Após meses de indecisão pelo menos aparente, o PSD Tomar lá se resolveu a entregar a carta a Garcia. Indicou o seu cabeça de lista para a Câmara, que será Luís Boavida. Com ele vão José Delgado e Célia Bonet. João Tenreiro foi realista e, segundo informações fidedignas, será o cabeça de lista para a Assembleia Municipal. Confirmou-se aquilo que eu temia: Uma futura escolha entre jovens, bem falantes, educados, urbanos, especialistas em inaugurações, festas, comícios e bebícios. E funcionários públicos, com a inerente mentalidade de funcionários públicos. Aquela ideia de fundo segundo a qual o Estado é que deve providenciar e os cidadãos remediados e/ou ricos é que devem pagar. Os outros, coitadinhos, devem ser ajudados e protegidos, tal com os funcionários públicos no activo, que são cada vez mais. Quanto aos empresários, investidores ou especuladores, são todos uns malandros que devem ser afastados da pureza tomarense, custe o que custar. E os eleitores que trabalham no sector privado são todos de pouca confiança. Excepto naturalmente os do partido. Refiro-me à generalidade dos candidatos tomarenses. Meio século de regime ditatorial e quase outro tanto de asneiras nas candidaturas e nas urnas, deram nisto.
No que ao PSD respeita, não por Boavida ser má pessoa. Sei bem que não é. Pelo contrário. É mesmo o melhor especialista do PSD local no "roteiro da carne assada", para usar a feliz expressão do seu ilustre companheiro e ex-secretário de Estado, José Eduardo Martins. O que o qualifica decisivamente para ganhar as próximas eleições, sendo a realidade política tomarense aquilo que na verdade é.
Foto Tomarnarede, a quem agradecemos.
Usando da minha habitual frontalidade, creio poder dizer que, salvo imponderáveis no ainda longo caminho a percorrer, em Outubro próximo os tomarenses poderão observar o fenómeno inverso do ocorrido em 2013. Nessa altura, Carlos Carrão, outro especialista no roteiro da carne assada, porém desprovido de bagagem académica, perdeu inesperadamente, porque demasiado onerado pelos sucessivos e clamorosos erros dos eleitos do seu partido, os quais culminaram com a sua insensata escolha. Pois nas próximas autárquicas, antevejo que será o PS a perder para os sociais-democratas, porque fortemente causticado pelas sucessivas confusões do mandato de Anabela Freitas, que entretanto até cometeu o erro de afastar o estratego das campanhas socialistas anteriores. E estratégia, sobretudo política e prática, não é coisa que se aprenda assim do pé para a mão.
Caso, como penso, o ex-chefe da Divisão Financeira da Câmara de Tomar, venha a ser o seu próximo presidente, aí começarão os seus problemas e continuarão os dos tomarenses. Infelizmente. Com efeito, reconhecendo embora as suas muitas capacidades, não o vejo com arcaboiço anímico para confrontar os seus colegas de trabalho de mais de 20 anos com a gravidade da situação local, a exigir há muito que, mais cedo ou mais tarde, o município tenha de reduzir acentuadamente as suas despesas, como forma de aliviar depois tarifas, taxas e atitudes que estão na origem da cada vez mais evidente hemorragia populacional do nosso concelho, que aos poucos se está a esvair.
Uma vez que a referida redução das despesas terá de incidir sobretudo na área dos recursos humanos, dado não ser de todo aceitável, ou sequer confortável para os seus gestores, que uma câmara gastando 40% do seu orçamento com pessoal, lute mesmo assim com falta de trabalhadores, ou Boavida tem coragem para enfrentar o problema, ou opta por continuar na senda de Anabela Freitas, que escolheu a política do faz de conta nessa área fulcral. A seu tempo saberemos. Como habitualmente, demasiado tarde para emendar o voto. Mas que fazer, quando não há qualquer escolha, visto que, embora uns mais iguais que outros, são praticamente todos farinha do mesmo saco?
anfrarebelo@gmail.com
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