Abusos na promoção turística

FITUR - MADRID 2023: 

Um escândalo mal disfarçado

Em Janeiro deste ano, sem qualquer oposição, se calhar porque o executivo nem sequer solicitou a opinião dos outros partidos, Tomar esteve representada, com stand próprio, na FITUR 2023 - Feira Internacional de Turismo de Madrid - Espanha "destinada aos profissionais de turismo", segundo a própria organização.

Estiveram presentes, entre outros, três funcionárias e a vereadora Filipa Fernandes, naturalmente com todas as despesas assumidas pela autarquia. Dos ecos chegados a Tomar, consta que foi um sucesso. Como sempre. Na versão oficial, houve muitos visitantes, entre os quais, imagine-se, alunos do curso de turismo do Politécnico de Leiria-Peniche, e do Politécnico de Tomar!

Uma situação ridícula, esta de alunos portugueses de turismo irem visitar uma representação turística de Tomar em Madrid-Espanha, em vez de se dirigirem directamente ao turismo municipal nabantino. Como se não bastasse tal faceta caricata, acresce que os recursos humanos da delegação tomarense tão pouco se mostraram à altura. Que se saiba, nenhuma das intervenientes fala castelhano, francês ou inglês, de nível profissional suficiente. E sem isso, quê? Ou seja: um desastre completo.

Tudo num contexto inquinado desde o início. Aveiro, Coimbra, Leiria, Viseu ou Alcobaça, as grandes cidades da região centro, algumas Património da Humanidade, não estiveram na FITUR 2023, ao contrário de Tomar, por uma excelente razão: Os municípios portugueses não têm competência administrativa para promover o turismo concelhio no estrangeiro.

Trata-se de uma atribuição legal exclusiva de organismos governamentais. No caso, o Turismo de Portugal e a Entidade Regional de Turismo do Centro, ambos representados na FITUR 2023, tornando a representação tomarense redundante, e até insólita pela sua solidão.

Tratando-se portanto de manifesta ilegalidade, à revelia da oposição e da AM, que não foram consultadas a respeito, todas as despesas efectuadas e pagas seriam um caso de óbvio peculato, se o concelho e o país não estiverem transformados numa espécie de república do deixa andar que vale tudo.

Agastados com as crónicas de Tomar a dianteira 3, alguns elementos da oposição requereram, via AM, informação detalhada das despesas com a ida a Madrid, e o resultado não se recomenda. Numa primeira resposta, não constavam as despesas das funcionárias e da vereadora. Feita a reclamação, na segunda resposta não constam, designadamente, os encargos com a vereadora. 

Estão a tentar proteger quem? A procurar esconder o quê? Nunca ouviram dizer que a mentira tem a perna curta? Nunca vos constou que a manta da vigarice é sempre demasiado pequena, descobrindo os pés para abrigar a cabeça, e vice-versa? Tudo isto começa a ser sórdido. Cheira a fim de reinado, com a quadrilha já em regime de salve-se quem puder. 

Pobre terra, Tomar! Se falasse, exclamaria certamente "Não temos sorte nenhuma!"