sexta-feira, 15 de dezembro de 2023


Candidatura da Festa dos Tabuleiros à UNESCO

Tanto tempo e vai-se a ver...


Li há dias uma notícia sobre a inscrição do "vinho da talha" no Inventário nacional do património imaterial. Lembrei-me então que a Festa das flores, de Campo Maior, e o Bodo de Monfortinho, também já constam do referido inventário, tal como o fado, o cante alentejano, a arte xávega, a loiça negra de Bisalhães, os bonecos de Estremoz, e por ai adiante, que a lista é vasta.
O que me levou a consultar o tal inventário da DGPC, foi a busca por uma festa das fogaças ou fogaceiras, a designação primitiva dos tabuleiros. Não encontrei, o que quer dizer que por enquanto estamos salvos, ou melhor, a Festa dos tabuleiros está salva. Mas logo que apareça no inventário uma festa das fogaças, e a mesma consiga o reconhecimento da UNESCO, em conjunto com o Bodo de Monfortinho e o vinho da talha, uma vez que a Festa das flores já está classificada, restará retirar a candidatura dos tabuleiros, por evidente carência de originalidade. A Festa das flores são as ruas tomarenses ornamentadas , o vinho da talha é parte do bodo, o bodo de Monfortinho é isso mesmo e as fogaças e fogaceiras serão os tabuleiros dos primórdios. Faltarão os bois e o resto? Se calhar não, pois  disso há por toda a parte.
Teremos então a Festa dos tabuleiros classificada pela UNESCO, mas como agregação de práticas tradicionais diversas, dispersas pelo país. Talvez temendo isso mesmo, a competente equipa camarária, liderada pela vereadora Filipa Fernandes e  encarregada da candidatura à UNESCO, já tomou uma medida de precaução. Segundo o registo original na DGPC (ver cópia infra) a Festa dos tabuleiros é em Tomar (São João Batista), e em mais lado nenhum. As outras dez freguesias do concelho que se lixem. Com destaque para Santa Maria (que fornece a maior parte dos tabuleiros). E para Carregueiros, que faz a sua própria festa, com muita dignidade e respeito pela tradição.
É apenas um detalhe, mas que detalhe. Tanto tempo, tanto dinheiro gasto e mesmo assim, cada cavadela, cada minhoca. Depois queixam-se que a UNESCO nunca mais se despacha. Os tomarenses não têm sorte nenhuma. Especialmente aqueles que nasceram e cresceram nas margens do Nabão e não andam sempre a apregoar que estão a defender Tomar.
Em princípio, há duas hipóteses, nesta lamentável situação. Ou trata-se de um lapso não detectado, ou de uma rematada hipocrisia, que consistiu em agradecer a todos os tomarenses (ver imagem acima), depois de só ter contemplado os de S. João Baptista. Em qualquer dos casos, urge solicitar a rectificação do erro, e pedir desculpa à população que paga impostos pela asneira, cuja responsabilidade só pode ser da DGPC. Está-se mesmo a ver, tendo em conta os hábitos da casa nabantina.

Sumário: Inscrição da “Festa dos Tabuleiros” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial - Anúncio n.º 95/2023, publicado em Diário da República n.º 88/2023, Série II de 2023-05-08.
Domínio:Práticas sociais, rituais e eventos festivos
Categoria:Festividades cíclicas
Contexto Territorial
Local: Tomar (São João Baptista)
Concelho: Tomar"

(Copiado da página oficial da DGPC - Inventário nacional do património imaterial)

1 comentário:

  1. É SEMPRE ASSIM QUEM SE METE COM CACHOPOS OU SAI CA...DO OU MIJA..DO, VIVA O TACHO DO 1º EMPREGO LOGO VICE PRESIDENTE É OBRA, TEMOS TANTA SORTE EM TER UMA CABECINHA PENSADORA DESTE GABARITO.

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