segunda-feira, 8 de maio de 2023

 


Economia politica

Também em economia 

por vezes as aparências iludem

Há 836 desempregados em Tomar. Abrantes tem mais de 1.200 | Tomar na Rede

Esta intervenção tem como origem a notícia supra referenciada, particularmente o seu título. Não se trata de forma alguma de um ataque ou de uma crítica, mesmo velada, ao trabalho do jornalista José Gaio, amigo de longa data e profissional competente.
A notícia referida respeita todas as exigências da arte de informar, o mesmo acontecendo com o título. Acontece contudo que, lendo o dito título, fica-se com a ideia de que Abrantes tem bastante mais desempregados que Tomar, exactamente o que mostram os números publicados, tratando-se porém de uma aparência enganadora, como se passa a tentar demonstrar.
Em economia política, é importante conhecer o número de desempregados em cada município, para aferir da situação económica, mas não basta. No caso em apreço, Abrantes tem bastante mais desempregados que Tomar, mas o mercado de trabalho concelhio também é bastante diferente. Enquanto Abrantes, com 1.445 pessoas à procura de emprego, criou 222 postos de trabalho num ano, Tomar, com 893 desempregados, ficou-se pelas 57 criações de emprego, durante o mesmo período. Dois mercados de emprego bastante diferentes, como se pode ver.
A título comparativo, Ourém, o concelho que mais tem crescido na região, tinha 905 inscritos no centro de emprego em 2021, pouco mais que Tomar, mas criou 203 postos de trabalho num ano, muito mais que Tomar, que se ficou pelos 57, conforme já escrito anteriormente.
Nesta conformidade, em economia política, mais importante que conhecer o desemprego, é a capacidade para compreender a dinâmica do respectivo mercado de trabalho, como forma de aferir da situação económica real. Trata-se portanto de partir dos números disponíveis para chegar a outros mais significativos. No caso, de procurar saber qual é a capacidade de criação anual de emprego em cada concelho, partindo dos dados mais recentes.
Temos assim que, calculando a percentagem de novos empregos em relação ao total anterior de desempregados, obtém-se o índice anual de criação de emprego, que no caso presente é o seguinte:

Abrantes..................15,36%
Alcanena.................11,49%
Constância..............15,03%
Entroncamento........2,58%
F. Zêzere......................-5%
Ourém.....................22,4%
TOMAR..................6,38%
T. Novas..................8,37%
Sardoal....................43,1%
V. N. Barquinha......18,1%

Conclui-se assim que, exceptuando as situações anómalas de Ferreira do Zêzere e do Sardoal, nem Abrantes está tão mal como indica o título da notícia do Tomar na rede, nem Tomar está tão bem. Pelo contrário, estas percentagens mostram que o mercado de trabalho abrantino é dos mais elásticos da região, ultrapassado apenas por Ourém, cujo dinamismo económico é bem conhecido, Inversamente, Tomar, como os seus 6,38% só compara favoravelmente com Ferreira e com o Entroncamento. É a confirmação da decadência acelerada de uma economia local excessivamente baseada no Estado. Como acontece com o Entroncamento, dependente de empresas públicas ligadas à ferrovia.






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