Percentagem gasta com pessoal em relação ao orçamento global de cada câmara
(Não inclui serviços municipalizados, nem empresas municipais)
Concelho Situação em 2005 Situação em 2016
1 - Mourão................................43,1% - PS...........................................55,4% - PS
2 - Montijo................................43,0% - PS...........................................51,7% - PS
3 - Barrancos............................43,0% - CDU........................................51,4% - CDU
4 - Alvito..................................48,2% - I..............................................50,5% - CDU
5 - Alcochete............................49,8% - CDU........................................48,5% - CDU
6 - Grândola.............................37,8% - PS............................................47,5% - CDU
7 - Alpiarça..............................38,9% - PS............................................47,0% - CDU
8 - F. do Alentejo.................... 38,7% - PS............................................46,1% - PS
9 - Redondo.............................38,7% - I...............................................45,5% - I
10 - Moita do Ribatejo...............45,4% - CDU.........................................45,0% - CDU
11 - Sardoal................................54,4% - PSD...........................................44,4% - PSD
12 - Alcácer do Sal....................40,8% - PS.............................................44,2% - CDU
13 - Vendas Novas.....................37,5% - CDU..........................................43,7% - PS
14 - Castelo de Vide..................43,2% - PSD..........................................43,7% - PSD
15 - Seixal.................................42,7% - CDU........................................43,4% - CDU
16 - Alter do Chão....................30,2% - PSD..........................................43,0% - PSD
17 - Palmela..............................41,7% - CDU.........................................43,0% - CDU
18 - Terras de Bouro.................23,5% - PSD..........................................42,8% - PS
19 - Tarouca..............................26,4% - PS.............................................42,8% - PSD
20 - Monforte............................43,7% - CDU..........................................42,6% - CDU
21 - Avis....................................41,2% - CDU.........................................42,4% - CDU
22 - S. Pedro do Sul..................39,1% - PSD...........................................41,9% - PS
23 - Évora.................................31,6% - PS..............................................4-1,9% -CDU
24 - Borba.................................35,7% - PS..............................................41,6% - I
25 - Santiago do Cacém...........39,8% - CDU...........................................41,6% - CDU
26 - Funchal.............................34,0% - PSD............................................41,5% - PS/BE/MPT...
27 - Sesimbra...........................40,3% - CDU...........................................41,4% - CDU
28 - Portel................................40,9% - PS................................................41,1% - PS
29 - Resende............................31,4% - PS................................................41,1% - PS
30 - Alenquer...........................23,7% - PS................................................37,7% - PS
31 - Machico............................24,1% - PSD.............................................40,6% - PS
32 - Santa Cruz das Flores.......18,2% - xxx...............................................40,4% - PS
33 - Ourique.............................45,9% - PS................................................40,3% - PS
34 - TOMAR...........................28,9% -PSD..............................................39,9% - PS/CDU
35 - Salvaterra de Magos.........38,5% - BE................................................39.1% - PS
Fonte: Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses - 2015 e resultados eleitorais de 2005, 2013 e 2016. Peço desculpa, mas ainda não aprendi a fazer quadros estatísticos com os dados todos muito bem alinhados.
É um dos grandes problemas do país, da região e desta terra. Há pouco gosto pela leitura. E pelos números, ainda é pior. Depois queixam-se que a crise nunca mais nos larga. Ou somos nós que não conseguimos sair da crise, devido aos nossos péssimos hábitos?
Os dados acima, permitem visualizar a triste situação em que nos encontramos enquanto eleitores e contribuintes tomarenses. A nossa outrora orgulhosa e florescente urbe, integra agora o grupo dos desgraçadinhos. Os municípios que gastam mais de 39% das suas receitas totais para pagar aos funcionários.
São 35 concelhos (apenas 11,36% do total de 308 que conta o país), de importância variável, encabeçados por 4 que gastam mais de metade do que recebem só com vencimentos, não incluindo ainda assim os serviços municipalizados e as empresas municipais, onde existam. Esses 4 municípios em situação mais difícil são, por ordem decrescente da % de gastos com pessoal, Mourão (Alentejo), autarquia PS, 2.275 eleitores inscritos; Montijo (Setúbal), PS, 42.124 eleitores inscritos; Barrancos (Alentejo), CDU, 1.389 eleitores inscritos e Alvito (Alentejo), CDU, 1.935 eleitores inscritos. Exceptuando Montijo, são municípios que, mesmo como freguesias já ganhariam em se agrupar.
Comparando, Tomar encontra-se em 34º lugar, gastando 39,9% para pagar aos seus funcionários, não incluindo os SMAS. Poderá não parecer exagerado, uma autarquia que entrega aos seus funcionários praticamente 40 euros de cada 100 que recebe. A verdade porém é que essa despesa tem vindo a aumentar muito acima da inflação. De tal forma que, em 2005, o município de Tomar gastava com as remunerações certas e permanentes + outros encargos anexos apenas 29,8%. Ou seja, essa despesa aumentou 11 pontos percentuais em apenas dez anos. Por este caminho, onde vamos parar?
Continuando a interpretar o quadro estatístico, parece-me muito significativo que nenhum concelho algarvio faça parte deste grupo de 35, que também integra apenas 4 municípios situados acima do rio Mondego: Terras de Bouro (Braga), PS, 7.527 eleitores; Resende (Viseu), PS, 10.927 eleitores; Tarouca (Viseu), PSD, 7.822 eleitores e S. Pedro do Sul (Viseu), PS, 16.899 eleitores.
Outro dado de relevo, no meu entender, reside na inclusão nesta lista das três sedes das grandes ordens militares portuguesas: Avis (Avis), Cristo (Tomar) e Santiago (Palmela). O que parece indicar que essas outrora opulentas organizações dinamizavam as regiões em que se inseriam, realidade que findou com a sua brusca extinção, em 1834, logo seguida da nacionalização e venda ao desbarato dos respectivos bens fundiários.
Para não alongar demasiado, vou directo ao que mais me preocupa. Neste grupo de 35 municípios, cujo futuro poderá ser tudo menos risonho, a manter-se a tendência verificada até aqui. há apenas dois da nossa igualha, em passado e em prestígio -Évora e Palmela. Todos os outros, ou são demasiado pequenos, ou demasiado recentes, não passando afinal de arrabaldes de cidades maiores. Tal é o caso designadamente do Montijo, a antiga Aldeia Galega, agora um dos dormitórios da capital.
Em termos partidários, este grupo dos financeiramente mais desgraçados integra 14 autarquias PS, 14 autarquias CDU, 3 autarquias PSD e 4 autarquias dirigidas por grupos de independentes.
Temos portanto 28 autarquias do Alentejo (17), Estremadura (5), Ribatejo (6), Madeira (2) e Açores (1) para apenas 4 a norte do Rio Mondego e nenhuma no Algarve. Porque será? Não haverá autarcas a confundir municípios com instituições de acesso ao emprego?
O que quero dizer com tudo isto? Apenas que há eleições lá para Outubro, o que dá tempo para ir pensando na vida. O resto, você já sabe e eu também, pelo que seria condenável perder tempo a enumerar evidências consensuais. Não lhe parece?
Apenas um propósito conclusivo. A velha ideia segundo a qual os contribuintes pagam tudo, já foi. Agora preferem calçar os patins logo que possível, rumando para paragens mais acolhedoras e confortáveis em termos de algibeira. Não é decerto por mero acaso que em Tomar a população concelhia está a diminuir, à média de menos 300 eleitores/ano (aos quais se devem acrescentar os descendentes menores, por isso mesmo ainda não inscritos nos cadernos eleitorais). Enquanto isso, a de Ourém, por exemplo, vai subindo. Conforme reparou certamente, Ourém não está nesta lista dos desgraçados. O que a dispensa de ir carregando nos impostos, assim se tornando mais atractiva. Porque ninguém gosta que lhe vão ao bolso, sobretudo quando se trata de fazer face a evidentes erros de governação. Ou simples favores a amigos.
Actualização
Para confirmar, se necessário fosse, que o Município de Tomar tem excesso de funcionários, mas falta de trabalhadores, basta ler isto.
Actualização
Para confirmar, se necessário fosse, que o Município de Tomar tem excesso de funcionários, mas falta de trabalhadores, basta ler isto.
O setor privado vai fazendo o que pode, mas não é o expectável; a burguesiasinha nacional é frágil, muito dependente, salvo um punhado de capitalistas que investem apenas nos setores tradicionais (distribuição alimentar, plataformas de comunicação, etc.) e o Estado vê-se forçado a segurar as pontas a custo, minimizando as consequências sociais. Aqui e ali pode haver excesso de pessoal no Estado, mas é preciso que ele funcione, que evite aumento desemprego, que de uma maneira ou de outra continuaríamos a pagar. Dêmos tempo ao tempo, as coisas ameaçam melhorar, a crise é, a bem dizer, universal. O nosso problema não é, de modo nenhum, pessoal a mais nesta ou naquela autarquia. A Geringonça vai desbravando um novo caminho. Veremos se com êxito. A Democracia portuguesa é mais resiliente do que supúnhamos, há uma nova geração brilhante, dispomos de enormes avanços na ciência e novas tecnologias, estão em gestão novas e avançadas elites que hão de dar a volta a isto. Para melhor. Não está fácil a vida para os políticos. É preciso mais diálogo, concertação, otimismo e esperança. Portugal vai sair-se bem nos próximos 10 anos.
ResponderEliminarDigo eu, que não sou cândido.
Escrevi "gestão" em vez de gestação. Julgo que assim fica melhor...
ResponderEliminarSei bem que não és cândido, porém por vezes pareces. Todos temos as nossas falhas. O que me apoquenta nesta questão da % de receitas que vai para vencimentos é justamente não ver qualquer saída, salvo poupar e isso é = a reduzir.
ResponderEliminarDetalhando um pouco mais, destes 35 municípios praticamente com a corda ao pescoço, só 9 têm mais de 40 mil habitantes: Seixal, Funchal, Moita, Palmela, Évora, Montijo, Sesimbra Alenquer e Tomar, por esta ordem decrescente. Pois bem, se excluirmos os dormitórios de Lisboa e de Setúbal, ficam apenas três pobres cidades. Antigas mas em acentuada decadência, que não se vê como reverter: Funchal, Évora e Tomar. Nestas condições, como repetiria o outro se fosse vivo -Que fazer?
É esse o nosso problema, como tomarenses de alma tomarense. Julgo eu...
Esqueci-me de abordar a questão da geringonça no comentário anterior. Compreendo o teu optimismo. Temos de nos agarrar a algo, para não desesperar. Infelizmente, parece-me a coisa não irá longe, porque não é aumentando a despesa pública, na expectativa de melhorar o crescimento económico, que vamos ultrapassar o nó górdio: como pagar atempadamente a dívida, se o nosso ministério mais gastador já é dos juros da dívida? O Costa está todo contente com o défice previsto de 2,7% do PIB? Faz mal, porque défice é = a aumento da dívida. Não há volta a dar. Até Tsipras já percebeu isso.
ResponderEliminarPode agradar muito ao PS, ao PC e ao BE o retorno às 35 horas. Mas é uma atitude ridícula para quem sabe que em França estão fazendo exactamente o oposto. Todos os candidatos já anunciaram que vão aumentar o horário semanal de trabalho até às 48 horas, naturalmente mediante acordos prévios com os trabalhadores. Os franceses são parvos? Ou estão só a treinar?