Comunidade cigana de Tomar

Curiosa sucessão de ocorrências

Polícia apreende armas no bairro Calé em operação com grande aparato | Tomar na Rede

Trata-se realmente de uma curiosa e muito significativa sucessão de ocorrências, todas implicando a comunidade cigana tomarense, e com foco no chamado Bairro calé, ao lado da GNR. Primeiro foi um comentador sob pseudónimo que alertou, no Tomar na rede, para a existência de mais um anexo ilegal e inestético no citado bairro.

Seguiu-se uma curta reportagem, com fotografia, no Tomar na rede, e logo depois um cigano residente no bairro, esclarecendo que o anexo era afinal um toldo com plásticos, para se protegerem das infiltrações e da humidade, provocadas por má qualidade da construção, e que alegadamente já causaram problemas de saúde num filho de dois anos. Acrescentou o comentador que já se tinham queixado anteriormente, o que originou a vinda de arquitectos camarários por três vezes, mas sem resultados.

Dois dias depois, noticia o Tomar na rede (link supra), a PSP levou a efeito uma operação de envergadura e com aparato no Bairro calé, durante a qual apreenderam três espingardas, duas pistolas, uma catana, um chicote e 31 cartuchos calibre 12. Tudo ferramentas de trabalho daquela honrada gente, que só podem tranquilizar a população vizinha, nomeadamente a GNR que é mesmo ao lado, mas não tem competência legal para intervir. Se um dia, por hipótese, os moradores do bairro resolverem invadir as instalações da guarda, como forma de protesto contra qualquer coisa, a GNR terá de pedir socorro à PSP. Atribuições legais à portuguesa. E ninguém parece incomodar-se com a insólita situação administrativa, que é fácil de alterar. Basta determinar e mandar publicar.

Além do armamento apreendido, que só pode inquietar, pois cinco armas de fogo para menos de dez adultos masculinos, é algo alarmante, quer se queira, quer não, há o outro detalhe. Foi detido, durante a operação, um homem de 30 anos (residente no bairro, ou que ali estava escondido), antes condenado a 5 anos de prisão por tráfico de droga, falsificação de documentos agravada e condução ilegal. Surge então a dúvida: a detenção do condenado foi um mero acaso? Ou a operação foi desencadeada expressamente para o prender, uma vez que estava em fuga? A PSP não esclarece e é pena, pois é todo um ambiente urbano que está em causa. Melhores dias virão? Oxalá, mas é pouco provável. "Quanto mais tarde, pior maré", dizem ali para as bandas da Nazaré, onde muitos ainda os têm no Sítio, lá em cima.