quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

 


Desenvolvimento local

Muito sombrio o futuro de Tomar - 2

https://tomarnarede.pt/economia/foram-criadas-84-empresas-e-33-acabaram-em-2023/

O poder local pode ser o principal motor do desenvolvimento económico da urbe, se souber trabalhar, mas nunca é o único responsável pela decadência da cidade e do concelho. São os cidadãos os obreiros do futuro da sua comunidade. Vimos na crónica anterior que em Tomar têm sido cometidos erros graves de planeamento, sobretudo nos últimos dez anos. Desta feita tenta-se enumerar as consequências nefastas desses erros na consciência dos cidadãos residentes e dos forasteiros.
Citando números do INE, referentes a 2023, Tomar na Rede mostra a evolução empresarial da região Abrantes - Ourém - Tomar - Torres Novas, muito desfavorável sobretudo para Tomar. Ourém lidera folgadamente o ranking da criação de empresas, com um saldo positivo de 101 (140 criações, menos 39 encerramentos). Seguem-se Torres Novas, com um saldo de apenas 56 (82 menos 26), Abrantes com 54 (81 menos 27) e Tomar com 51 (84 menos 33).
Mostra isto que Ourém, outrora o centro populacional mais pequeno da região, lidera agora em termos demográficos e de dinamismo empresarial. Porquê? Decerto porque no século passado, Abrantes, Tomar e Torres Novas eram cidades de guarnição, cada uma com o seu regimento de mais de 1.500 militares, com destaque para a cidade nabantina, que tinha além do regimento, um quartel general e um hospital militar. (RI 2 em Abrantes, GACA 2 em Torres Novas, RI15, QG e HMR3, em Tomar). Largamente dependentes portanto do orçamento de Estado, enquanto os oureenses foram forçados a emigrar "a salto", sobretudo para França, miséria a quanto obrigas.
A situação mudou no último meio século, e de que maneira. Fátima continua onde sempre esteve, mas Abrantes tem agora um regimento de intervenção em desastres naturais, por enquanto com um efectivo reduzido, Torres novas herdou a Escola de formação da PSP, que ali foi instalada pelo tomarense general Fernando de Oliveira, e Tomar mantém oficialmente o RI 15, na prática um batalhão paraquedista, em geral com  pouco mais que uma companhia permanente. E a casa de reclusão. É o que resta de outrora.
Habituados ao abandono por parte do governo (só começaram e ter ensino secundário oficial em 1973, ministrado por professores idos de Tomar), os oureenses continuaram virados para a emigração, mas entretanto muitos regressaram para construir casas, montar negócios ou cultivar a terra, já com outra mentalidade. Em Ourém há agora menos burocracia e muitas empresas novas e dinâmicas, quase todas geridas por empresários que "andam cá e lá, desenmerdam-se", como se ouve ali por Caxarias ou Espite. Têm dupla nacionalidade, família e casa cá e em França, pelo que, quando há crise, "vão para cima, parce que lá-haut on gagne davantage", regressando depois.
Enquanto isto, Tomar tem de longe a maior densidade concelhia de associações culturais, desportivas e recreativas, todas dependentes dos subsídios camarários, algumas das quais vão inovando, é verdade, mas nunca em termos empresariais. Há novos eventos, tanto na cidade como nas freguesias rurais, mas mesmo quando cobram bilhetes de acesso da ordem dos 50 euros, como acontece em Cem soldos ou no Paço da Comenda, não dispensam o subsídio da Câmara (50 mil euros para o Bons sons, em 2022). Qual é o problema? É a mentalidade. Subsídio camarário é despesa, não é investimento. Não produz valor acrescentado, apesar da balela "para promover Tomar"E sem isso não podemos andar para a frente de forma sustentada, como bem sabem os senhores eleitos locais que são licenciados em economia. Ou estarei a ver mal? São contra o capitalismo? Estão no seu direito. Mas o população tomarense não tem culpa nenhuma, embora vá pagando as favas.

4 comentários:

  1. Tomar não era só tropa. Então e a indústria? Foram os criminosos dos comunistas revolucionários que arrebentaram com ela. E o comércio?. Eu era miúdo, passava três vezes por semana na corredoura em direção ao Instituto de línguas e ficava maravilhado com as montras!!! Era na altura que ainda lá passavam os carros. Eu ficava muito tempo a admirar os últimos computadores na loja da singer e a sonhar com um, custavam um balúrdio, com os vídeos, as tvs e as aparelhagens. Hoje aquela rua não me diz nada, está decadente.

    A única solução para Tomar e para o país está na emigração do Brasil e ninguém fala disto.

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    1. Não era só tropa, mas era sobretudo a tropa. Uma das minhas rendeiras confessou-me uma vez, antes de se ir embora: -As minhas clientes eram as senhoras dos senhores oficiais. Agora que a tropa se foi embora, também tenho de ir.
      Claro que também havia a indústria. Como nas outras terras. Com uma notável diferença, nas outras terras ainda há (Renova, em Torres Novas, MItsubichi no Tramagal, por exemplo). Agora em Tomar só os saudosistas do proletariado e que dizem que faltam fábricas. Para funcionar com que mão de obra?

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    2. Nunca faltou mão de obra ás indústrias, não foi por causa disso que elas fecharam. Na agricultura sim, falta mão de obra porque além de ser muito duro é um trabalho sazonal. As indústrias fecharam por terem pessoas sem competência á frente daquilo. Eu dou-lhe o exemplo do Prado. Durante muitos anos teve á frente um director de produção, cujo nome não me recordo, que levava o barco para a frente. Era uma pessoa sem qualificações superiores mas que tinha tacto para aquilo e lá ía navegando as crises provocadas pelo sistema, a indústria é uma coisa muito mais complicada do que a hotelaria daí eu falar em sistema. Ele reformou-se e depois meteram lá um engenheiro de coimbra, que apesar das qualificações, já não tinha aquela habilidade. Salvo erro chamava-se Augusto, ele até deu uma entrevista ao cidade de tomar onde se notava a aflição e o desgosto por aquilo ter fechado.

      Eu passei por lá e pela platex e o sentimento que eu via nas pessoas é que estavam a lixar-se para aquilo, a maior parte queria que fechasse para receberem a indemnização.

      Quanto á tropa, se calhar o melhor era fechar e passar para lá a ciganada. Eu já aqui escrevi uma vez que aquilo já não é um regimento é uma companhia

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  2. Ainda ontem falando nas associações patrocinadas pela CMT com o nosso dinheiro naquele triste carnaval de tomar ( sim tomar com letra pequena porque esta cidade por pouco já não é minha ) segundo a organização seriam 600 os elementos do desfile ,só que chegados á praça da república e com vontade em se aliviarem em termos liquidos e sólidos ,ali chegados depararam-se com todos os sanitários encerrados ...
    Nas escadinhas ao lado do palácio encerrados...
    No parque de estacionamento encerrado...
    No palácio do POVO encerrado (apesar de na Festa dos Tabuleiros ) terem tido acesso aos WCs do palacete !!!?
    Nos cafés da zona aconteceu por diversas integrantes do carnaval pedirem e pagarem uma bebida afim de assim agradecerem o facto de utilizarem os WC sendo posteriormente informadas ou informados de que estavam avariados ...
    MISÉRIA É QUE É ...

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