Conforme muitos leitores decerto ignoram, sabatina pode ser uma revisão de matéria já explicada, ou um debate sobre determinada temática, em ambos os casos recorrendo a uma série de perguntas e respostas. No caso presente, trata-se de abordar questões dolorosas para os tomarenses, pelo que devem estes abster-se de ler. Evitam assim alguma eventual apoplexia. E pode até ser que as maleitas locais acabem por ir-se embora, uma vez que a esmagadora maioria da população finge ignorá-las de forma obstinada. E se não forem? Se não forem, depois logo se vê. Enquanto pingarem pontualmente pensões e vencimentos, o resto que se lixe, pensam muitos nabantinos.
Deus nos ajude!
Deus nos ajude!
Tomar vista do ar. Foto Helder Afonso, copiada da Rádio Hertz
Forasteiro: - Estou aqui há alguns dias veraneando e gostaria que me indicasse qual é nesta altura e para si o principal problema tomarense?
Nabantino: - Que eu saiba nenhum. Fala-se para aí na sangria da população, e nas dificuldades do executivo para inverter essa situação, mas deve ser só boataria. Invejas...
Forasteiro: - Mas olhe que estive a consultar alguns documentos estatísticos credíveis e não restam dúvidas; a população tomarense está mesmo a diminuir de forma acentuada. Nos últimos dez anos, desaparecem cerca de 3 mil eleitores.
Nabantino: - É natural; as pessoas vão morrendo e os jovens vão para outros lados. Alguns emigram.
Forasteiro: - Pois, mas então porque é que noutros concelhos próximos a redução é menor e nalguns há até aumento da população?
Nabantino: - Isso já não lhe sei dizer. Deve de haver razões.
Forasteiro: - Ainda sobre a perda de população, há quem diga que está relacionada com a falta de emprego.
Nabantino: - É bem capaz. As fábricas fecharam, o comércio também vai fechando e não têm aparecido novas sociedades para substituir.
Forasteiro: -Na sua opinião, a que se deve essa falta de empresas, de investimento em Tomar?
Nabantino: - Estamos longe de Lisboa, sabe; e depois as pessoas não gostam de nós, acham-nos convencidos. Preferem quem é lambe-botas. Não pode ser. Temos de manter-nos dignos.
Forasteiro: - Fala-se também numa série de obstáculos camarários para quem aparece a querer montar empresas. Exigências exorbitantes, custos elevados, taxas exageradas, compadrios vários, demoras...
Nabantino: - Não acredite nisso. É uma aldrabice. Pelo contrário. Esta terra sempre foi madrinha de estranhos e madrasta para os seus filhos. Basta saber bater às portas certas e estar disposto a corresponder.
Forasteiro: - Pode ser; mas diz-se que todas as equipas autárquicas desde o 25 de Abril deixaram muito a desejar em termos de visão política a médio prazo. E consta também que a actual não é melhor. Pelo contrário...
Nabantino: - Há quem diga isso, mas é só má-língua. Na verdade a autarquia sempre teve e tem uma excelente equipa dirigente e funcionários competentes e dedicados. Estamos em ano eleitoral, sabe. Por isso há cada vez mais ataques contra a câmara agora PS/CDU. É sempre assim. Querem é tacho, mas nunca fizeram nada por Tomar.
Forasteiro: - Importa-se de me dizer o que faz na vida e a sua inclinação política?
Nabantino: - Sou funcionário superior na autarquia e a minha inclinação política é o trabalho esforçado em prol desta terra, que nem sempre é compreendido, infelizmente.
Forasteiro: - Fico-lhe muito grato. Estou esclarecido. Vou procurar um concelho onde haja os tais lambe-botas de que falou, para criar a minha empresa.
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