Aspecto dos vestígios do alegado "fórum romano de Sellium", onde a Câmara já enterrou mais de 900 mil euros. Valerá a pena em termos económicos e mesmo culturais? Que provas irrefutáveis têm de que se trata mesmo de ruínas romanas? Admitindo a sua autenticidade, que está por demonstrar, qual o interesse para o turismo, ou mesmo para a cultura local?

Política local

Faz mesmo falta 

um arqueólogo funcionário municipal?

Eleitos sem programa digno desse nome, um documento fecundo e com futuro, praticamente todos os protagonistas políticos locais vão indo ao sabor da corrente, que é pouca por causa dos açudes. Há cada vez mais sinais do acentuar da decadência concelhia, da perda de população à quase nula implantação de empresas tecnológicas e à má qualidade dos serviços públicos locais, mas os responsáveis políticos continuam a assobiar para o lado e a apoiar custosas animações culturais à borla, que só dão prejuízo, mas enchem alguns bolsos amigos, ou mesmo de  aparentes adversários canhotos, que aceitam "votar bem" quando necessário. Voltou a acontecer agora com o Orçamento 2024.

Ignoram esses autarcas, ou fingem desconhecer, que sem lucro não há crescimento económico, nem novas empresas, nem mais empregos, nem efeito multiplicador. O que parece impôr, quanto antes, uma mudança de rota. Em vez do "rumo certo", que só cria empregos públicos e vai dando subsídios, para que tudo continue na mesma, urge virar-se para o risco, para a inovação, para a modernidade. 

O que implica, antes de mais, uma auditoria rigorosa à situação local, com destaque para os recursos humanos da autarquia, um conjunto de mais de 600 pessoas, na sua maioria sem grandes perspectivas nem tarefas definidas, que talvez sem disso se darem conta, transformaram o Município de Tomar na mais intrincada, onerosa e temída burocracia da zona centro, segundo fontes ligadas à construção civil e ao investimento. E com uma tal reputação,  até o inferno parece mais acolhedor, porque menos burocrático.

Alheia a tudo isto, a actual maioria local, que não consegue controlar os funcionários municipais, sendo até em certos casos controlada por alguns  deles, vai procurando sobreviver, nadando em águas turvas fortemente poluídas. Foi assim que, por exemplo,  contra toda a lógica económica, resolveram lançar a empreitada do alegado Fórum romano, que agora não sabem como concluir, ao dar-se conta que aquilo não tem qualquer interesse para o turismo ou outro fim, sendo portanto mais um sorvedouro de verbas municipais, em conjunto com o complexo da Levada, que  foi em tempos uma grande esperança. Foi.

Já antes, e na mesma área romana, tinham contratado à tarefa um arqueólogo, antigo discípulo da inventora do "fórum de Sellium", para elaborar um relatório, sustentando não ser possível localizar as "ruinas romanas da Nabância", em Cardais, classificadas como Monumento nacional desde 1910, e agora desclassificadas graças a esse relatório encomendado pela Câmara, sem que se saiba com que intenção, porque os partidos da oposição não se interessam por estas minudências, e não questionam.

É neste contexto, em que a Câmara tem contratado um arqueólogo à tarefa, e imposto aos raros privados que licencia, escavações arqueológicas prévias, que surge uma campanha bem montada, mostrando que a autarquia não tem um funcionário arqueólogo, o que será uma heresia nos tempos que correm. Será mesmo? Ou pretende-se apenas encaixar na autarquia mais um funcionário superior, de muito duvidosa utilidade permanente?

Ao contrário do afirmado nalguns escritos da referida campanha, todas as obras recentes têm sido acompanhadas por arqueólogos. Do República ao Flecheiro, passando pelo Vila Galé. O seu a seu dono. Façam as suas jogadas, mas não faltem à verdade, que é sempre mau começo. Para pior já basta assim.