sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Carta a um candidato conterrâneo

Senhor Doutor:

Desejo-lhe saúde, alegria e boa sorte na sua futura campanha eleitoral.
Li pausadamente, como sempre procuro fazer, a sua entrevista publicada n'O Templário desta semana. Apesar da frase "Não sou daqueles que só dizem está mal", que considero infeliz, porque o mostra como formatado à tomarense, o que é igual a cidadão conformado, animou-me a sua evidente modéstia, ao limitar-se a dar a entender que tem uma carreira académica como docente doutorado. Não simples licenciado, ostentando o DR. Doutor com as letras todas. Daqueles que, após a licenciatura,  a tese de mestrado e mais uns anitos de investigação, apresentaram e defenderam uma tese de doutoramento, num estabelecimento idóneo, credenciado para o efeito. Sei do que falo porque também assim procedi.
Não obstante a sua conformidade aos costumes nabantinos, lá foi dizendo que em Tomar "Alguma coisa está mal. Não se facilita a vida a quem quer investir... ...tenho conhecimento que há projectos há 17 anos à espera de aprovação."
Teve até a coragem cidadã de acrescentar que "Os concelhos à nossa volta são mais atractivos, o turismo tomarense não cresce de forma planeada e sustentável...  a área cultural e do turismo tem de ser a chave de desenvolvimento do concelho."
Concordo e aplaudo tudo isso. Sobretudo a chave do desenvolvimento que o senhor propõe para o concelho. Outro tanto não posso dizer, pelo menos por enquanto, àcerca desta sua afirmação, que me deixou intrigado: "Temos o Fórum Romano no centro da cidade, num estado de absoluto abandono... É triste".



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Foto Tomar a dianteira

Em relação a esse assunto, para não alongar demasiado,  peço licença para formular as seguintes questões: 1 - O senhor, que é um arqueólogo credenciado, está seguro, tem a certeza, que aquilo a que se refere, (ver fotos) é mesmo o que resta de um antigo fórum romano? Para além das muito difundidas, porém fortemente contestadas, (como decerto não ignora), elucubrações de Salete da Ponte e das fontes por ela referidas a título credenciário, que afinal não passam, regra geral, de citações do tipo "pescada de rabo na boca" ou "toma lá, dá cá, toma lá, dá cá", o senhor poderia indicar-me  outras fontes insuspeitas, ou espólio das escavações ali efectuadas, susceptíveis de fundamentar a sua afirmação, segundo a qual o que existe nas traseiras do quartel dos bombeiros de Tomar são mesmo as ruínas de um fórum romano? Não serão antes vestígios das fundações de uma das duas igrejas (S. Pedro Fins e Santa Maria de Selho), provadamente existentes naquela zona, pelo menos até ao século XVIII?

Cordialmente,

António Rebelo
anfrarebelo@gmail.com

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