segunda-feira, 1 de maio de 2023


Desporto e bairrismo excessivo

UM EXEMPLO DA MANIA TOMARENSE DO PENACHO

Um exemplo do excesso de bairrismo, ou bairrismo exacerbado, se preferirem. O Sporting de Tomar acaba de vencer, com todo o mérito, a final four de um torneiro de hóquei em patins -a Taça de Portugal- que este ano teve lugar em Tomar. Houve euforia, houve festa e houve exageros, como é habitual.
Sendo uma modalidade com importância, o hóquei em patins não é todavia um desporto de multidões, como o futebol, por exemplo. Quantos espectadores estavam no pavilhão nabantino assistindo à vitória? Acresce que Portugal é por vezes campeão da Europa, e outras do Mundo, mas de um desporto praticado em menos de 50 países. Até por causa da modalidade irmã gémea -o hóquei sobre gelo, com patins de lâmina, em vez de rodas.
Nestas circunstâncias, o habitual bairrismo exagerado dos tomarenses só podia destoar, e foi mesmo o que acaba de acontecer. Contrariando as expectativas tomarenses, os três grandes jornais desportivos nacionais deram algum relevo ao triunfo tomarense, com página inteira e imagens, mas  nenhum julgou ser acontecimento para primeira página.
Logo dois conhecidos intelectuais locais protestaram, no Facebook, dando a entender haver um à priori contra Tomar. Uma conspiração urdida em Lisboa contra a província. No meu entender exageram, devido ao tal bairrismo exacerbado, ou excessivamente à flor da pele. Resolveram armar ao pingarelho, em linguagem popular local, para defender o direito ao penacho excessivo.
Porque, vistas as coisas sem paixão clubista nem bairrista, que aconteceu afinal? Três directores de jornais desportivos privados de grande tiragem, decidiram cada um por si que uma vitória na Taça de Portugal de hóquei em patins, a um domingo e na província, não é notícia de primeira página. É o seu direito editorial mais estrito. Paginar como entendem.
Só adeptos apaixonados e menos liberais podem protestar contra aquilo que não passa afinal da simples normalidade: atribuir a uma notícia o lugar que merece em função da sua importância no conjunto do dia. Critérios subjectivos? Sem dúvida. Mas partilhado pelos três directores, seguramente sem consulta prévia, nem a menor intenção de menorizar, ou sequer beliscar a reputação de Tomar. Apenas livres do bairrismo exacerbado e doentio dos tomarenses, assim agindo equilibradamente, no entender da maioria.
Perante isto, é provável que alguns leitores, nomeadamente aquele "Manuel" labrego dos "verdadeiros tomarenses", venham a acusar o autor destas linhas de ser mau tomarense. Uma espécie de traidor à pátria nabantina. Se assim for, estarão no seu direito, insistindo no tal bairrismo exacerbado e doentio, o penacho que vai contribuindo para levar Tomar à ruina, pois ninguém quer vir viver ou investir numa terra com gente pouco ponderada. Afinal, bem vista as coisas, o âmago da questão é mesmo esse: Porque diminui a população em Tomar? Porque  uns morrem, outros emigram, e ninguém vem de fora para substituir, sabido como é que "os tomarenses em geral têm um feitio muito difícil". Não se estranhe, portanto, que em Tomar o último grande apport demográfico, tenham sido os do Flecheiro. Como não se integram, também não notam o tal "feitio muito difícil".

ADENDA ÀS 11H25 de 02 de Maio de 2023

Esclareceu-me um amável conterrâneo, via Facebook, (porque o Tomar a dianteira 3 ninguém lê, e muito menos comenta, para não desagradar à patroa), que afinal a notícia da vitória do SCT na Taça de Portugal está  na primeira página dos jornais desportivos. Uma vez que me guiei pelo que escreveram indignados os dois intelectuais referidos, pois aqui não tenho acesso aos jornais desportivos portugueses, suponho agora, após o esclarecimento, que se referiam apenas à falta de destaque. Ou seja, a notícia está na primeira página, mas não com o relevo que devia ter. Porque nada é demasiado para engrandecer Tomar, pensam eles certamente. Fica o esclarecimento possível.


1 comentário:

  1. Claro que, para além dos bravos jogadores e da competente equipa técnica, os contribuintes tomarenses também estão de parabéns, mesmo os que nunca viram um jogo, nem sabem no que consiste.
    Pagaram 23000€ diretamente através do apoio da câmara às coletividades. A publicidade institucional foi paga pela câmara num pavilhão municipal. Com compensação pela utilização do pavilhão para as vacinas da COVID. O resto vem do Politécnico e aí somos todos a pagar, até os adeptos do SCP.
    Impossível alguém dizer que se opõe a esta orgia de dinheiros públicos.

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