domingo, 6 de novembro de 2016

Vai andar por aí o Orçamento Participativo de Portugal




Mário Cobra

“Arranca a campanha nacional de promoção do primeiro Orçamento Participativo de Portugal. Um autocarro e vários membros do Governo a bordo vão percorrer algumas regiões do país para convencer os portugueses a apresentarem propostas e a decidirem em quais delas serão aplicados três milhões de euros” (Jornal de notícias)

Governo amigo, estamos contigo. Agradeço desde já a possibilidade do povoléu poder participar no projecto que, assim parece óbvio, se destina a contemplar, diz-se a dar voz, aos que vivem mais distantes do centro de gravidade das decisões. Mormente da Assembleia da República, onde são cozinhadas as linhas orientadoras das nossas despesas, receitas, impostos, pensões e dores de cabeça.
Daí que, a exemplo do novo programa da RTP, “A minha mãe cozinha melhor  que a tua” (teria mais audiência se fosse o tal Cozinho para o povo), o Orçamento Participativo de Portugal podia financiar um programa na RTP com o título “O meu partido cozinha melhor o Orçamento que o teu”.
 
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Proponho ainda, dado que as juntas de freguesia já promovem os passeios de idosos, e não podemos esboroar sempre no mesmo osso, que o Orçamento Participativo de Portugal subsidie visitas de estudo de autocarro, das nossas berças até Lisboa. Para  que o povoléu possa enfim visitar as sedes de instituições bancárias onde, dizem as notícias, são revertidos milhões e milhões de verbas dos contribuintes, assim como uma visita à Assembleia da República, onde os nossos eleitos deputados, devidamente despertos, nos recebam e assim lhes possamos agradecer, do fundo do coração, por tanto se desunharem na aprovação das leis que melhor servem os nossos desígnios.
O passeio deve incluir igualmente um almoço, num desses restaurantes dados ao fino, onde o povoléu nunca enche a mula porque é aquela conta, a fim de ficarmos a conhecer os locais frequentados pelos políticos, onde à mesa são mofadas as mirabolantes peripécias do país. A manter as tradições, o jantar de febras pode ser servido numa qualquer arrecadação, seguindo-se uma revista à portuguesa, onde nos possamos escangalhar a rir com piadas do género:
- Sabes que vai andar por aí um autocarro a promover o Orçamento Participativo de Portugal?
- “Atão” e o autocarro tem revisor?
- “Nã” havia de ter?! Vai ter sim senhor. Um revisor oficial de contas. Porque nunca se sabe!   


                

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