terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Mais uma salada à moda de Tomar

Numa altura em que a situação tomarense é cada dia mais complexa, a presidente Anabela Freitas resolveu sacar mais um coelho da cartola. Inopinadamente anunciou, na reunião camarária de 16 de Janeiro, que a câmara vai ter de devolver a avultada soma de 738 mil euros, devido a irregularidades na construção da Escola EB 2/3 Nuno Álvares Pereira. Subentendido: Os responsáveis foram os anteriores autarcas do PSD, no poder aquando dos factos. Mensagem subliminar que se pretende transmitir: Dizem que a gestão PS não é boa, mas a oposição PSD ainda é pior.
Não tenho qualquer razão para duvidar de que a senhora presidente resolveu expor mais uma bronca política e económica nesta altura, por mero acaso e apenas por isso. Ainda assim, não posso deixar de considerar estranho que a exposição do dito escândalo tenha sido de tal forma precipitada e lacunar que até o jornalista da Rádio Hertz, apesar de habituado a seguir as reuniões autárquicas, e por isso bom conhecedor dos hábitos da casa, acentuou esse facto:
"Esta situação foi admitida pela própria presidente Anabela Freitas, em plena reunião do executivo que decorreu nesta segunda-feira, sendo que faltou dizer quais os erros em causa, quem é o responsável ou responsáveis e quais as razões pelas quais não houve uma fiscalização da Câmara à medida que os trabalhos iam decorrendo. Agora, o Município está perante um buraco financeiro que tem de suportar. Importa incorporar, então, as palavras de Anabela Freitas, que prometeu mais esclarecimentos na próxima reunião do executivo: «Na sequência do encerramento do quadro comunitário QREN empreitada de requalificação da EB Nuno Alvares Pereira, para encerramento do dossier, o Município de Tomar terá que pagar à Autoridade de Gestão 738 mil euros, 639 mil dos quais referentes a trabalhos facturados indevidamente. E isto resulta da verificação no local, feita pela Autoridade de Gestão. Estamos a preparar um plano de pagamentos porque, como se pode calcular, não é exequível pagar o referido montante de uma só vez. Não existiam documentos na Câmara sobre a empreitada, empreitada esta que ascende a valores na ordem dos 6,2 milhões de euros»."

Resultado de imagem para fotografias escola eb2/3 Nuno Álvares Pereira

A avolumar ainda mais as minhas dúvidas, surgem três factos que me parecem fundamentais: 1 - Segundo a senhora presidente "Estamos a preparar um plano de pagamentos..." Sendo assim, se ainda nem plano de pagamentos há, qual é a justificação para uma tão atabalhoada exposição perante o plenário do executivo? Qual era a pressa? Só para tentar enxovalhar o PSD? 2 - Lê-se também na notícia que Anabela Freitas disse textualmente que o Município "terá que pagar (na realidade trata-se de devolver) "738 mil euros, 639 mil dos quais referentes a trabalhos facturados indevidamente." Resta assim esperar que, na próxima reunião do executivo, a senhora presidente já saiba e explique finalmente a que se referem os restantes 99 mil euros a devolver. 3 - Segundo a senhora presidente "Não existiam documentos na Câmara sobre a empreitada." Ou seja, se bem entendo, um processo, que decerto tramitou e foi devidamente informado e despachado pelos competentes serviços municipais de urbanismo e gestão do território, no valor de 6,2 milhões de euros -equivalente a mais de 40 apartamentos T 3, a preços actuais- levou sumiço. E passaram mais de 3 anos, sem a actual gerência autárquica disso se dar conta. Trata-se, digo eu, de outro escândalo ParqT!
Resumindo, é meu entendimento que estamos perante mais uma daquelas saladas à moda de Tomar, que eu pelo menos continuo a não perceber muito bem. Certamente porque o horizonte da questão me parece tão transparente como uma manhã de cerrado nevoeiro em Londres. Com que intenções? A seu tempo saberemos?

Os negritos são de Tomar a dianteira

anfrarebelo@gmail.com

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