segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Sovietismo tomarense

Já sei que vou chocar mais uma vez o reduzido mas verbalmente aguerrido exército nabantino, composto pela extrema-esquerda, alguns PS e diversos perdidos na paisagem. Tudo gente que a verdade sobre a realidade envolvente incomoda. Mas as coisas são o que são. Paciência portanto.
Num micro-universo tomarense de 34 mil eleitores inscritos, apenas 3 cidadãos  ousam desafiar regularmente o conforto asnático nabantino, tentando criticar o que pensam estar mal. Há outros, bem entendido; mas esses são por assim dizer profissionais. Foram eleitos ou ocupam lugares que obrigam a criticar, a emitir opinião. São os vereadores da oposição,  os vogais da AM, (impropriamente chamados deputados municipais, porque aquilo nada tem de parlamento, sendo apenas uma triste câmara de registo, tipo cartório notarial), presidentes de junta que querem mais milho e funcionários de confiança política.
Tirando esses, que mesmo assim pouco dizem e ainda menos escrevem, restam os tais 3 cidadãos desviantes: Américo Costa, Sérgio Martins e o escriba destas linhas, por ordem alfabética do último nome. Apenas 3 críticos activos em mais de 30 mil habitantes. Que vergonha cívica! Que reles cidadania! Até parece que continuamos a viver num regime ditatorial; salazarista, soviético ou maoista, onde o medo imperava e se calhar ainda impera.

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A sede do KGB, em Moscovo

Apesar de muito poucos e provavelmente por isso mesmo, os 3 arautos da crítica tomarense parecem incomodar sobremaneira as luminárias que ocupam, estão ligadas ou simplesmente apoiam o poder instalado. Apenas por convicção ideológica, claro. Nada de defender interesses menos legítimos. Isso não. De modo algum. São tudo almas puras, que nunca erram. Os 3 referidos críticos é que são uns malvados.
De tal forma assim é que, em vez de responderem cabalmente, por palavras ou actos, àquilo que se vai reprovando, nomeadamente nestas linhas, os visados, tanto os que governam como a oposição em geral, usam adoptar uma atitude dupla. Por um lado -oficialmente, digamos assim- fingem fazer orelhas moucas. Não leram, não ouviram, não sabem. Por outro lado, mas praticamente em simultâneo, vão difundindo e patrocinando a difusão pela calada de opiniões sobre os críticos menos adequadas à vivência em democracia.
Fazem constar que Américo Costa é tonto, Sérgio Martins cabotino e o autor destas linhas agreste, mal criado e sempre do contra. Estão no seu direito. Vivemos felizmente numa sociedade livre. Graças aos militares de Abril, mas também e sobretudo a esse grande e humilde homem que agora vai a sepultar. Mas tenham cautela, senhores eleitos e respectivos apoiantes lambe-botas. Também na desaparecida União Soviética e seus satélites, os críticos eram considerados desviantes perigosos e por isso tontos. O que levou até os governos de então a mandá-los internar em hospitais psiquiátricos. Com o fundamento que, num regime do povo e para o povo, ser contra só podia ser um sinal de loucura.
Sabe-se como tudo acabou. Foi de repente e ainda hoje ninguém compreende bem como. Por isso tenham cautela tomarenses conformistas! Tanto governantes como governados. Ao pensarem o que pensam sobre os três críticos solitários, não julguem que estão cheios de razão. Só o tempo esclarecerá quem está a ver bem as coisas e quem, pelo contrário, tem o hábito de as ver através do anus e do intestino grosso.

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