sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

 


Política local

"Defender a Mata dos sete montes 

é cuidar do pulmão da cidade de Tomar"

"b. Insta a Câmara Municipal de Tomar a enveredar todos os esforços para que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas proceda rapidamente à elaboração de um Plano de Recuperação da atual situação da Mata dos Sete Montes."

O título e o excerto acima são de uma moção, apresentada pela CDU na recente sessão da Assembleia Municipal, que foi aprovada por unanimidade. Há nela um lapso evidente, que convém corrigir. Onde está enveredar, deve ler-se envidar.
Trata-se de um documento importante, com muita força reivindicativa, a partir do momento em que foi votado por unanimidade pela parlamento municipal. Finalmente, ao cabo de vários anos de alertas, as forças política locais começam a interessar-se pelo estado lamentável da Mata dos sete montes, que tende a piorar. Pena é que o excerto acima transcrito seja demasiado frouxo e parcialmente omisso.
Já aqui foi escrito dezenas de vezes, mas repete-se com todo o gosto. Há dois problemas conexos na origem do estado lamentável da antiga Cerca conventual. A - O evidente desinteresse do organismo governamental que gere aquele espaço verde, bem visível no aspecto abandonado da mata. B- A alteração do eco-sistema tradicional, velho de quatro séculos,  provocada pelo corte abusivo da água do aqueduto dos Pegões, que levou à seca generalizada do solo, dos tanques, das nascentes e do ribeiro.
O alegado "fungo do buxo" só foi detectado quando houve reclamação da Câmara, que pretendia "tudo verdinho" para a exposição dos tabuleiros. Houve então pulverização insecticida, paga pela autarquia, seguida de rega abundante com água da rede, que facultou alguma recuperação. Um semestre mais tarde, a situação é a que está à vista, apesar das chuvas de inverno, e que vai muito para além do buxo. 
Há dezenas e dezenas de árvores cuja cor da folhagem tipo persistente tem vindo a mudar, denunciando que estão a secar, e outras que já secaram. Crê-se que ainda ninguém terá parado um bocadinho e colocado a seguinte questão: Admitindo que haja mesmo um fungo predador no jardim da Mata, qual a sua causa? Porque apareceu só há dois anos? Foi identificado em mais algum espaço verde da região? Em qual ou quais? Quando? Qual a respectiva evolução?
Instando apenas a Câmara, a moção da CDU, que agora é também da AM na sua totalidade, está a visar um só alvo, quando são pelo menos dois: os responsáveis pela Mata e os responsáveis pelo Aqueduto dos Pegões. O ICNF e a DGPC, agora Museus e monumentos de Portugal. Bem vistas as coisas, há mesmo quatro alvos evidentes. A Câmara, o ICNF, os Museus e monumentos de Portugal e a Junta de Freguesia de Carregueiros, liderada pela CDU.
Porquê a Junta de Freguesia de Carregueiros? Porque a água que corria no aqueduto foi cortada abusivamente,  a partir da casa da água da Nascente da porta de Ferro, nos Brasões, e o aqueduto foi parcialmente demolido antes da dita nascente, tudo no território sob jurisdição da Junta de Carregueiros, que está legalmente obrigada a proteger o património e defender os bens públicos, como é o caso. Nada de sacudir a água do capote.
Que aos autarcas de Carregueiros não convenha agir, por correrem o risco de perder votos, isso já é outra questão. O que está agora em causa é a moção da CDU/AM, que ao instar apenas a Câmara, omitindo as outras três entidades, está  a contribuir para ir adiando a solução, conquanto não seja de modo algum o que pretende. Além do temor com a eventual perda de votos, o que obsta a que a Junta de Freguesia de Carregueiros faça cumprir a Lei comum, mandando repor a água no aqueduto,  uma vez que quem dirige o Convento, do qual o aqueduto é parte integrante, parece achar que está tudo muito bem?
Votos de Boas Festas, com saúde e boa disposição, para todos os leitores, suas famílias e amigos.


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