sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Falharam todos. Cinco anos depois a vergonha continua

Parece que houve gente agastada com o meu escrito sobre a bolsa de estacionamento. Não  percebo porquê. Trata-se afinal de mera transcrição de factos reais, tal como ocorreram. Factos esses que evidenciam um determinado padrão comportamental, que pode ser designado por política à tomarense. Para que não restem dúvidas sobre tal matéria, passo a escrever sobre outro exemplo dessa mesma política à tomarense.
No caso das obras de acesso ao Convento e dos respectivos parques de estacionamento, financiadas por fundos europeus, a ganância e a pressa cegaram toda a gente. Todos falharam. Falharam os projectistas, que cometeram erros monumentais, como por exemplo aquele que provocou a destruição de parte importante do alambor templário, com oito séculos de existência.  Falhou o então presidente da câmara, António Paiva, que apesar de engenheiro civil não se deu conta em tempo oportuno de alguns erros crassos na sua área profissional. Falhou a oposição, que se manteve sempre muda e queda sobre tal assunto, como de resto é usual. Falhou a fiscalização, que sempre se absteve de assinalar o que manifestamente estava mal. Falhou a Assembleia Municipal, que nunca debateu o assunto. Falhou a informação local, que informou pouco e mal. Falhou a população, que se acomodou, como também é costume. 
Falhou a actual câmara PS/CDU, falhou a actual oposição, continuam a falhar a Assembleia Municipal, a informação local e a população. Continuam a falhar porque, terminadas as obras da estrada do convento, concluiu-se que a nova largura da via não permite o cruzamento de dois autocarros, ao contrário do que era possível anteriormente. (Olhando bem para a foto percebe-se porquê).  Vai daí, os despachados autarcas do mandato anterior, decerto coadjuvados pelos excelentes técnicos superiores da autarquia, arranjaram uma solução expedita. Já que os autocarros não se podem cruzar, passam a circular num só sentido. Sobem, mas estão proibidos de descer. Os comerciantes do Centro Histórico que se lixem. Se é que os senhores implicados pensaram em tal aspecto...
Há cinco anos que assim é. Há cinco anos que os comerciantes do Centro histórico se acomodam ou protestam em surdina. Há cinco anos que o executivo nada diz sobre o assunto. Há cinco anos que a oposição mantém o usual silêncio cúmplice. Há cinco anos que a Assembleia Municipal faz de conta. Há cinco anos que a informação local nada publica sobre tal matéria.


Temos assim que, cinco anos volvidos, continua a não existir qualquer projecto ou sequer intenção de emendar o erro cometido, de forma a tornar de novo possível a circulação de autocarros nos dois sentidos. Como é normal em qualquer outra parte do país, tratando-se de uma estrada nacional. E perante tal vergonha, todos se calam. A começar pela oposição, cuja utilidade não se vislumbra. 
Pior ainda. Enquanto não houver recursos para reparar o erro crasso cometido, há uma solução rápida e barata. Basta inverter o sentido autorizado para os autocarros. Proibir a subida e autorizar a descida, o que os obrigará praticamente a parar no centro histórico, uma vez feita  a visita ao Convento. Estão à espera de quê? Basta mudar a sinalização senhores! Ou acham que não vale a pena, uma vez que os comerciantes estão sossegados?
Realmente, aqui em Tomar, é como bem diz o povo: Deus nosso senhor, quando faz panelas, também faz sempre as tampas para elas. Em termos mais simples, estão muito bem uns para os outros. Eu é que sou um chato! Mas então, se está assim a modos que tudo bem, porque é que todos se queixam em privado? Tal como no caso da bolsa de estacionamento, sou eu o culpado? Estarão à espera que a realidade se venha a adaptar, em vez do inverso? Ou estão a tentar fazer como no tempo do Império romano, quando matavam o mensageiro se a mensagem não agradava?
Em Tomar, minha amada terra, praticamente já nada me admira. 

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