quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Os tempos mudaram e continuam mudando

Político por natureza e com vasta experiência, Luís Ferreira tenta regressar aos comandos do PS local, devagarinho, conforme aqui previ em tempo oportuno. Apesar de ter sido explicitamente escorraçado pelos seus discípulos políticos. Porque tenho por ele consideração e estima, infelizmente nem sempre correspondidas, sinto ser meu dever de cidadania preveni-lo que essa sua tentativa só pode redundar em fracasso. Caso não consiga os seus intentos, o PS Tomar perde, é verdade. Todavia, caso consiga um regresso feliz à sua casa de sempre, a derrota socialista será ainda mais pesada. Por duas razões de fundo: 1 - Os eleitores tomarenses estão fartos dele e das novelas tipo mexicano; 2 - Os tempos mudaram e continuam a mudando, mesmo se em Tomar que, bem vistas as coisas não passa de uma mera aldeia pequena à escala europeia, tudo parece continuar na mesma. Resta ao ex-companheiro da presidente apenas uma nesga de oportunidade: Caso o PSD venha a escolher Boavida como seu cabeça de lista, Anabela terá alguma hipótese de triunfar, pois nesse caso os tomarenses terão de escolher entre funcionária e funcionário, entre boné branco e branco boné em termos de mentalidade. E desde o 25 de Abril que em Tomar só venceram eleições o PSD (isolado ou em AD) e o PS. Não há porque acalentar ilusões.
A esse propósito, gostaria de lembrar a frase bombástica que há algum tempo ficou nos ouvidos do eleitorado nabantino: "as duas pessoas melhor preparadas...sou eu e o Luís Boavida". Na altura ninguém percebeu. Ficaram até baralhados com a aparente contradição de Ferreira -louvar alguém que antes fora para a "unidade de queimados". E no entanto é claro como a água. Vendo longe e nunca dando ponto sem nó, o agora ex-ordenador do PS Tomar estava apenas a apontar o candidato adversário que mais convém a Anabela Freitas.
Olhe-se um pouco para o panorama político, por essa Europa fora. Em Itália, em França ou Espanha, por exemplo, o quadro partidário é agora totalmente diferente de há dez anos atrás. Só em Portugal, e portanto em Tomar, é que continuamos como dantes. Agora sem quartel general, como em Abrantes. É por conseguinte natural que políticos habilidosos, como Ferreira, sejam levados a supor que tudo continua na mesma, tendo mudado apenas qualquer coisinha. Puro engano.




Quando, por exemplo, o ex-chefe de gabinete vem louvar a gestão socialista em Tomar, tendo até o cuidado de precisar percentagens de cumprimento das promessas eleitorais, antes e após a sua forçada saída, sem disso se dar conta, está a apontar para muito longe do alvo. Porque, no meu entendimento, as pessoas querem lá saber de promessas, de percentagens ou de sucessos imaginários. O que lhes interessa é a situação económica, o acesso à saúde, o emprego e sobretudo o dinheiro no bolso. Res non verba,  diziam os romanos. Actos. Chega de palavras.
Sucede que em Tomar, desgraçadamente, a coisa começou logo mal em 2013 porquanto, vendo bem, nem foi o PS que ganhou. Foi o PSD que perdeu, por ter resolvido  apostar num cavalo queimado por sucessivas corridas...que correram mal. Donde resultaram ilusões para os eleitos rosa e para alguns eleitores. Ilusões essas que agora os tomarenses estão a pagar bem caras. 
A menos de um ano da próxima consulta eleitoral, após sucessivas e lamentáveis trapalhadas, Tomar está melhor? É claro que não. Ao contrário do que escreve Ferreira, a Levada continua por resolver, na câmara continuam a mandar determinados funcionários, a triste mentalidade dos sentados continua a imperar, a economia local continua empanada e a população continua a dar à sola, em busca de meios de vida. Perante isto, na minha opinião, urge encontrar soluções novas, realistas e eficazes. Mas quê?! Enquanto em Espanha, França ou Itália, o espectro partidário se alterou completamente na última década, em Portugal e em Tomar o que mudou? Que ideias inovadoras surgiram? Que novas formações políticas apareceram? O BE? Os IpT? Não me façam rir por favor, que o caso é sério. Como a seu tempo, para desgraça nossa, se verá mais detalhadamente.

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