SÁBADO, 14 DE JANEIRO DE 2017
"Tomar aumenta exportações"
"Entre 2013 e 2015 o concelho de Tomar aumentou o volume de exportações em 42,5 por cento, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE)."
"Em 2015, as empresas tomarenses exportaram mais de 37 milhões de euros em produtos.
Na nossa região Abrantes lidera o ranking das exportações, com 243 milhões e 644 mil euros em 2015, um aumento de 25,5 por cento em relação a 2013.
Torres Novas é o segundo concelho que mais exporta na nossa região, seguido pelo concelho de Constância.
O Jornal de Negócios publicou uma infografia onde é possível ver os valores das exportações nos mais de 300 municípios do país."
A notícia que acima se reproduz parcialmente é do nosso confrade Tomar na rede, a quem agradecemos. Formalmente, trata-se de uma notícia actual, correcta e completa. O seu autor, o jornalista José Gaio, tem até o cuidado de indicar a respectiva a fonte e o link para lá chegar. Nada a reprovar-lhe portanto. Pelo contrário. Raro é que um jornalista seja simultaneamente tão respeitador das fontes e tão aberto para com os leitores.
Tudo bem, portanto? Infelizmente não! Sendo verdade que as exportações tomarenses aumentaram realmente 42,5% entre 2013 e 2015 incluído, o que é excelente, isso não significa que tudo vá pelo melhor na casa nabantina, como a notícia deixa subentender. Nem coisa que se pareça.
Na verdade, perspectivando essa realidade das exportações tomarenses, obtemos uma classificação por ordem decrescente dos municípios da região, no final de 2015, que é a seguinte:
Municipio Exportações em 2015
Leiria....................................554.070.018
Abrantes...............................243.644.236
Torres Novas........................160.435.061
Constância...........................156.215.073
Santarém.............................155.827.364
Ourém...................................63.864.545
Tomar.....................................37.106.311
Entroncamento......................13.992.902
Fica assim demonstrado que, apesar do extraordinário aumento de 42,5%, muito superior ao de qualquer dos outros concelhos -Abrantes 25,5%, Leiria 16,1%, Torres Novas 5,1%, Constância 13,8%, Santarém -0,9%, Ourém 0,1%, Entroncamento 8,1%- continuamos na cauda do pelotão. É apenas uma questão de tempo? Oxalá!
Mas por agora é assim: Em termos industriais, de produtos exportáveis, não passamos afinal de uma aldeia grande, que não tem conseguido atrair nem fixar qualquer grande investimento, enquanto os já instalados vão falindo. Por isso, os plásticos e os moldes estão em Leiria, a Mitsubishi e a Central do Pego estão em Abrantes, a Renova em Torres Novas, a Caima em Constância, e assim sucessivamente. Só continuamos a ser importantes na função pública. Mas essa não produz nada. Nem para exportar, nem para consumo interno. Em termos económicos, a burocracia pública só atrapalha e tem custos, não conta para praticamente mais nada. Não gera valor acrescentado transacionável. E sem ele pode haver desenvolvimento económico sustentável.
Para os leitores terem uma ideia ainda mais precisa de como, em matéria económica, tudo é muito relativo, Vila Velha de Ródão, um concelho no sul da Beira Baixa, na fronteira com Espanha, exportou em 2015 108.878.096€, praticamente o triplo do concelho de Tomar. Ródão tem apenas 4 freguesias e 2.974 eleitores inscritos. Tomar tem 11 freguesias e 36.266 eleitores inscritos. Aqui mais perto, Constância, que ocupa o 4º lugar na tabela acima, com 156.215.073€ exportados em 2015, mais do triplo de Tomar, tem apenas 3 freguesias e 3.428 eleitores inscritos. Será preciso fazer um desenho, para perceberem melhor o que pretendo dizer?
Na economia, como de resto em qualquer outra área da sociedade, é conveniente analisar e apresentar as coisas no seu contexto. A tal perspectiva, que faz sempre muita falta e sem a qual se pode muito bem ficar com uma ideia errada, ou pelo menos parcial, da realidade envolvente. É o que acontece com a notícia do Tomar na rede, sempre que os seus leitores não tenham a pachorra indispensável para ir catar e comparar no "linkado" mapa interactivo. Ficam todos satisfeitos, quando afinal, vai-se a ver...
anfrarebelo@gmail.com
Na economia, como de resto em qualquer outra área da sociedade, é conveniente analisar e apresentar as coisas no seu contexto. A tal perspectiva, que faz sempre muita falta e sem a qual se pode muito bem ficar com uma ideia errada, ou pelo menos parcial, da realidade envolvente. É o que acontece com a notícia do Tomar na rede, sempre que os seus leitores não tenham a pachorra indispensável para ir catar e comparar no "linkado" mapa interactivo. Ficam todos satisfeitos, quando afinal, vai-se a ver...
anfrarebelo@gmail.com
Pois sim, poderia ser melhor. Mas um aumento de 42,5% merece aplauso. Digo eu.
ResponderEliminarPois merece, sem qualquer dúvida. Mas nada de entusiasmos prematuros. Exportamos tão poucochinho que qualquer encomenda média permite logo um salto espectacular. O que no entanto não significa que a triste situação tenha melhorado substancialmente. Nem podia, porque não há condições mínimas para tanto.
EliminarAplauda-se portanto, mas devagar e com cautela.
Meu bom amigo, ainda bem que refere Vila Velha de Rodão, pois em nada tendo a ver com Tomar o motor das exportações da região tem a ver com pessoas que sairam de Tomar, das papeleiras de Tomar e revitalizaram a fabrica de papel de Vila Velha de Rodão, pessoas que não "serviriam" para Tomar e que "servem" noutros locais, tenho muitos exemplos desses, enquanto alguns Tomarenses "qualificarem" as pessoas e empresas com os critérios que têm sido até ao momento praticados e que me escuso de adjectivar, a cidade vai regredir.
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