sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Excertos para pensar

"No livro Porque falham as Nações Daron Acemoglu e James Robinson começam por descrever a vida de duas localidades a poucos passos uma da outra, Nogales, no Arizona, EUA e Nogales, Sonora, México. Numa as crianças vão à escola, a maior parte das pessoas tem educação secundária, a população é relativamente saudável e as pessoas não têm medo de sair à rua. Na outra, com um rendimento médio que é um terço do dos seus vizinhos, há muitos adolescentes que não vão à escola, a taxa de mortalidade infantil é mais elevada, a esperança de vida é mais baixa que a de Nogales no Arizona, a taxa de criminalidade elevada e abrir um negócio é arriscado."
Helena Garrido, Trabalho, capital, e o resto no crescimento, Observador on line, 12/01/2017


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Vedação na fronteira entre os Estados Unidos e o México

"Um mercado de trabalho saudável precisa de um equilíbrio entre direitos e deveres de trabalhadores. Se por um lado é necessário garantir que os empregadores remuneram adequadamente o fator trabalho, que muitas vezes tem menor poder negocial, também temos de evitar cair no extremo oposto. Não podemos ter empresas (ou serviços públicos) em que parte dos empregados está só a cumprir horário mas não pode ser despedido, e os restantes são sobrecarregados com as tarefas dos colegas. Este tipo de ambiente gera imediatamente baixa produtividade e induz baixo investimento a longo prazo, o que acentua o efeito inicial."

Catarina Reis, Aumentar a produtividade, Observador on line, 12/01/2017

(Os negritos e as cores são da minha autoria.) 

O meu comentário

Tomar e Ourém não estão tão próximas como as duas Nogales citadas no primeiro texto. Distam 19 quilómetros, fazem parte do mesmo país, há segurança pública, sendo as respectivas condições de vida felizmente boas e comparáveis. Só que a população de Ourém, que em 2001 era inferior à tomarense, (39.644 eleitores inscritos, em Tomar; 38.884, em Ourém) agora já a ultrapassa em mais de 5 mil eleitores (36.266, em Tomar; 42.863, em Ourém -Dados oficiais do MAI). E a tendência é para  ampliar essa diferença, posto que há cada vez mais população em Ourém e cada vez menos em Tomar, em movimentos opostos, portanto. Porque será? Quais serão as causas da tal estado de coisas?
Numa primeira abordagem, salta à vista que em Ourém há muito menos funcionários públicos que em Tomar. Designadamente porque não existe ali nenhum regimento, nem  um grande hospital, nem ensino superior. E os funcionários da autarquia oureense não chegam a metade dos da Câmara de Tomar. Por isso, entre os 308 municípios do País, Tomar, com 39,9% de encargos com pessoal, ocupa o 34º lugar na lista dos 35 que mais gastam percentualmente com funcionários. E Ourém não faz parte desse grupo.
Mais conclusões, designadamente sobre a diferença entre as taxas cobradas pela CMT e as cobradas pela CMO, ficam por conta de quem fizer o favor de pensar um bocadinho, após ter lido estas linhas.
Cá por mim, fico-me pela conhecida expressão castelhana "Yo no creo en brujas, pero que las ay, las ay!" 
Como é óbvio, para quem seja capaz de ver a diferença entre a beira da estrada e a estrada da Beira, nada tenho contra os funcionários públicos. Mesmo os que integram o numeroso "Império dos sentados" e se julgam donos dos serviços onde estão. São cidadãos com direitos e deveres como quaisquer outros, incluindo o direito ao trabalho justamente remunerado. Mas quando são claramente excedentários, há que tomar providências. Quanto mais cedo melhor. Respeitando os direitos de cada um, bem entendido. Incluindo o direito cidadão de reclamar quanto menos despesas de funcionamento do Estado e das autarquias, melhor. Porque mais despesas = mais impostos e taxas = ausência de investidores = falta de emprego = fuga da população. Exactamente o que está a acontecer em Tomar.
Ou estarei enganado e aqueles que defendem quanto mais emprego público melhor, cheios de razão? Nesse caso, porque acabou a RDA e caiu o muro de Berlim, em 1989? Não terá sido certamente por falta de militares e outros funcionários públicos para o defender...

anfrarebelo@gmail.com


1 comentário:

  1. Porque será? Porque falta investimento, e a resultante criação de emprego. E falta tudo o que leva a captar investimento. Tudo.

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