Sei bem que os leitores terão entendido perfeitamente todo o conteúdo da notícia anterior. Não estou todavia tão seguro que dessa leitura tenham extraído algumas conclusões e formulado algumas perguntas, que considero importantes para o futuro da nossa amada Tomar.
A primeira conclusão a retirar é que os conselheiros de Paris, membros eleitos do órgão deliberativo da capital, debateram energicamente a transferência para empresas privadas da gestão do estacionamento nas ruas e praças de Paris, até agora gerido pela câmara municipal, mas ficaram-se por aí. Não abordaram questões secundárias, como por exemplo os ruas e praças a tarifar, ou as bolsas de estacionamento gratuito. Por uma boa razão: 1 - Exceptuando as zonas pedonais, nas quais só é permitido o trânsito automóvel para urgências, cargas ou descargas e acesso às garagens, tudo o resto é tarifado. 2 - Não há bolsas ou dísticos de estacionamento gratuito para ninguém, excepto casos de manifesta urgência (médico em serviço urgente, em casa de um doente, por exemplo).
Sede da Câmara Municipal de Paris, na Praça da Câmara Municipal (Place de l'Hôtel de Ville). Cada bairro parisiense, num total de 20, tem a sua própria câmara, recebendo directivas da câmara da capital, em conformidade com as leis vigentes.
A segunda conclusão é que 155 conselheiros de Paris, de um total de 163, bastaram para aprovar uma deliberação sobre 140.000 lugares de estacionamento. Na mesma proporção, admitindo com muita generosidade que nas ruas e praças tomarenses existam 7 mil lugares de estacionamento, o que corresponderia a 5% da capacidade de Paris, bastariam em Tomar, na mesma ordem de ideias, 5% dos 163 deputados municipais (para usar a pretensiosa linguagem nabantina), ou seja 9 conselheiros, arredondando para cima. Assim sendo, como justificar a composição da nossa triste Assembleia Municipal, com os seus 21 membros eleitos directamente, mais 11 presidentes de junta, por inerência de função, num total de 32? Tendo em conta a manifesta dificuldade de expressão de alguns membros eleitos, mas não só, trata-se da montra concelhia da nossa pobreza intelectual?
A segunda conclusão é que 155 conselheiros de Paris, de um total de 163, bastaram para aprovar uma deliberação sobre 140.000 lugares de estacionamento. Na mesma proporção, admitindo com muita generosidade que nas ruas e praças tomarenses existam 7 mil lugares de estacionamento, o que corresponderia a 5% da capacidade de Paris, bastariam em Tomar, na mesma ordem de ideias, 5% dos 163 deputados municipais (para usar a pretensiosa linguagem nabantina), ou seja 9 conselheiros, arredondando para cima. Assim sendo, como justificar a composição da nossa triste Assembleia Municipal, com os seus 21 membros eleitos directamente, mais 11 presidentes de junta, por inerência de função, num total de 32? Tendo em conta a manifesta dificuldade de expressão de alguns membros eleitos, mas não só, trata-se da montra concelhia da nossa pobreza intelectual?
A presidente da Câmara Municipal de Paris (PS), eleita em 2014, cujo mandato termina em 2020.
Uma informação final. Cada conselheiro de Paris recebe 4095 euros mensais. Os vereadores recebem 4808 euros. A presidente da câmara de Paris, a socialista Anne Hidalgo, arrecada mensalmente 8.509 euros, acrescidos de 2.416 euros para despesas de representação.
Dado que Paris é uma grande metrópole, com mais de 4 milhões de habitantes, e os eleitos são poucos, podem ser bem pagos. Exactamente o oposto daquilo que, inexplicavelmente, ocorre em Tomar e noutras terras por este pobre país fora. A nossa tradicional megalomania tem destas coisas.
E depois admiram-se que o Trump tenha ganho e que haja cada vez mais Trumps neste país e por essa Europa fora. Vêm aí tempos bem difíceis, ó se vêm!
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