quinta-feira, 7 de dezembro de 2023





Turismo e hotelaria

Tomar não mostra vocação para o turismo 

nem para o desenvolvimento económico

Já são mais de 250 as unidades de alojamento local em Tomar | Tomar na Rede

A origem desta crómica é uma notícia do Tomar na rede, que pode ser lida no link supra. Estranhou-se o tom  do texto, realçando as 252 unidades de alojamento local como um sucesso, quando afinal é muito relativo. No concelho vizinho de Ourém, fizeram melhor, ao averbarem 287 alojamentos locais. Comparativamente, Santarém com apenas 139, Abrantes com 98 e Torres novas com 30, são os desgraçadinhos do filme. O turismo não floresce em qualquer lado. Tem de haver recursos. Depende da terra, como a agricultura.
É claro que, perante mais esta evidência do avanço de Ourém, alguns cérebros locais, dos poucos que ainda restam, vão exclamar, como de costume, "Obrigado! Os gajos têm Fátima!" Pois têm, e daí? Para contrabalançar, Tomar tem o Convento, o Hospital e o Politécnico, recursos que não existem em Ourém nem em Fátima,  mas não sabe rentabilizar tudo em termos de desenvolvimento. Défice de vontade e de massa cinzenta treinada.
Detenhamo-nos então no "dossier Fátima". É o grande cartaz e principal destino turístico da zona centro do país. Trata-se, obviamente, dirão os entendidos, de turismo religioso. Mas o turismo religioso é antes de tudo turismo, posto que qualquer turista é um peregrino, e qualquer peregrino é turista, mesmo que não queiram. Todos no âmbito do turismo cultural, no caso de Tomar virado para o património arquitectónico, no caso de Fátima para a fé católica e o santuário.
Como é usual na região, não há quaisquer problemas com o turismo em Fátima ou em Tomar. Vai tudo bem, no melhor dos mundos possíveis. Nada de agitação marítima, que pode vir a molhar um ou outro político local.
Na área do turismo cultural e religioso, a referência na Europa é o santuário de Lourdes, em França. Uma localidade de 14 mil habitantes, próxima da fronteira espanhola, com 22 mil camas hoteleiras, e que recebe anualmente cerca de 3 milhões de peregrinos. Bastante mais que Fátima, o que se compreende. A senhora na azinheira foi em 1917, enquanto a senhora na gruta foi em 1869.
Apesar da evidente precedência, sobretudo desde 2020 reina a incerteza no santuário mariano francês. Os visitantes são cada vez menos desde a pandemia, sem que se perceba bem porquê. Encomendaram-se estudos a especialistas, solicitaram-se auxílios ao governo, alertaram-se os hoteleiros, pediram-se providências ao reitor do santuário. Tudo porque os académicos da área já deixaram um primeiro diagnóstico. 
Como qualquer outro, o "produto turístico Lourdes" tem um determinado ciclo de existência. Aparece, cresce, definha e morre, se não se conseguir entretanto reposicionar, recomeçando o ciclo existencial. 
Felizmente para Fátima e para Tomar, parecem pensar os autarcas nabantinos e outros especialistas que tais, o que está a acontecer com Lourdes e outros destinos-âncora na Europa, são apenas "francesices". Em Portugal vai tudo de vento em popa, como nos idos de 500, quando demos novos mundos ao mundo. Ninguém se lembra que o infante era meio inglês. Estrangeirado, portanto. Ou que houve centenas de naufrágios, com muitos mortos e desaparecidos, que custaram milhões em prejuízos.
A nova equipa dirigente da Entidade de Turismo do Centro, de competência incontestável, foi há pouco empossada e já prometeu um futuro glorioso, cheio de êxitos, para a vasta região onde actua. Os franceses só podem ser uns trouxas, que tropeçam nas próprias pernas, embora seja forçoso reconhecer que, no estado actual das coisas, Tomar não mostra grande vocação para preparar o turismo do futuro. E quem diz Tomar diz Fátima, ou já não? A querida terra gualdina já ficou para trás?


1 comentário:

  1. Se eu fosse autarca, e até deixo aqui a dica a futuros candidatos apostaria na emigração legal e controlada proveniente do Brasil para desenvolver a cidade e combater a perda populacional, que é o que já está a acontecer mas eu se fosse candidato iria tentar potenciar isso com road shows pelo Brasil e fazer a coisa com organização.

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