quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Julgam que os tomarenses são todos criancinhas?

Ao longo de meses e meses, incansavelmente, Américo Costa tem vindo a fazer o possível para defender o Nabão. Escreveu, fotografou, filmou, falou, foi a sucessivas reuniões do executivo tomarense, manifestou-se sozinho frente à Câmara de Ourém, aí despejando uma garrafa da água poluída do Nabão, visitou várias vezes a ETAR da Sabacheira. E apontou sempre na mesma direcção -A ETAR em questão está subdimensionada e funciona mal.
A dada altura, vem o deputado comunista pelo distrito, António Filipe, visita a ETAR e a informação local noticia imediatamente que foi decidido procurar as causas da poluição do Nabão, que segundo constataram não residem afinal na ETAR demasiado pequena de Seiça. Sem dúvida por mero acaso, logo a seguir o Ministério do Ambiente é taxativo. Não senhor. Análises feitas, a poluição do Nabão não tem origem na capacidade nem no funcionamento da citada estação de tratamento de efluentes.
Aventa-se então a hipótese de a poluição do rio ser provocada por lagares de azeite, como se em anos, décadas e séculos anteriores os ditos lagares nunca tivessem funcionado. Confundem até, se calhar sem disso se darem conta, duas coisas bem diferentes -a poluição resultante de efluentes domésticos, com coliformes fecais e outros perigos para a saúde pública, com a poluição dos lagares de azeite, que nunca incomodou ou representou qualquer perigo, nem para os rios, nem para a natureza, nem para a população, exceptuando o aspecto visual e por vezes olfactivo.

Resultado de imagem para fotografias ETAR da Sabacheira
Imagem alusiva - Foto Águas do Centro

Pouco ou nada percebo de ecologia, de ambiente ou de poluição. Nunca fizeram parte das minhas áreas de formação académica. Dito isto, quer-me parecer que, por razões políticas, se está a procurar em simultâneo afogar o problema da poluição do Nabão e desacreditar Américo Costa (sem filiação partidária, como se sabe), assim tentando proteger pessoas e instituições que não convém afrontar, sobretudo em ano eleitoral. Digo isto porque, levar meses para chegar à conclusão que afinal a origem da poluição de um leito fluvial de pouco mais de 15 quilómetros não tem origem numa determinada ETAR, só pode cheirar a manobra. Mal executada ainda por cima.
Cá por mim, ignorante nestas coisas, conforme já referi, agiria da forma seguinte: Antes de mais, recolheria amostras para análise, à saída da ETAR de Seiça, com uma periodicidade nunca inferior a uma semana, e com especial foco nas datas em que há grandes peregrinações rumo a Fátima -12/13 de Maio, 12/13 de Agosto, 12/13 de Outubro. Digo isto porque uma coisa são efluentes de 50 mil habitantes, outra bem diferente de 300 ou 400 mil. Ou estarei enganado?
Ao mesmo tempo, sendo o curso do Nabão tão pequeno, quais são os obstáculos a uma inspecção rigorosa e uma vigilância eficaz, desde a ETAR incriminada até Tomar? Não convém? Não sabem o que procurar? É simples: Eventuais emissários clandestinos e/ou descargas ocasionais de dejectos com origem em instalações eventualmente clandestinas de suinicultura, por exemplo. Surpreendidos? Não sei porquê. Pois não é verdade que até há, ou já houve recentemente, uma criação clandestina de javalis em plena área urbana? E a fiscalização camarária até relatou que estava tudo conforme.
Vá lá! Deixem-se de faz de conta e comecem a trabalhar como deve ser. É para isso que vos pagamos! Ou julgam que os tomarenses são todos criancinhas?

anfrarebelo@gmail.com

Sem comentários:

Enviar um comentário