segunda-feira, 8 de maio de 2023

Património

Uma candidatura mal conduzida 

apresentada como um grande êxito 

Em 2017, assim tipo "vamos a isso!",  resolveram lançar a candidatura da festa grande local, para ser inscrita na lista do património nacional imaterial, etapa obrigatória para algo ainda maior. Processo algo caótico, mal conduzido e mal entregue, acabou por demorar anos e custar centenas de milhares de euros, quando normalmente seria coisa para pouco mais de 6 meses, e apenas dezenas de milhares de euros, a ajuizar por casos semelhantes. Vicissitudes escusadas.
Seis anos mais tarde, em 2023, lá acabaram por conseguir que a DGPC, controlada pelo governo PS, acabasse por aprovar a candidatura apresentada por uma câmara também PS, acentuando que o fazem ante a ausência de reclamações. Gente normal teria anunciado a decisão com modéstia, e aproveitado para fazer uma análise serena do que "correu mal" no processo, de modo a evitar a repetição de erros escusados.
Pois não senhor. A chefe local da cultura, sub-responsável pelo descalabro administrativo da referida candidatura, não esteve com meias medidas. No exagero é que está a virtude, parece pensar: "Tomar e os tomarenses estão de Parabéns (assim, com letra maiúscula no original) pelo grande feito e merecido reconhecimento", escreveu ela no Facebook.
Ora toma! Não foi bem a viagem do Gama à Índia, mas andou lá perto. E aquele "Tomar e os tomarenses" impõe a pergunta: O que é afinal Tomar sem os tomarenses, senão um amontoado de construções caducas?
Em vez da tal reflexão serena, a patroa e a chefe já mandaram arrancar com a segunda fase da operação -a candidatura à UNESCO, com o mesmo pessoal da fase anterior, mais umas personalidades (leia-se lambe-botas, que os outros não aceitam) ainda a contactar, para integrar uma "comissão nacional de acompanhamento". Tendo em conta os seis anos da fase inicial, imagina-se quanto vai durar a segunda e última. A título de exemplo, a candidatura das Arenas de Nimes (França), um coliseu romano,  foi recusada pela UNESCO ao cabo de dez anos de esforços. Tomar vai ter melhor sorte?
O que mostra a simultânea falta de ponderação, e sobretudo de respeito por quem vier governar a seguir. Porque afinal as eleições locais são já em 2025 e a vitória do PS ainda não está garantida. Ou já? Então, e se os sucessores forem outros, ou  de outra cor,  e não concordarem com a candidatura, ou com o modelo da mesma? Serão mais umas centenas de milhares de euros gastos em vão, para alimentar o tal "grande feito"? Parece haver pelo menos alguma precipitação, provocada pelo excesso de euforia bacoca.
Não é de todo verdade que a candidatura dos tabuleiros a património imaterial seja "o sonho de todos os tomarenses", como afirma a vereadora do turismo:
https://radiohertz.pt/tomar-festa-dos-tabuleiro-e-patrimonio-nacional-filipa-fernandes-diz-que-se-cumpriu-um-sonho-de-todos-os-tomarenses-c-video/

2 comentários:

  1. ....ehh mais um discordância! À distância a cidade e só asneiras e a nalta é cega, ...os nabantinos sao 'patos'...e bravos!

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    1. Sabe bem do que fala. Basta ver como escreve. Respeito a ssua opinião. Exijo reciprocidade. Cordatamente.
      Só publicarei mais comentários seus desde que com o seu nome de nascença.

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