O parto da Matilde
foi uma aventura que terminou bem
“Bebé do Ano” nasceu na A23 | Tomar na Rede
Os dois link acima levam ao mesmo texto. Um comunicado do hospital de Abrantes, muito bem estruturado e com excelente escrita. Resumindo, trata-se de anunciar, em tom triunfalista, o parto do primeiro bébé do ano, em plena auto estrada A 23, no nó da Zibreira, realçando a excelente colaboração entre as ambulâncias de Abrantes e Torres Novas. e os bombeiros de Minde, onde reside a mãe da Matilde.
Para que dúvidas não restem, o próprio comunicado hospitalar antes referido é categórico: "...o nascimento de Matilde vai para sempre marcar a história da instituição, mostrando que a população pode confiar no Serviço Nacional de Saúde (SNS)". Perante isto, estilo triunfalista à la PS, cumpre reconhecer que felizmente não ocorreu falta de assistência médica. Houve médico, enfermeiros especializados e três ambulâncias devidamente equipadas. Excesso de meios materiais, como se constata.
Dito isto, que só se pode louvar, convém formular algumas interrogações pertinentes:
"A população pode confiar no SNS", segundo o documento citado. Se não confiar, nem tiver recursos para recorrer aos privados, que lhe resta? Questão ainda mais delicada: A Matilde nasceu numa ambulância, estacionada ao lado da A23, no nó da Zibreira, a 20 quilómetros de casa, eram 7 da manhã. Mesmo com excelente acompanhamento médico e de enfermagem, será normal nascer numa ambulância ao lado da auto-estrada? Porque aconteceu? A primeira ambulância, chamada via 112, chegou a tempo e a horas?
Posteriormente, mãe e filha foram internadas em Leiria, a 35 quilómetros de casa. Porque houve incêndio na maternidade de Abrantes? Não havia lugares de internamento em Abrantes, nem em Torres Novas, nem em Tomar?
Embora possa desagradar aos canhestros, no mundo da tauromaquia somos o país dos forcados. Que pegam os bichos pelos cornos, e só muito raramente de cernelha, quando melhor não é possível. Infelizmente, temos tido uma maioria que pega tudo de cernelha, até os bichos mais mansarrões. E depois ainda vêm dar a volta à arena, neste caso da informação, para celebrar o triunfo. Que triunfo? Isso era se tivesse vindo o helicóptero, e a Matilde nascesse numa maternidade, como é normal.
Abraham Lincoln escreveu algures que se pode ir enganando o povo durante um certo tempo, mas é impossível enganá-lo indefinidamente. Em Março, logo veremos.
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