Aquecimento no parlamento municipal
Uma informação interna
que é também um retrato desta época
Problema inicial: Num estado laico, em que até os fiéis católicos têm direito a aquecimento na Sé da Guarda, pago pelo governo, entendeu o PSD - Tomar, através dos seus deputados municipais, reclamar contra o frio no Salão nobre dos Paços do concelho, durante as longas sessões da Assembleia Municipal. O presidente do órgão enviou a reclamação ao executivo e, ao fim de algum tempo, lá veio a resposta, muito completa e da qual se publica apenas um excerto. (imagem supra)
É um documento complexo, bem redigido, porém com lacunas, que pode ser lido também como o retrato desta época, numa pequena cidade de funcionários e pensionistas. Quanto à forma, repare-se, para começar, nas normas protocolares em vigor com esta maioria socialista. Atente-se na primeira coluna da esquerda.
Nada de "Chefe de divisão do DOM, Eng. Orlando Helder para Exmo. Presidente da Câmara, Dr. Hugo Cristóvão", como antigamente. Nem sequer de "Chefe de divisão do DOM para Presidente da Câmara". Ou, vá lá, "do camarada chefe de divisão do DOM, para o camarada presidente da Câmara". Nada disso, tudo mais que ultrapassado. Agora usa-se simplesmente "de Orlando Helder para Hugo Cristóvão". Adeus protocolo! Às malvas a velha recomendação "Convém respeitar uma série de normas protocolares de execução permanente."
Pelo caminho que estas coisas levam, suponho que no próximo mandato já será "Do Orlando para o Hugo", e mais tarde "De mim para ti", como nas uniões de facto. Entretanto, aqui ao lado, em Espanha, os eleitos têm direito ao título de "senhoria" antes do nome. Mesmo durante os debates no parlamento, os senhores deputados começam sempre por dizer "Senhorias..." Uns atrasados, os nuestros hermanos. Nós é que sabemos, mas depois ficamos muito ofendidos quando as coisas correm menos bem e nos acusam de tendência para a bandalheira.
Indo mais além, a substância do documento em questão é esta: Não há aquecimento no Salão nobre, devido a uma ruptura, algures no piso térreo, cuja reparação implica encerrar por algum tempo o serviço de atendimento permanente. Além disso (ou sobretudo?) a dita reparação está orçamentada em 290 mil euros, mais do dobro do prejuízo da Feira de Santa Iria deste ano, e o dinheiro não chega para tudo. Ou chega?
A terminar, há no citado documento dois assuntos que me incomodam. Um é o "chiller". Resfriador, refrigerador, recirculador, ou simplesmente máquina frigorídica, tudo vocábulos sinónimos, teria sido demasiado provinciano e tosco. Nada como um anglicismo para enobrecer a frase. Pois o "chiller", que é a maquinaria geradora do fluido quente ou frio que circula no sistema de aquecimento/arrefecimento, está instalado no parque de estacionamento, do outro lado da rua. Certamente para poupar eleitos e funcionários ao ruído do funcionamento, mas isso o documento omite.
O problema do afastamento entre a máquina frigorífica e os "splits", ou distribuidores, é que exige longas canalizações, onde depois há roturas, uma vez que, para poupar, instalaram tubagens de ferro, em vez de aço inox ou cobre revestido.
O outro assunto são estas duas frases muito curiosas (não reproduzidas na imagem acima), e que parecem não emparelhar lá muito bem com o resto do documento em análise:
1 - "...Em 2022 foi lançada a empreitada de substituição dos vãos, estando a sua execução prevista para o INICIO de 2023." Estamos no final de 2023, a informação interna é de 20 de Dezembro, e qual é o estado da dita empreitada? O que são os vãos? Pergunta em vão?
2 - "Devido à existência de uma rotura, cuja localização até ao momento não foi possível detetar, neste momento não é exequível climatizar o salão nobre." (página 1, 7º parágrafo)
Mas igualmente: "Da análise já efetuada à situação da rotura na tubagem que alimenta a máquina responsável pela climatização do salão nobre, julga-se que esta estará localizada no espaço onde funciona o balcão único. A reparação desta rotura implica a remoção do pavimento naquele espaço. Não sendo viável manter em simultâneo o funcionamento do atendimento e a realização das obras, esta intervenção implicará deslocar o balcão único para outro local, sendo este constrangimento o motivo pelo qual a reparação ainda não foi realizada." (página 2, 2º parágrafo)
Afinal, em que ficamos? Há uma rotura no piso térreo, onde funciona o balcão único? Ou ainda não se sabe onde é a rotura?
Exceptuando estes pequenos óbices, vai tudo muito bem, no melhor dos mundos possíveis, como dizia o outro, logo a seguir ao terramoto de Lisboa. (Não sabe quem é o outro? Acontece. É o Pangloss, personagem criado por Voltaire, na sua obra filosófica "Cândido ou o optimismo".)
Tubagem em ferro?? Obviamente que vai enferrujar e verter. Foi o engenheiro Paiva que fez a obra? Então e se está muito frio que tal pôr lá no salão uns quantos aquecedores para a malta, hein!!! Ou os senhores deputados do concelho são muito finos e não podem ser filmados ao pé do aquecedor!!! Quando custa um aquecedor a gás, para aí uns 150 euros, digo eu....
ResponderEliminarJá agora gostava de perguntar a opinião ao professor Rebelo: acha que é mesmo verdade que a tubagem é em ferro? Já viu? Eu nunca!!! Será este email/oficío uma brincadeira???!!! Ou as tubagens são em aço galvanizado e o engenheiro diz que é ferro!!! Se for verdade é muito grave, se um engenheiro fez confusão entre o ferro e o aço galvanizado também é grave, pois seria tratasse de um chefe de divisão.
ResponderEliminarFeliz ano novo, Helder!
EliminarA esta distância, apenas lhe posso indicar o que está escrito no último parágrafo da imagem supra "Rede de tubagens em ferro. É uma complexa rede de tubagens em ferro..." Contudo, após ter visto três cães a serem passeados num carrinho de bébé, aqui no calçadão da beira-mar, já nada me admira. Até há na Câmara uma arquitecta que em tempos confundiu uma rua urbana, na freguesia de S. João, com um caminho vicinal. Pior do que isto, só confundir bexigas de porco cheias de ar com lanterna eléctricas.
Talvez só os tubos que transportam água dentro de uma caldeira industrial tenham de ser de ferro, se não derretem. Um bom Ano Novo para si também.
EliminarJá este ano, numa assembleia municipal, para se comprar gasóleo, apresentou-se um processo de despesa da divisão financeira, para gestão da DOM, em que uma eng.ª Rita Mendes nos presenteia com: "Assim, para efeitos de cabimentação orçamental da despesa estima-se que o preço contratual, para um período
ResponderEliminarde vigência de 365 dias não venha a exceder o montante 300.000,00 € + IVA = 369.000,00€."
Distinguir entre preço [€/l] e montante a pagar [€], é um luxo, que não está acessível nem à vereação, nem à maioria da AM.
A incompetência está instalada nos órgãos técnicos e do poder desta terra e manifesta-se em vários pormenores.
Caro engenheiro Caldas Vieira. Para ser sincero não percebo o seu post. O Diesel não é todo igual, há gasóleo para aquecimento, agricultura e para os carros, não sei se há diferença é quimica, é provável que haja, mas há de certeza diferença legal. É ilegal você conduzir o seu automóvel com gasóleo agrícola, que leva um corante para ser distinguido. E vender gasóleo a granel será concerteza muito diferente de vender gasóleo na bomba, de certeza que o preço é muito diferente. Como disse não entendo o seu comentário. Cumprimentos e votos de um bom Ano Novo.
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