Política local
O PASTOR ALENTEJANO
O GENERAL BRASILEIRO GOLPISTA
E O POLÍTICO CULTO
Luís Ferreira, conhecido socialista local, escreveu há dias no Facebook que "temos agora um presidente culto. O outro que houve, da AD, era um papa-hóstias". Publica agora a Rádio Hertz um excerto de recentes declarações do dito presidente culto, Hugo Cristóvão de seu nome. Confrontado uma vez mais pelo PSD com o problema das contas dos Tabuleiros, que nunca mais são apresentadas, foi lesto a ultrapassar o assunto, justificando-se com um exemplo de alta cultura.
Afirmou que as contas de 2019 só foram apresentadas em Abril de 2020, e que houve até edições anteriores da festa, cujos relatórios e contas ainda se aguardam. Conclusão, nada de alarmes políticos prematuros, pois pode ser sempre muito pior.
Argumentação de fino recorte literário, que trouxe à memória do escriba uma velha anedota alentejana, culta já se vê. Pouco à vontade, e com ar embaraçado, um pastor alentejano informou o patrão que, por infelicidade, passou um comboio e matou cinco ovelhas.
Furioso, o patrão começou a injuriar o pastor, que exclamou, desculpando-se: -Não há para tanto, patrão! Podia ter sido bem pior. Se o comboio calha a vir de lado, matava o rabanho todo!
Em Tomar, não só podia ser pior, como é bem pior. Há gente que não se enxerga mesmo. Ia a escrever que não têm vergonha na cara, mas concluo que nem sabem o que é vergonha, um vocábulo só para gente com cultura tradicional, que se está a perder. Um presidente a justificar asneiras monumentais, com outras anteriores ainda maiores, é mesmo o fim da picada.
Por falar em picada, coisas assim já nem no Brasil, onde em tempos um presidente que era general golpista e fora escolhido pelos seus camaradas de armas, afirmou no discurso de posse: -"O Brasil está a um passo do precipício, mas agora comigo e com os militares vai dar um passo em frente." Presidente caipira, já se vê.
Hugo Cristóvão não é felizmente pastor alentejano, nem general brasileiro golpista. Usa porém uma argumentação menos feliz e inesperada, num presidente culto, segundo um seu camarada. Águas passadas não movem moinhos, nem asneiras antigas justificam erros modernos. A edição 2023 dos Tabuleiros foi de longe a mais cara de sempre e a que mobilizou mais recursos públicos. Não conseguir apresentar as contas mais de cinco meses após o final da festa, é algo injustificável e intolerável, que ainda vai dar muito que falar, se calhar até Outubro de 2025.
Porque a narrativa socialista actual, tentando culpar os críticos pelos erros dos eleitos, já teve o seu tempo. Agora só dá para rir de escárnio. Pobre terra com gente assim.
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