domingo, 17 de dezembro de 2023



Defesa do ambiente

INDIGNAÇÃO 

COM A POLUIÇÃO DO NABÃO

https://observador.pt/especiais/50-anos-depois-da-primeira-suinicultura-a-poluicao-do-rio-lis-continua-sem-solucao-a-vista/

É uma situação deveras curiosa. Os tomarenses, em geral excessivamente pacatos no domínio da participação cívica, indignam-se com as repetidas manchas de poluição do Nabão, que são cada vez mais frequentes. Têm razão, mas trata-se de indignação fácil. Quase sempre um ou vários comentários no Facebook, com uma ou várias imagens do rio, mostrando manchas acastanhadas suspeitas, e as coisas ficam por aí. Nada de críticas. Muito menos à Câmara. "Os outros ainda são piores", ouve-se ou lê-se de quando em vez
Nestes últimos anos a indignação subiu um pouco de tom, contrastando com a poluição do rio, cuja gravidade diminuiu, devido ao encerramento das fábricas que envenenavam os peixes com os seus efluentes químicos. 
A maioria socialista, especialista na arte de culpar os outros, rapidamente conseguiu difundir a ideia que a origem da poluição está na ETAR de Ourém, situada na freguesia da Sabacheira. Segundo a versão oficial, os respectivos emissários, que não têm separação entre esgotos domésticos e esgotos pluviais, deixam de ter débito suficiente quando chove. Daí resulta  a inundação das lagoas de tratamento, que passam a transbordar, directamente para o rio.
Numa típica manobra política, acicatado pela ex-presidente, o ministro do ambiente prometeu a atribuição de 20 milhões de euros de fundos europeus, para resolver o problema da ETAR da Sabacheira, mas o dinheiro nunca mais apareceu. Apenas mais uma  promessa política sem consequências, pois já devia conhecer dois detalhes que condicionam tudo: 

1 - Mesmo separando os emissários de Ourém, corre-se o risco de tudo ficar na mesma ou quase, posto que a esmagadora maioria dos prédios ligados à rede urbana de saneamento não dispõe de condutas separadas, tal com acontece em Tomar na área urbana, pelo que, chovendo bastante, há excesso de efluentes e subsequente derrame directo  para o Nabão. Só pode.

2 - Está por demonstrar que todas as manchas de poluição do rio, observadas na área urbana de Tomar, tenham como origem exclusiva a ETAR de Seiça. Há mesmo um conjunto de indícios, apontando para despejos ilegais de efluentes de determinada suinicultura, situada no concelho de Tomar. O facto de nunca terem sido publicados os resultados das análises efectuadas à água do rio, é bastante significativo, Ficar-se-ia a saber, designadamente, se os coliformes fecais dtectados  são exclusivamente de origem humana, ou também suína, para não dizer exclusivamente suína, como a cor dominante das manchas poluidoras parece indicar.

Explicada assim a situação, compreende-se porque é que a famosa verba de 20 milhões, prometida pelo ministro do ambiente, não veio nem nunca virá. Os conterrâneos mais indignados farão o favor de ler o link supra, onde constatarão que o problema é bem mais grave em Leiria, onde já dura há 50 anos, apesar das promessas do mesmo ministro do ambiente, igualmente por cumprir. Se Leiria, com o seu prestígio de capital regional, e os seus mais de 150 mil habitantes, ainda não conseguiu resolver a situação, designadamente porque estão em causa cinco mil postos de trabalho, será que em Tomar vamos conseguir? Porque somos mais inteligentes, mais diligentes e mais exigentes? À cautela, aconselha-se um módico de tolerância, mercadoria rara em Tomar. Habituem-se! como disse o outro.
Derrotista, eu?! Apenas realista. As coisas são como são, e não como as pintamos por conveniência.



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