quinta-feira, 14 de dezembro de 2023


Tradicional "Nascente da racha", na Mata dos sete montes, (na encosta do lado direito de quem entra na Mata), assim designada devido ao seu aspecto vaginal, que almas púdicas resolveram mais tarde renomear "Nascente da Porta do sangue", assim reconhecendo sem querer que a agua provinha mesmo das escorrências do pomar do castelo. Secou alguns anos após ter deixado de correr água nos Pegões. Observe-se que o alegado "fungo do buxo", mais conhecido como falta de água, já está a secar a verdura na parte superior direita, onde não há buxo algum.

Aspecto exterior da casa da água da Nascente da porta de ferro, a partir da qual a água deixou de correr no aqueduto. Observe-se a vegetação na cobertura, uma abóbada em pedra com quatro séculos, a mostrar que ninguém cuida daquele património público desde há muitos anos.


Tanque da Cadeira d'el-rei, que marca a entrada do aqueduto dos Pegões na Mata. Vazio há muitos anos, e em mau estado de conservação, serviu de piscina para os frades, e para regar a parte poente daquele parque florestal, alimentando a Ribeira dos sete montes, que entretanto secou. Os dois outros tanques existentes na Cerca, o Tanque grande e o dos frades, estão igualmente vazios. Repare-se no evidente mau estado do coberto vegetal, devido à fatal de água.

Defesa do património e do ambiente

Salvar os Pegões para salvar a Mata

 TOMAR – PSD classifica como «lastimável» o estado atual da Mata dos Sete Montes | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

O PSD tomarense acaba de se manifestar sobre o deplorável estado a que chegou a velha Cerca conventual, agora chamada Mata dos sete montes. É útil esta tomada de posição social-democrata, todavia muito aquém do necessário para inverter a perigosa e degradante situação. Vem tarde e não chega.
Desde há anos que este blogue tem vindo a chamar a atenção para a inexorável decadência daquele património florestal, provocada pelo desmazelo e sobretudo pelo roubo da água dos Pegões, que tanta falta lhe faz. Até agora tem sido praticamente em vão. Os óculos partidários têm impedido uma clara visão da realidade envolvente. Está mal, péssimo mesmo, mas a muitos cidadãos parece-lhes que está tudo bem, para evitar críticas à autarquia e ao governo. Inconvenientes da democracia, tal como praticada em Tomar.
O problema da Mata dos sete montes tem duas vertentes: a evidente falta de manutenção e o crime ecológico provocado pelo roubo da água dos Pegões. A falta de zelo na limpeza e conservação, há muito tempo que saltam à vista de qualquer visitante atento. Mas nem a Câmara, nem os partidos locais, julgaram útil até agora assinalar a grave deterioração. Não há pessoal suficiente, e a gestão (?) é assegurada pela directora do Parque nacional das Serras de Aire e Candeeiros, com sede em Torres Vedras, a mais de 100 quilómetros de Tomar.
A outra vertente é ainda mais grave. Desde que o Seminário das missões, que ocupava parte do Convento de Cristo, se foi embora de Tomar, há mais de vinte anos,  deixou de correr água no Aqueduto dos Pegões, a partir da nascente da Porta de Ferro, nos Brasões, freguesia de Carregueiros, até ao tanque junto à Torre de Dª Catarina (aquela mais à esquerda, quando se olha para o castelo de nascente para poente). Alterou-se assim totalmente todo um ecossistema multicentenário, e os nefastos resultados aí estão.
Contrariamente ao propalado pela senhora ex-.presidente da Câmara e pelos técnicos do Instituto de Conservação da Natureza, tudo gente muito conceituada, porém bastante distraída nesta e noutras matérias, o buxo do jardim está agora quase todo seco, não por causa do inventado fungo, mas porque deixou de correr água em permanência até ao castelo, tendo cessado as escorrências, pelo que os quatro tanques (3 na mata e um no castelo) estão vazios, e as nascentes secaram. A prazo, todo o coberto vegetal da parte norte e nascente da Mata, bem como o pomar do Castelo, estão em perigo, se nada for resolvido entretanto.
Tudo isto perante o manifesto desinteresse da direcção do Convento, que nada tem feito para recuperar e proteger aquele conjunto monumental, cuja designação oficial é "Aqueduto do Convento de Cristo". Por ter sido edificado a mando dos reis espanhóis? É bem capaz. Há por vezes nacionalismos encapotados que cegam. 
Tal como a partidarite, que tem impedido qualquer reclamação por parte da Câmara, em nome dos tomarenses, para não incomodar os camaradas de Lisboa. Realmente, queixar-se que no caso da Mata há gato, aos socialistas do Largo do Rato, podia ser mal interpretado Por isso estamos cada vez melhor e foi necessário arranjar um oportuno "fungo do buxo" em tempo útil, para tentar justificar a morte lenta da velha Cerca conventual, provocada pela falta da água dos Pegões, roubada algures nos Brasões. Mas como esclareceu o vereador Helder Henriques, respondendo a uma pergunta do PSD, "isso da Mata não é nada com a Cãmara; é com o governo."
Se a Câmara nem para reclamar em Lisboa serve, então qual a sua utilidade, além de dar música ao pessoal? Armazém de funcionários excedentários, e de aprendizes políticos bem pagos?


2 comentários:

  1. Não sei se posso recomendar aos leitores para verem e ouvirem a última reunião camarária. É preciso alguma dose de paciência e contenção de indignação. Estão lá os ingredientes todos da política local, cristoviana:
    "nos outros sítios também é assim",
    "antes estava pior",
    "ainda foi há pouco tempo",
    "não podemos apontar uma espingarda para se cumprirem prazos", "dizer que não se cumpre é estar acusar os diligentes funcionários do município",
    "não temos nada a ver com isso"
    "não são gastos, é investimento"
    (...)
    Receio que ao fim de tanto bombardeamento com esta visão de serviço público, as pessoas se comecem a resignar e a achar tudo normal. A exigência está-se a perder, até porque bate sempre no muro da relativização e da impunidade.
    O caso da Cerca é pior do que aqui ficou retratado pois o presidente respaldou por antecipação mais esta pérola do vereador Hélder.
    Os vereadores do PSD, lestos a levantar questões, algumas pertinentes, esbarram nisto, sem grande poder de contrariar este estado de espírito e mentalidade.
    Resta-lhes depois vir ao TD3, que ainda bem, os acolhe. Aqui estou a ser injusto pois também escrevem dos jornais de papel.
    Tudo isto é pouco. Muito pouco.

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    1. Quando em 1982 fui eleito para a AM e liderei a bancada socialista, ainda consegui aguentar dois anos, após os quais me despedi à francesa, sem ai nem ui, para não incomodar. Quarenta anos volvidos, já mal tenho paciência para me aturar e aos poucos amigos, quanto mais agora aos excelentíssimos membros da maioria PS. Podendo parecer que não, em quarenta anos aprende-se muita coisa, mesmo não sendo tão inteligente nem tendo a frescura da idade dos actuais eleitos. Como escreveu o medico judeu Garcia da Horta, há seis séculos, "A experiência é a verdadeira madre das coisas."

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