Amanhã há eleições primárias em França. Os partidos do centro direita escolhem o seu candidato comum à presidência da República num escrutínio aberto a todos os eleitores, para evitar golpadas caseiras. É a primeira volta e as sondagens prevêem uma afluência às urnas da ordem dos 4 milhões, a 2 euros cada um. Uma semana depois terá lugar a segunda volta, nos mesmos moldes. Há sete pré-candidatos, entre os quais dois antigos primeiros-ministros e o ex-presidente da República Nicolas Sarkozy, que pretende recandidatar-se. Um dos pré-candidados, Alain Jupé, além de ex-primeiro-ministro é presidente da câmara de Bordéus, uma das grandes cidades francesas.
Ex-presidente, ex-primeiro ministro ou mesmo presidente de uma grande câmara, ninguém escapa em França ao sufrágio prévio, excepto a extrema-direita de Marine Le Pen. Nos próximos meses será a vez dos socialistas, com o actual presidente de República, François Hollande, a ter de se pré-candidatar também, caso deseje voltar a concorrer.
Ou seja, mesmo com sobejas provas dadas e larga experiência política acumulada, além-Pirinéus a primeira palavra é sempre dos eleitores, que votam previamente para escolher o ou os candidatos em quem tencionam votar depois. E ninguém escapa à regra comum. Nem mesmo o presidente da República em exercício de funções. É assim a legalidade republicana, dizem.
Aqui em Portugal, pelos jeitos, a legalidade republicana é diferente, para bem pior. Na nossa terra, uma senhora respeitável, que só foi candidata porque o seu na altura companheiro e dirigente partidário assim o decidiu, acabou vencendo, com 5.479 votos, apenas mais 281 que o seu adversário, queimado por mais de uma década de poder, num universo eleitoral de 38 mil eleitores inscritos. O mandato não lhe tem corrido nada bem. O resto também não. De tal forma que, nesta altura, mesmo coligada com a CDU, não consegue dispôr de maioria absoluta, em virtude da dissidência ainda por explicar do seu ex-vice-presidente.
Palácio do Eliseu, residência oficial do Presidente da República Francesa
Aqui em Portugal, pelos jeitos, a legalidade republicana é diferente, para bem pior. Na nossa terra, uma senhora respeitável, que só foi candidata porque o seu na altura companheiro e dirigente partidário assim o decidiu, acabou vencendo, com 5.479 votos, apenas mais 281 que o seu adversário, queimado por mais de uma década de poder, num universo eleitoral de 38 mil eleitores inscritos. O mandato não lhe tem corrido nada bem. O resto também não. De tal forma que, nesta altura, mesmo coligada com a CDU, não consegue dispôr de maioria absoluta, em virtude da dissidência ainda por explicar do seu ex-vice-presidente.
Pois apesar destas condições tão lamentáveis, Anabela Freitas resolveu recandidatar-se. Ela lá sabe porquê e para quê. Duvido porém que mais alguém, além dela, seja capaz de explicar e fundamentar a sua decisão. Se vivêssemos num país do norte da Europa, naturalmente que a situação nem se colocaria. A senhora teria de submeter-se primeiro a uma eleição primária aberta e se não vencesse, adeus cabeça de lista.
Sucede que estamos em Portugal, onde desde há 42 anos somos tratados pelos partidos todos como simples criancinhas. Escolhem os candidatos conforme calha, elaboram as listas e depois dizem-nos em quem votar. Sem nos perguntar antes se concordamos. Como se fazia, em tempos idos e de boa memória, com as ditas criancinhas: Comes a sopinha toda, depois brincas um bocadinho e depois vais fazer óó. Neste caso, Vota na candidata Anabela que nós tratamos do resto.
Não espanta por isso que o PS tenha aceitado a recandidatura precipitada de Anabela Freitas, posto que se integra na norma paternalista do partido, segundo a qual "Quem é presidente de câmara, deve recandidatar-se." Assim. Sem sequer ter em conta o respectivo desempenho anterior.
E depois ainda há quem diga que António Costa e Carlos César são homens muito inteligentes. Serão, mas não parece. Aqui em Tomar, por exemplo, caso o PSD não se espalhe ao comprido, o PS vai ter um funeral político tão triste que não haverá flores nem música. Apesar de contar entre os seus militantes e eleitos com pelo menos dois músicos e uma florista. Além de conhecidos militantes que gostam demasiado de fazer flores...
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