segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Análise comparativa de resultados


Dependendo a respectiva percentagem do continente, do país e do local de residência, a ignorância é das coisas mais disseminadas na sociedade. Regra geral, em política, os ignorantes pertencem a três grandes grupos: Os que não vêem porque não querem, os que não vêem porque não podem e os que não vêem porque não sabem. Este texto destina-se apenas aos que não vêem porque não sabem e querem ir aprendendo qualquer coisinha pela leitura atenta.  Os outros que se amanhem.
Começo com um pequeno conjunto de resultados eleitorais concelhios, que qualquer um pode consultar nos locais próprios:

Eleições autárquicas
Concelho de Tomar
Câmara municipal

Formações concorrentes...........PSD.........PS.........IpT........CDS........CDU.......MPT....... .BE
Data das eleições 
2005.........................................9.995......4.236.....4.948.......767.........1.446.........---..........672

2009........................................7.959.......4.756.....4.552.....1.210........1.667.........---..........829

2013........................................5.198.......5.479.....3.094........560........1.827......1.369........585

A partir destes números, que são oficiais e portanto não sujeitos a contestação, cada leitor poderá ver o que mais lhe aprouver, designadamente naquela óptica do copo meio cheio ou meio vazio. Mas as coisas são o que são. Assim, objectivamente, as minhas conclusões são as seguintes:
A - Em 8 anos, o PSD perdeu quase cinco mil eleitores (4,797, mais precisamente), mas esse autêntico exército não se transferiu para o PS, que apenas recuperou nesse mesmo período 1.243 votos, nem para os IpT, que até perderam 1.854 votos nesses precisos 8 anos.
B - Tendo em conta o que antecede, a pergunta que se impõe é esta: Para onde foram então esses votos social-democratas e IpT, num total de 6.651? Os números mostram que os beneficiados foram apenas, além dos socialistas, a CDU, com cerca de 400 e sobretudo o MPT, em 2013, com 1.369 votos. Os restantes terão ido para a abstenção, para os nulos ou para os votos em branco. Situação nada comum em democracia plena. A demonstrar que falta algo em Tomar.
C - Uma vez que nem mesmo com o PSD em acentuada queda e o PS em muito lenta recuperação, os IpT  conseguiram em 8 anos capitalizar tal descontentamento, continuando pelo contrário a perder votos, não se vislumbra qual a sua real utilidade no panorama político concelhio. A menos que entretanto procedam a alterações corajosas e dolorosas. 
D - A CDU tem vindo a subir muito lentamente (381 votos em 8 anos), mas ainda não conseguiu voltar aos resultados do tempo do Rosa Dias, apesar do indiscutível prestígio de Bruno Graça. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
E - Tanto o CDS como o BE confirmam no concelho de Tomar aquilo que usualmente se diz deles a nível nacional e mesmo europeu, que os extremos se tocam. Na verdade, ambas as formações têm obtido resultados modestos e oscilantes, do tipo acordeão ou sobe e desce. A mostrar a sua evidente inadaptação às circunstâncias locais, dado que em 2013 o até aí desconhecido MPT não teve qualquer dificuldade em ultrapassá-las em todas as freguesias.
F - Quanto ao MPT, o magnífico resultado conseguido em 2013, por um candidato extremamente jovem, veio demonstrar, em conjunto com o aumento dos votos em branco e nulos, que apesar de em geral avessos à mudança, os eleitores tomarenses anseiam afinal poder votar em algo de novo, de diferente, mas também e sobretudo adequado e seguro.
G - É isto. Os habituais três clientes do poder, PS, PSD e IpT que se cuidem. O PS porque ganhou, em 2013, sem saber bem como, mas as coisas não lhe têm corrido nada de feição, no meu entender exactamente por causa dessa vitória inesperada. O que leva inevitavelmente a que uma eventual reeleição de Anabela Freitas seja por agora do domínio do milagre. Salvo se entretanto o PSD insistir em enfiar os pés pelas mãos, confundido bexigas de porco com lampiões eléctricos.
H - Os outros dois, PSD e IpT porque mostram já algumas dificuldades para conseguir algo urgente e essencial: arranjar maneira de estancar a hemorragia de votantes. O hemostático mais eficaz seria naturalmente uma coligação pré-eleitoral entre eles, associada a um programa encorpado e coerente. Mas isso é bem capaz de ser excessivamente complicado. A menos que consigam consenso sobre um candidato agregador, exterior e acima de qualquer suspeita. O que não é nada fácil. Mas às vezes...
Em qualquer caso, convirá que todos interiorizem em tempo útil esta verdade elementar: A fase das facilidades, em que bastava praticamente debitar promessas e outras balelas, já foi.

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