domingo, 28 de maio de 2023

 

Imagem Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3

Saída das coroas

Quem anda à chuva molha-se...

A tradição já não é o que era, de tal forma que o tempo meteorológico, açoitado pelos desmandos do progresso, já nem respeita domingos nem festividades solenes. Está-se marimbando para a tradição. Veio chuva durante o previsto desfile das coroas "para cumprir a tradição e promover Tomar".
Gente honesta, trabalhadora e prudente, bons cidadãos,  imediatamente os dirigentes do cortejo encontraram uma solução. O desfile continuou, porém sem coroas, nem pendões, nem banda de música, porque a chuva danifica essas coisas todas.
O que impõe uma pergunta: Tendo em conta que no Verão não chove, mas uma vez que "o tempo anda maluco", caso chova na véspera e no cortejo principal, vão decidir o quê? Suspender tudo? Desfilar como agora, sem pendões, nem bandas de música, nem tabuleiros? Como proteger os tabuleiros durante a exposição na Mata? E as 33 ruas ornamentadas, já encomendaram  os toldos de protecção? E os concertos gratuitos na Várzea grande? Vão para o pavilhão do mercado?
É claro que se trata apenas de uma hipótese muito remota. Não vai chover, quase de certeza. A não ser alguma trovoada passageira. Ainda assim, convém meditar no assunto em tempo útil, porque nunca se sabe e a festa dura dez dias. 
No século passado, nos anos 80, houve em Tomar uma "Comissão de carnaval" inteiramente privada, que teve algum sucesso durante alguns anos, graças ao êxito dos seus corsos, que se tornaram famosos, por terem actores brasileiros como reis do carnaval.
A dada altura, entusiasmados pelos lucros anteriores, (que até deram para pelo menos um dos membros da comissão comprar um automóvel novo), gastaram bastante, em mais uma edição. Foi um fiasco completo!
Choveu torrencialmente no dia do grande desfile, os esperados visitantes não vieram, não foram cobradas entradas e o prejuízo foi total. Agravando a situação, a Câmara de então recusou um subsídio de compensação, e foi o fim da Comissão de carnaval.
No caso da Festa dos tabuleiros, não há nada a temer. Mesmo que venha chuva (oxalá que não!) a Câmara paga tudo na mesma. No século passado ainda não havia uma comissão de beneméritos chamada União Europeia. Convém todavia ir tendo alguma cautela, recordando que o representante da Holanda já foi muito claro: "Não convém dar muitos subsídios aos países do sul, porque gastam tudo em festas, putas e vinho verde." É apenas uma opinião? Claro. Mas tem peso, porque vem do representante de um dos poucos países que pagam mais do que recebem da União Europeia. E o maná não vai durar muito mais anos. Tudo cansa.

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