas próximas). Na verdade, há muito que a nossa querida cidade-aldeia alberga mais prodígios que qualquer outra no país. Excluindo naturalmente as grandes, que só devemos comparar o comparável. Há dúvidas a respeito?
Passo a desfiar o rol, que não é nada pequeno. O Convento de Cristo tem 8 claustros. Conhece algum outro que tenha tantos ou mais ? A célebre janela do mesmo conjunto monumental não dá para o exterior da construção, mas sim para o seu interior, o que muito desilude milhares de visitantes, que bem gostariam de poupar os 6 euritos da entrada. Conhece outro caso semelhante? O concelho alberga quatro bandas de música (Nabantina, Gualdim Pais, Paialvo e Pedreira). Indique outro com tal riqueza. Há na cidade duas rádios locais, dois semanários e um quinzenário. Mesmo assim, muitos tomarenses consideram-se mal informados. Mencione outra cidade pequena onde tal ocorra.
No domínio do desporto, só na cidade temos três clubes importantes (União, Sporting e Ginásio), mais não sei quantas agremiações desportivas mais modestas. Onde encontrar tal proliferação longe do concelho de Tomar?
Poderia continuar. Ir nomeadamente até ao perfil do Gualdim. Ou, melhor ainda, até ao único estádio da Península Ibérica transformado em campo de treinos, por mais do dobro do custo inicial do estádio, a preços constantes! Não o farei, para não enfastiar.
Na verdade, só mencionei tais prodígios para melhor destacar um facto recente que, tendo passado algo despercebido, me parece bem importante para o futuro de todos nós. Refiro-me à notícia sobre uma alegada sondagem, para ajudar na escolha do cabeça de lista PSD, publicada n'O Templário da semana passada.


Oito dias depois, sem que entretanto alguma outra fonte tenha confirmado ou desmentido a realização da mencionada sondagem, o mesmo semanário resolveu, muito acertadamente a meu ver, questionar os cinco alegados candidatos a candidatos, aos quais endereçou três perguntas bem simples: 1- Quer comentar a sondagem? 2 -  Concorda com todos os nomes mencionados? Será a sondagem a melhor maneira de escolher um cabeça de lista? (A redacção das perguntas não era exactamente esta, mas o conteúdo sim.)
João Tenreiro foi igual a si próprio. Medularmente  educado e respeitador. Não comenta nesta fase. O PSD está preocupado nesta fase com a oposição ao desgoverno PS/CDU. (Tem-se notado!). O PSD apresentará candidatos para ganhar, dentro dos prazos definidos pelo conselho nacional.
António Lourenço dos Santos foi também fiel aos seus princípios. Respondeu à americana, mas não à Trump, que diz tudo e o oposto: "Não comento".
Luís Boavida foi o mais detalhado. Achou que o deviam ter contactado previamente. Negou-se a fazer qualquer comentário sobre os outros nomes. Referiu haver partidos que recorrem a primárias para definir escolhas, o que lhe parece sinal de democraticidade. Concluiu avançando que, a haver sondagem, o resultado da mesma não terá qualquer influência no seu futuro. Político, deduzo eu.
José Delgado agradeceu as perguntas, às quais considerou não ser oportuno responder, em virtude de o processo estar a decorrer, remetendo-se à tranquilidade que a situação impõe.
A fechar, Lurdes Fernandes foi sucinta, mas bem clara. Disse que desconhecia totalmente tal matéria, pois soube só pelo jornal, abstendo-se por isso de emitir qualquer comentário.
Após o que, a interrogação surge naturalmente: Tomar está a tornar-se numa cidade de prodígios? Ou já é há muito uma cidade prodigiosa, centro de um concelho prodigioso, com gente geralmente prodigiosa?
Aceitam-se opiniões, desde que não sejam anónimas. Porque os anónimos não votam. Embora o voto se torne  depois  anónimo.

anfrarebelo@gmail.com

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