quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Imagem copiada do Le Monde online. Acampamento clandestino sob as linhas de metropolitano, na parte norte de Paris. Imagem sem relação directa com a crónica infra, destinada a ilustrar as dificuldades das autoridades municipais, mesmo das cidades mais ricas, como Paris, para acudir a todos os carenciados.


Informação e política local

Um comentário pungente tipo três em um

que nos interpela a todos

Há favoritismo da câmara de Tomar na atribuição de casas? | Tomar na Rede

Pronto, pronto. Não me batam mais. Esclareço que pungente quer dizer, em português chão, "de fazer chorar as pedras da calçada". Refiro-me a um magnífico comentário publicado no Tomar na rede, que pode ler usando o link acima.
Magnífico porque, numa linguagem corrente e sem ornamentos supérfluos, descreve um drama social, denuncia uma situação iníqua e revela uma idiossincrasia (comportamento de grupo). 
Mostra o drama de uma mãe infeliz, desprotegida e sem recursos, com descendência muito problemática, porque vítima de várias patologias, que se sente desamparada pela autarquia, a funcionar praticamente em piloto automático. Ajudam os ciganos e já é uma trabalheira desgraçada, com resultados que estão longe de ser os melhores.
Denuncia uma situação iníqua, inaceitável, por demais evidente: Gastam-se milhões para realojar e tentar integrar uma população com hábitos diferentes, sem empregos fixos e com tradições pouco confortáveis para os vizinhos, mas depois não há recursos para acudir a casos sociais urgentes, de famílias tradicionais que trabalharam e pagaram impostos. Resta-lhes o quê? O internamento hospitalar para a descendência (se houver camas disponíveis...), e irem dormir para debaixo da ponte do Flecheiro? Seria o cúmulo da injustiça social. Tirar de lá os ciganos, para aceitar mais acima a população tradicional, forçada por circunstâncias adversas  a dormir ao relento.
E a fechar, o detalhe que revela o grave e já antigo problema tomarense. Somos uma comunidade em grande parte de ideias fixas, avessa ao diálogo convivial e pouco dada à tolerância, porque com traços acentuados de monolitismo e fanatismo. Neste caso, a revelação é involuntária, o que só reforça a sua pertinência. A dado passo do comentário que tem vindo a ser citado, a sua autora escreve isto: "É triste, gostava que a Senhora Presidente e os seus aliados pensassem nas pessoas como um todo, e não em grupos."
Mais de quatro meses após ter deixado a presidência da Câmara a meio do mandato, para esta munícipe queixosa e cheia de razão, ainda é a ex-presidente a responsável, e não o actual presidente Cristóvão. O que revela um conservadorismo bem acentuado e uma nítida falta de elasticidade funcional, mesmo numa pessoa que escreve muito bem, assim revelando que pensa adequadamente, embora com esse inconveniente da carência de aptidão para a mudança constante, e para a abertura de espírito. Não é caso único em Tomar. Pelo contrário. Daí também a nossa crise económica e existencial.
Há dias, um comentador habitual do Facebook escrevia isto: "A terra é boa. Faltam duas ou três fábricas." Fábricas de quê? Para funcionarem com que mão de obra que não temos? (tailandeses? malaios? bangladechis? paquistaneses? senegaleses? outros muçulmanos, como agora na agricultura alentejana e ribatejana?) Que argumentos temos para atrair novas fábricas, se as antigas faliram todas, e nem uma se conseguiu recuperar? Realmente, é como diz o povo, o pior cego é aquele que não quer ver. Ou não é capaz, mesmo quando mantém a visão..


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