segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Política local

A falta que faz uma oposição capaz

Numa altura em que é cada vez mais evidente a fragilidade do governo espanhol (o único socialista na UE, além de Portugal), e em França escolhem como primeiro-ministro Gabriel Attal, um jovem de 34 anos, homossexual assumido,  de pai tunisino e mãe de origem russa, para tentar resolver, entre outros, o complexo problema da imigração, em Tomar agrava-se o mal viver  e o mal estar, com cada vez mais cidadãos conscientes a fingir que não vêem, assim procurando evitar problemas.
("Lá está o gajo outra vez a dizer mal dos tomarenses", vão dizer os do costume, dando assim razão ao velho ditado chinês "Quando o dedo aponta para a Lua, os parvos ficam a  olhar para o dedo".) Segue-se que, na terra gualdina, o mal estar e o mal viver não são de agora. Vêm de longe e estão para ficar. Pela simples razão que, não havendo oposição capaz, quem está no poder municipal faz o que quer. O que lhes permitiu criar ainda mais problemas, ao julgarem que resolviam a trapalhada do acampamento do Flecheiro. Não meditaram nas consequências previsíveis, e elas aí estão, cada vez mais visíveis.
Mas há oposição, dirão alguns cidadãos respeitáveis. Com razão. Oficialmente há. Mas na prática, serve para quê? No executivo, os social-democratas são minoritários, e as suas grandes opções não diferem muito das dos socialistas. Quando há críticas  exteriores mais ásperas, o que é raro,  tendem a defender os socialistas, para proteger a casta à qual consideram pertencer. 
Na AM, a música é semelhante, embora com outros executantes. Os socialistas não têm maioria, mas conseguem fazer passar tudo o que querem, graças designadamente à CDU e ao BE, que a troco de algumas contrapartidas votam no essencial com os socialistas. Onde estão os partidos de protesto?
A falta que faz uma oposição capaz. Mantêm-se os velhos problemas (poluição do rio, falta de investimento, falta de emprego, fuga da população, custo dos tabuleiros, integração social dos ciganos, segurança, sossego, festas gratuitas, falta de ambulâncias, limpeza urbana deficiente, custo da habitação, excesso de burocracia), ao mesmo tempo que vão surgindo outros, mas ninguém parece muito incomodado. Pelo menos ninguém avança hipóteses de solução, nem mesmo o pessoal do Chega. Todos à espera de  milagres? Os problemas pendentes não se resolvem por si, vão-se agravando. A falta que faz também um eleitorado capaz. Com atitude cívica de intervenção. Solidário com o bem comum e não com o de minorias aproveitadoras.
Por alguma razão, os outros concelhos avançam e nós vamos ficando para trás. A nível regional, Ourém que em tempos teve menos população que Tomar, já vai lá adiante, enquanto na área internacional, em Espanha o salário mínimo já está nos 1.130 euros, quando em Portugal PNS, se ganhar, promete chegar aos mil euros...em 2028. Olha a grande façanha! Nessa altura os espanhóis já irão nos 1.300 ou 1.400€.

Adenda

PNS não é o acrónimo que está a pensar, mas apenas o Patusco Neto do Sapateiro. Para que conste.

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