terça-feira, 23 de maio de 2023

Política local

Originalidades nabantinas

A nossa muito querida Festa Grande é um alfobre de originalidades. Desde logo porque, embora custe uma fortuna aos contribuintes, é quase tudo à borla. Quase. Porque os autocarros com excursionistas, por exemplo, têm de pagar o parqueamento. São 80 ou 100 euros consoante os casos, em parques improvisados, sem apoios nem guarda. Quem os manda vir trabalhar para Tomar?
O normal por esse país fora é que se pratique uma de duas modalidades. Ou uma festa gratuita que atrai muita gente; e concertos pagos durante a mesma, para aproveitar a afluência; ou concertos que chamam muito público e que naturalmente  têm entradas pagas. Em Tomar nem uma coisa nem outra. Uma festa que atira para o lixo  toneladas de pão e usa resmas de caro papel de seda, é gratuita, o mesmo acontecendo com os 10 concertos previstos em simultâneo, com artistas de renome nacional. Câmaras ricas são mesmo outra coisa. Têm outros valores.
Anomalias ocasionais? Não me parece. Por exemplo, a grande justificação para a Festa dos tabuleiros, e outros eventos pagos pelo erário público, é sempre a mesma -"promover Tomar". Quer dizer sobretudo, aumentar o fluxo de visitantes. Mas estes quando chegam estacionam onde, nomeadamente nas proximidades do Convento? Há até um lamentável malogro, bem conhecido entre os profissionais de sector.
Os cruzeiros modernos são feitos em paquetes imponentes, com mais de um milhar de passageiros. Uma das suas actividades mais rentáveis é a organização de excursões suplementares nos portos onde atracam. Assim acontece também em Lisboa, mas as excursões suplementares raramente incluem Tomar. É que os transportistas não querem vir à cidade, quando a excursão engloba mais de 4 ou 5 autocarros, porque no parque existente junto ao Convento apenas cabem 7, e cá em baixo 4 Ora está-se mesmo a ver que num barco com milhares de turistas, é corrente uma excursão suplementar com dez ou mais autocarros... Tantas oportunidades perdidas em Tomar, por falta de adequadas estruturas de acolhimento. 
Numa outra perspectiva, é fora de dúvidas que esta maioria camarária tem sido extremamente generosa na atribuição de subsídios às colectividades e aos clubes. Geralmente dá o dobro dos municípios vizinhos. Logicamente para ajudar ao  desenvolvimento dessas entidades.
Tomando o União de Tomar como exemplo, devido à sua recente vitória no campeonato distrital, vamos supor que conseguem uma ascensão fulgurante e dentro de três  ou quatro anos estão na primeira liga de futebol. Nessa altura, vão disputar os grandes jogos- com o Benfica, o Sporting ou o Porto- em que estádio? No de Leiria ou no de Torres Novas? É que o de Tomar não tem bancadas, ao contrário do que aconteceu no século passado, quando o União esteve na primeira divisão e tinha um estádio com bancadas, que não envergonhava.
-"Foi o malandro do Paiva, não temos nada a ver com isso", respondem logo abespinhados os apoiantes da maioria PS. É verdade. Mas, estando há dez longos anos no poder, a actual maioria já mandou fazer pelo menos um estudo prévio das futuras bancadas do velho estádio? Há já tem algum projecto para um novo estádio? Nicles. Só requalificação urbana de qualidade duvidosa.
De tudo isto me parece que resulta uma verdade desconfortável. A Câmara subsídia, não para ajudar a desenvolver o que quer que seja, mas apenas para comprar votos, pedindo os autarcas a Deus que não haja grande evolução, que só traz é aborrecimentos. 
E Tomar vai definhando a olhos vistos, sem causar grande preocupação, pois o poder instalado tem a habilidade, tanto a nível local como nacional, de inculcar nas pessoas a ideia de que os culpados são os da oposição. Não há erros. Há é críticos mal intencionados. Como o ex-presidente Cavaco, por exemplo, um indivíduo cheio de defeitos. Má-língua e vingativo, ainda por cima. O Costa é que é bom. E a Bèlita uma maravilha.

 

1 comentário:

  1. Um dos problemas deste blogue é que obriga as pessoas a pensar e talvez por isso, ao contrário do que por vezes sugere, é provável que não seja lido nas costas do Gualdim Pais, pois há razões de sobra para se perceber que por ali não se pensa.
    Por outro lado a oposição tem de mostrar trabalho e no PSD é urgente que a parte que não entra em negociatas, nem se vinculou com um contrato de higiene e segurança com a Tejo Ambiente, faça esse trabalho de levas as pessoas a pensar:
    10 anos depois...
    temos melhor serviço de abastecimento de água?
    temos melhor serviço de recolha de lixo?
    temos ruas mais limpas?
    temos trânsito mais ordenado?
    há mais empresas instaladas em tomar?
    aumentou a taxa de natalidade?
    espalhar o problema do flecheiro e criar problemas em diversos locais do concelho é melhor?
    pagamos menos taxas e impostos?
    Alguém que lhes diga que tudo o que tem acontecido de bom em Tomar, acontece porque tem de acontecer e não por efeito de alguma medida estrutural ou estratégica. Por exemplo, temos no ramo imobiliário registo de várias aquisições por cidadãos estrangeiros mas isso é reflexo da riqueza monumental, histórica e paisagística de Tomar e obviamente não resulta de festas ou festarolas, de animações culturais ou do aperto das vias de entrada na cidade.

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