quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Animação cultural

 OS TABULEIROS A TAP 

A CONTABILIDADE SOCIALISTA

TOMAR – Festa dos Tabuleiros. Mordomo Mário Formiga assegura à Hertz que haverá «contas positivas», entre os «50 a 70 mil euros» | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Ao ler a notícia do link supra, pareceu-me tão ridícula a situação que resolvi não publicar  a respeito. Enganei-me e peço desculpa aos leitores. Posteriormente, o tema causou algum escândalo na página Facebook de António Freitas, que reproduziu o trabalho da Rádio Hertz e já ultrapassou os 30 comentários, tal é a indignação.
Tudo porque o mordomo da Festa grande, em vez de publicar e comentar as respectivas contas em linguagem comum, dado que os Tabuleiros já terminaram há cinco meses, teve o desplante de declarar à Rádio Hertz que vamos ter "contas positivas". O que levou o jornalista da casa a escrever "saldo positivo". Duas expressões ambíguas, usadas para enganar deliberadamente os leitores.
O fenómeno não é original. Já antes houve quem anunciasse, na grande informação nacional, que "a TAP está a dar lucro", sem acrescentar, como seria conveniente,  "sem ter em conta os três mil e duzentos milhões de euros injectados pelo governo PS."
Acontece agora algo semelhante, com estas declarações do mordomo dos tabuleiros. Falou de "contas positivas", sem considerar o milhão e trezentos mil euros, avançado pela Câmara, ou tomando implicitamente esse montante de dinheiro dos contribuintes como uma receita, um input, em contabilidade actual, por oposição a output, despesa.
Tal como no caso da TAP, a asneira do mordomo não parece fortuita, mas intencional. Destina-se a enganar, a induzir em erro,  os leitores menos competentes em matéria de contabilidade e/ou economia. Em contabilidade corrente, dita capitalista, há receitas e despesas, investimento, lucro ou resultado negativo. Logo, no caso da TAP como no dos Tabuleiros, há um investimento inicial (um milhão e trezentos mil em Tomar), seguindo-se uma série de despesas e receitas, os tais input e output, após o que, uma vez tudo realizado, se apuram as contas, que podem revelar lucro ou valor acrescentado, se as receitas foram superiores às despesas; prejuízo ou resultado negativo no caso contrário, em que a receitas foram insuficientes para cobrir as despesas.
A habilidade do mordomo dos tabuleiros, decerto aconselhado por competentes economistas do partido, consiste em considerar o subsídio camarário de 1,3 milhões como uma receita, o que lhe permite depois falar de saldo positivo, quando deveria antes mencionar um resultado final negativo, ou prejuízo, de pelo menos um milhão duzentos e cinquenta mil euros, ou seja o subsídio camarário e outros, menos o tal saldo positivo, uma vez fechadas as contas.
Em termos simples, as duas situações possíveis podem ser resumidas como contabilidade capitalista ou contabilidade socialista. No caso do mordomo dos tabuleiros, usou a contabilidade socialista, para enganar os leitores menos prevenidos. Omitiu um prejuízo no mínimo de um milhão 250 mil euros, para realçar o remanescente. Os tais 50/70 mil euros que sobraram da manifesta estragação.
Dirão alguns leitores, sobretudo aqueles com a característica esperteza nabantina, -Mas então, se na contabilidade socialista não há prejuízos, só utilidade social, viva o socialismo! Pois. O problema é que tem de haver sempre  quem pague. E aquilo que vai para tabuleiros e outro foguetório, por exemplo, faz depois falta para varredores, ou médicos, ou jardineiros, ou professores, por exemplo. Ou alguém pensa que a crise do SNS é um simples acaso? Mas os socialistas que temos são assim. Primeiro a animação cultural, para comprar votos. Depois, logo se vê. O mal já é antigo. "Música na rua, foguetes no ar, estamos em Tomar", escreveu Nini Ferreira.


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