Vista aérea das ruínas dos Paços dos condes de Ourém
Evolução demográfica
Um murro no estômago
Foi um autêntico murro no estômago. Tomar aprovou um orçamento 2024 de 51 milhões de euros e Ourém foi mais longe: 66 milhões de euros. É uma diferença enorme, de 15 milhões de euros. Quais as causas de tal despromoção? Como remediar a situação? Há maneira de parar a hemorragia demográfica? Fui procurar. Eis uma parte do que encontrei.
Em 2022, a Câmara de Tomar tinha 604 funcionários, mais 81 que a Câmara de Ourém, que tem todavia mais população: 44.538 habitantes em 2021, contra apenas 36.413 em Tomar. Sempre são menos 8,125 habitantes.
Em 1960, Abrantes era o maior concelho da região, com 51.849 residentes. Ourém vinha a seguir, com 47.511 e só depois Tomar, com 44.161. Quatro décadas depois, a situação demográfica alterara-se completamente. Em 2001, Ourém liderava com 46.216 residentes, seguindo-se Tomar com 43.006 e Abrantes com 42.235.
Chegados a 2011 a situação mantinha-se, porém com menos residentes: Ourém 45.982, Tomar 40.677, Abrantes 39.325. Um pouco diferente a situação dez anos depois, em 2021: Ourém 44.538, Tomar 36.413, Abrantes 34.329. Mas se estes resultados não enganam, tão pouco mostram a realidade toda, e muito menos a sua cabal explicação.
Dois exemplos. Abrantes, que entre 1960 e 2021, passou do primeiro para o último lugar na região em termos demográficos, de 51,869 para 34.329 residentes, é um município governado pelo PS desde o 25 de Abril, com uma única interrupção de quatro anos. A demonstrar que o assistencialismo e a compra disfarçada de votos compensam. quem detém o poder, mas não fixam população. Pelo contrário.
Situação igualmente curiosa é a de Ourém. Governada em alternância PSD/PS, com predominância para os social-democratas, faz agora um figurão com o maior orçamento de sempre na região. 66 milhões de euros, contra apenas 51 em Tomar. É enorme. Com menos funcionários que no vale do Nabão e apenas metade das associações culturais e desportivas registadas em Tomar, têm contudo quatro corporações de bombeiros (Ourém, Fátima, Caxarias, Freixianda), contra apenas uma de bombeiros municipais nas margens do Nabão. Em Ourém impera outra mentalidade, que os de fora tendem a atribuir aos milagres de Fátima, mas que terá mais a ver com os emigrantes de retorno, que aprenderam no estrangeiro com quantas tábuas se faz uma canoa, e só depois começaram a fundar clubes de canoagem. Agora só lhes falta o rio.
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