terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

 


Desenvolvimento local

Muito sombrio o futuro de Tomar

Segundo o Le Monde, Portugal recebeu o ano passado 18 milhões de visitantes, ultrapassando todos os anos anteriores. Bom resultado que convém todavia acolher com modéstia, pois mesmo ao lado, a Espanha alcançou 82 milhões, estando portanto noutro patamar. Neste contexto, o santuário de Fátima anunciou 6,8 milhões de peregrinos, um pouco mais de um terço dos turistas que entraram no país.
Tudo bem portanto? Nem tanto. O actual maná turístico não vai continuar a crescer durante muito mais anos, quanto mais não seja por falta de capacidade de acolhimento, e o actual fluxo tem uma distribuição muito irregular, tanto no terreno como ao longo do ano. O exemplo mais flagrante é entre Fátima e Tomar, separadas por apenas 35 quilómetros. Enquanto o santuário, registou 6,8 milhões de visitantes, o Convento de Cristo ficou-se pelas 300 mil entradas. Vinte e três vezes menos. Um exagero.
Simples fruto do acaso? É pouco provável. Há muito que Tomar carece de adequadas estruturas de acolhimento e de planeamento cuidado, bem como de promoção turística eficaz e coerente. Há umas semanas, a ex-presidente da Câmara, agora responsável pela promoção turística regional, anunciou aos quatro ventos que a Entidade regional de turismo do Centro vai procurar incrementar o turismo em Fátima durante todo o ano. Como se esse fosse o grande problema da zona.
Não é caso único. A mesma senhora, de uma grande simpatia, anunciou em tempos que pretendia atrair para Tomar turistas de elevado poder de compra, e que fiquem mais tempo na hotelaria local. Isto depois de, anos antes, ter mandado encerrar o parque de campismo, onde agora funciona apenas um "encosto" para autocaravanas com poucas condições.
Resultado palpável de tais posições controversas, a mesma simpática autarca acabou concedendo generosos subsídios a dois festivais musicais rurais, um em Cem soldos, outro no Paço da comenda, cujos espectadores são mais para o mochileiro do que para o elevado poder de compra. Uma parte pernoita em tendas instaladas nas ditas aldeias, com as condições possíveis, porque não há parque de campismo em Tomar. Promoção turística negativa, como nos Tabuleiros, com aquelas centenas de pessoas a palmilharem quilómetros, por nítida falta de organização capaz.
-Mas o campismo tinha mesmo que fechar, por causa do Plano de pormenor do parque da cidade e do Açude de pedra, afirmam alguns técnicos, apoiados por agarrados à gamela. Tinha mesmo? Ou é só treta? Se agora resolveram revogar o Plano de pormenor das Avessadas, argumentando designadamente com a falta de implementação, porque não fizeram o mesmo, em tempo oportuno, com o do Parque da cidade e Açude de Pedra, que nunca saiu do papel? Trata-se mesmo de "Planos de pormenor", ou de "Planos pró melhor", que convém suprimir quando não proporcionam os rendimentos esperados?
A mim o que me preocupa, apesar de já cá não estar muito mais anos, é esta sucessão de asneiras e de carências, mascaradas de êxitos, que nos levam forçosamente ao desastre final. E eu gosto muito de Tomar.


9 comentários:

  1. A minha percepção, e posso estar enganado, é que o parque de campismo tem pouca influência no Turismo de Tomar, não me choca ter sido encerrado. O campismo já é de outros tempos. A Caravana tem mercado.

    Repare que o Campismo, que eu vivenciei bastante porque passava lá todos os dias, é de outra realidade, é de outros tempos. Hoje em dia com os hotéis e o alojamento local, com as plataformas da internet, o airbnb, o expedia, o trivago, etc..., fez com que a oferta seja tanta que os preços ficaram tão baratos que não justifica o campismo. Foi uma boa decisão fechar o parque e o converter a parque de caravanas.

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    1. Foi uma péssima decisão, Helder, o encerramento do campismo. Os campistas são outra gente, que gosta da natureza e do ar livre. Não tem nada a ver com o preço ou a disponibilidade de alojamento. E ficando geralmente mais tempo, fazem depois uma excelente promoção, como era o caso em Tomar, com famílias que vinham todos os anos, tanto do país como do estrangeiro.
      É uma actividade sazonal? É, tal como o turismo, mas nem tanto assim. Prova disso é que em França, cujo clima é mais frio e agreste que o nosso, há milhares de parques de campismo PRIVADOS e não consta que estejam a perder dinheiro.
      Este seu comentário, Helder, faz-me lembrar boa parte dos eleitores tomarenses. Votaram PS e estão de acordo com medidas erradas, como o encerramento do campismo, mas depois queixam-se perante as consequências. Têm dificuldade em estabelecer uma relação entre as causas e as consequências. Quer um exemplo? A poluição do Nabão incomoda boa parte dos tomarenses, mas ninguém fora de Tomar, no governo ou nos ministérios. Quem é que se vai incomodar com uma pequena cidade da província, em decadência cada vez mais acentuada? Haja realismo, Helder!

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  2. E reparem que o campismo em Tomar seria sempre sazonal, só existe no verão. Não me escandalizou em terem encerrado o parque, há outras prioridades.

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    1. Temos agora uma realidade insólita. Em Paris, com milhares de hotéis e de alojamentos locais, que recebe dezenas de milhões de turistas anualmente, há um parque de campismo privado em plena cidade, nas margens do Rio Sena. Em Tomar, uma territa mal equipada, com meia dúzia de hotéis e que recebe menos de um milhão de turistas anualmente, a autarquia fechou o campismo para não fazer concorrência ao alojamento tradicional. Mais comentários para quê?

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    2. Respeito a sua opiniã, mas o professor já viu a trabalheira que é viajar com a casa ás costas, levar a arca térmica, o fogão, a TV, agora já não se usa, agora são os tablets, o penico, os tachos, etc...,etc... Agora talvez só os escuteiros.

      Eu fiz campismo, para aí uns 2 ou 3 anos, no princípio dos anos 80, no parque de campismo da praia de Pedrogão e adorei, tenho memórias maravilhosas desse tempo, ainda me lembro do cheiro da tenda, dos colchões, sacos de dormir, etc... Nós íamos para lá pelo convívio, mas estivemos lá poucas vezes, passámos a ir para casas. E a outra malta também começou a desandar de lá, infelizmente já poucos restam.

      É natural haver só um parque de campismo em Paris, é uma modalidade de turismo em extinção. Se o Professor for ao booking.com, que penso ser a maior plataforma do género do mundo e fizer uma pesquisa vê uma variedade muito grande de oferta de alojamento em Tomar, os hotéis, os alojamentos locais, as quintas, quartos, etc... o campismo já era, é de outros tempos. Ainda se vê muito caravanismo, há muitos franciús que vêm ás praias portuguesas de caravana, é malta que gosta de conduzir, investiu em tempos numa autocaravana e tenta dar-lhe uso. Estou convencido que a maior parte até está desejosa de se ver livre delas. Vivemos no tempo do digital, agora já nem se usam mais os bilhetes de avião, de comboio, é tudo pelo telemóvel, você chega ao local que alugou e acede ao mesmo através de um código, é outro mundo Professor!!! E olhe que não é ficção, é a reladidade actual. Vivemos num mundo impensável á 25 anos atrás, eu tenho 48 e já me acho velho não consigo acompanhar tanta modernice!!! Eu bem tento, mas não consigo!!!

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  3. Não esquecer os tempos em que vivemos ,com muita turista jovem e de meia idade a preferir o campismo ou caravanismo porque um estilo de férias ao natural e muito menos poluente.
    Durante muitos anos nas anteriores instalações , de inverno vinham turistas com longas estadas ,porque para um Francês , Holandês ou Alemão mesmo o nosso inverno é muito mais ameno do que naqueles países .
    Numa região que se quer atrativa para o turismo deve diversificar a oferta .
    Quem pode financeiramente e quer luxo tem Hotéis para esse fim ,quer quer conforto a preços médios também existe ,assim como os A.L. ,porque não existe o já citado parque desde onde está localizado ,o que poucas cidades se podem orgulhar ,como em toda a sua extensão ao longo do rio até ao açude de pedra ,assim o que leva a pensar é que deve haver interesses obscuros para a atual estratégia . Muito estranho esta matéria não ser uma forte bandeira da oposição , só nos levam a pensar em segredos insondáveis !!!

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    1. Eu acho que quem mandou fechar o parque de campismo fez muito bem, mostrou visão. Se foi por sorte, um tiro no escuro, acertou, se foi de propósito muitos parabéns, bravo. Eu nunca imaginaria que as coisas chegariam a este ponto, eu há 30 anos atrás nunca imaginei que as fábricas de Tomar fechassem todas e Tomar vivesse do Turismo, isso para mim é um crime que nunca foi julgado. Vivemos numa época em que o papel está a substituir o plástico e nós tinhamos papeleiras centenárias!!! Agora o parque de campismo, dava trabalho a duas ou três pessoas o ano todo, no seu auge.

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  4. Boa noite Sr. Hélder Silva .
    Desculpe mas parece que está a ver o filme de pernas para o ar quanto ao parque de campismo .
    Basta ver a juventude acampada em Cem Soldos durante " Os Bons Sons " e os bilhetes para o campismo não são nenhuma bagatela ,pois podiam comprar os bilhetes para os concertos e vir pernoitar a Tomar ,pois são facultados transportes gratuitos ,e tal não acontece assim tanto !

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    1. Boa tarde Sr.Oliveira. Por curiosidade fui ver os preços dos bilhetes do Sem Sons. Eu não percebo nada daquilo, é por fases e o mais caro parece ser 65 euros, com o campismo incluído. Os putos vão para lá para curtir, ouvir música, conviver, e fumar umas coisas. Fazem o campismo para estarem todos juntos. O campismo faz parte da experiência, é uma espécie de recriação do woodstock, dos finais dos anos 60.

      Quem é que viaja no carro com a tenda hoje em dia? E a mala térmica, e a bacia, as toalhas, os pratos, copos e talheres? Eu sinceramente já não conheço ninguém. Eu já não conheço ninguém que faça campismo, a malta de Tomar vai para a Vieira, Pedrogão, Nazaré mas vão para casas, na Nazaré um gajo anda 10 metros e aparece alguém: "Chambre, Zimbre, Room?". Quem for menos abonado escolhe as épocas mais em conta.O sr.Oliveira conhece? Conhece malta que ainda faz campismo? Eu muito sinceramente não.

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