Obras municipais
Finalmente uma ocasião para dizer bem
É verdade. Diz o povo que ainda sabe usar a língua-mãe, sem a maltratar demasiado, "quem porfia sempre alcança". Finalmente, aí temos a ansiada ocasião para louvar uma decisão do presidente da Câmara. Aleluia!
Inesperadamente, Cristóvão suspendeu as previstas obras da Praceta Raul Lopes, optando pelas de Carvalhos de Figueiredo. Melhor ainda: Justificando a opção, foi simples e directo, dizendo que se chegou à conclusão que a obra "não era prioritária".
Trata-se realmente de mais uma empreitada ornamental no estilo da maior parte das feitas até agora. Simples questão de ponto de vista? De modo algum. Choca constatar que gente bem formada e que se tem em alta conta, se deixou arrastar para melhoramentos urbanos não prioritários, quando a cinquenta metros dos Paços do concelho a situação é desoladora.
Há ratazanas nas ruas e maus cheiros durante a estação quente, porque o esgoto ainda é de vala única, tipo ídade média, e as sarjetas de modelo antigo não têm sifões. Além disso, as condutas de água para uso humano têm setenta anos, e algumas são em amianto, material proibido desde há anos na UE, por ser cancerígeno.
Perante isto, duzentos metros mais longe, gastaram-se três milhões de euros para ornamentar o antigo rossio, ou campo da feira, que ficou sem utilidade prática, De dia não se aguenta o sol e de noite não há ninguém, que aquilo é ermo. Uma inutilidade bonita e cara, bem ao gosto tomarista.
Confirma-se assim, pela negativa, que Cristóvão tomou a decisão correcta, ao optar por Carvalhos de Figueiredo, em detrimento da minhoquice da Praceta Raul Lopes. É finalmente a ruptura com o "anabelismo temperamental", que naturalmente se saúda. Falta saber se terá continuidade. Porque nada de ilusões. Não havendo dúvidas de que Carvalhos Figueiredo tem prioridade em relação à praceta, também é certo que o pequeno quarteirão à ilharga da autarquia sempre foi prioritário em relação à periferia. E no entanto...
E não venham com a balela de que é mais típico assim. Com esgotos modernos, sem ratos, nem maus cheiros, nem canalizações perigosas para a saúde pública, continuará a ser castiço e bastante mais agradável. É para quando? Próxima prioridade, ou ainda não? Mais um tema para 2025?
Sem comentários:
Enviar um comentário