Imagem copiada da página Facebook de Hugo Cristóvão, com os agradecimentos de TAD3
Achados arqueológicos
O "forno romano do Flecheiro"
e os entusiastas do costume
Que fazer? Como proceder?
Foi uma agradável surpresa, e uma retumbante notícia, a descoberta ocasional de umas ruinas enterradas, logo chamadas "forno romano do Flecheiro". Já vai nos 40 comentários, na página Facebook de Hugo Cristóvão. E ainda dizem que os tomarenses não se interessam pelas coisas da sua terra. É só má-língua, está-se mesmo a ver. O tom geral dos citados comentários é entusiástico, prevalecendo a opinião de que se deve preservar tão importante achado. Mas já há também divergências. Para uns é um forno de tijolo, para outros de talhas e para outros ainda termas romanas. Em que ficamos, afinal? Baseados em quê?
Não espanta por isso que nesta altura a posição dominante na autarquia seja a de estudar a melhor maneira de preservar o achado, assegurando se possível a sua exploração turística. É natural, mas conviria não se precipitar. Antes de mais: De que se trata afinal? Como proceder para evitar dúvidas futuras, como desde há muito acontece nomeadamente com "Fórum de Sellium"?
Goste-se ou não, ainda agora se achou a coisa, e são já variadas as interpretações. Forno romano de tijolo? Só porque apareceram lá uns restos? Forno romano de talhas, do século IV? Termas romanas? Torrefacção de café do século XIX? Sem querer ofender ninguém, e muito menos meter-me em matérias para as quais não tenho competência académica registada, quer-me parecer que o mais sensato e produtivo será seguir o conhecido conselho do secretário do senhor de Lapalisse: Começar pelo príncípio, continuar pelo meio e acabar no fim.
No caso, começar pelo princípio, quer dizer pelo essencial e prioritário. Procurar saber definitivamente de que estamos a falar de facto? Serão mesmo ruínas romanas de um forno? Ou vestígios muito posteriores, de qualquer outra coisa?
Para sanar dúvidas de uma vez por todas, deve a autarquia proceder como nunca fez até agora, dado que dispõe de meios para isso. Encomendar a um arqueólogo, reputado e acima de qualquer suspeita, um estudo sumário do achado, incluindo uma datação por carbono 14. Idealmente, por razões óbvias, esse arqueólogo deverá ser estrangeiro e nunca ter trabalhado em Portugal. Como foi feito nas gravuras rupestres de Foz Coa.
Só depois, estudado devidamente o relatório, se vier a confirmar-se pela datação científica que são mesmo ruínas da época romana, convirá então prosseguir com as escavações e mandar estudar a melhor maneira de preservar o achado, Não faria qualquer sentido repetir as lamentáveis experiências da Rua Centro Republicano e do alegado "Fórum romano", que já custaram avultadas verbas, sem que se saiba até agora se são mesmo ruínas da época romana, ou simples fruto da imaginação dos arqueólogos interessados.
Porque nunca foi feita a indispensável datação com carbono 14, e sem isso, tanto podem ser ruínas romanas, como de muitos séculos depois, desprovidas de qualquer interesse histórico, ou outro.. Com ou sem "projecto de musealização", que dá sempre muito jeito a quem o encomenda, a quem o faz, e a quem o aprova. Mas depois, uma vez feitas as obras, geralmente dispendiosas, começam a dificuldades de implementação.
Quase 15 anos após as obras iniciais, os museus da Levada, aliás "complexo museológico da Levada", aliás "museu da fundição", "museu da electricidade" e "museu da moagem", continuam a aguardar melhores dias. Que permitam finalmente a passagem à prática das ideias mirobolantes vendidas aos eleitos, alguns dos quais as aprovaram sem saber muito bem o que estavam a fazer. O costume...
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