Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos.
Depois da festa e do fogo de vista da vitória
O UNIÂO DE TOMAR SOB A AMEAÇA
DE JOGAR SEMPRE FORA DE CASA
Houve muita alegria, e muito fogo de vista, comemorando a vitória do União de Tomar no campeonato distrital de futebol, uma coisa afinal modesta, tendo em conta a categoria das equipas e o contexto geral. A maioria socialista aproveitou mais uma vez a ocasião, para dar a ideia que com os socialistas no poder é só vitórias. A vereadora do pelouro também festejou e até veio entregar as medalhas e a taça, após o que houve mesmo recepção nos Paços do concelho, embora sem a presença da presidente. O pior para o clube e para Tomar vem agora aí.
Desde há mais de uma década que a estrutura técnica da Câmara, na sua vertente obras e urbanismo, procura por todos os meios ao seu alcance, lavar as vergonhas sofridas durante os mantados de António Paiva. Espírito brilhante, técnico prestigiado e com enorme capacidade de liderança, apoiado nos seus 15 mil votos, o presidente social-democrata avançou tipo bulldozer, arrastando tudo e todos, assim gerando inimizades fortes, que ainda perduram. Em Tomar convém ser medíocre e discreto.
Naquilo que agora nos interessa, Paiva deixou obra importante, mas incompleta. O ex-estádio ficou com mais uma pista de atletismo, porém sem bancadas nem balneários. E os técnicos enxovalhados logo aproveitaram para se vingarem, no que têm sido ajudados por um executivo municipal sem engenheiros nem arquitectos, nem vontade de se aconselhar. Decretaram o encerramento do parque de campismo, porque não faz parte do plano de pormenor para a zona e, mais grave ainda, afirmam não ser possível fazer obras no velho estádio porque -imagine-se!- não tem licença e está em leito de cheia.
São obviamente argumentos sem cabimento, tendo em conta o que está para trás, mas ninguém ousa contrariar os senhores técnicos, que se têm na conta de sumidades na matéria. Na verdade, mesmo sem licença e em leito de cheia, nada impediu António Paiva de mandar fazer o parque de estacionamento subterrâneo na zona do estádio, que acabou por provocar a ruptura do contrato com a Bragaparques e a subsequente indemnização de seis milhões de euros. Pouca coisa para uma câmara rica, como a de Tomar, julgam alguns.
É contudo com tais argumentos que os senhores técnicos têm manietado a Câmara, no que concerne ao ex-estádio. De tal forma que ainda hoje há apenas umas bancadas provisórias e uns balneários ilegais, em contentores metálicos. Tem sido suficiente, mas agora a situação mudou radicalmente. O União vai disputar uma competição nacional e o ex-estádio não está homologado para tal escalão, justamente por causa dos balneários e das acomodações para os espectadores.
Dado que a maioria socialista local já demonstrou não conseguir ultrapassar as embirrações dos senhores técnicos superiores, resulta que a situação não se vai alterar, pelo que não haverá bancadas nem balneários em condições em tempo útil, para que o ex-estádio possa vir a ser aprovado para competições nacionais.
Nestas condições, é natural que apareça uma solução à portuguesa, atada com arames ferrugentos: "fechar os olhos" e deixar andar. Até que um clube menos bem classificado, ou ofendido com qualquer coisa, resolva "pôr a boca no trombone", declarando que se recusa a jogar em Tomar, por falta de condições sanitárias. Aí, o velho estádio terá mesmo de ser interditado, até resolução do problema, sendo o União de Tomar forçado a jogar todos os jogos fora de casa.
Tal é a ameaça que paira sobre o clube tomarense desde o início do campeonato, posto que daqui até lá já não há tempo para construir e equipar balneários à altura. Em vez de festejar ruidosamente, e de distribuir medalhas aos atletas e subsídios aos clubes, a maioria socialista andaria melhor, e ficaria melhor na fotografia, se facultasse condições mínimas para a prática da modalidade.
Num momento em que as atenções estão no sucesso das equipas de hóquei em patins e futebol, é bom que a análise não se fique apenas pela espuma dos dias e bem recordada a intervenção do António Paiva na área do desporto.
ResponderEliminarO hóquei em patins beneficiou com a construção dos pavilhões Jácome Ratton e N'uno Álvares, reconstrução do pavilhão municipal e apoio substancial nas obras dos pavilhões de Carvalhos de Figueiredo e Santa Cita.
O futebol ganhou com a troca do relvado natural pelo sintético no estádio municipal, com a construção do Campo da Nabância e com a criação de condições para utilização do campo do Politécnico.
E ao contrário do que por vezes se faz crer, a troca de pisos no municipal foi uma medida muito acertada. Em vez de uma equipa de séniores, usar aquele piso, no máximo três vezes por semana, o União de Tomar e outros clubes passaram a dispôr de um piso que permite utilização massiva. Passaram a ser dezenas de equipas, todos os dias a treinar e jogar. Em vez de cinco funcionários que o município ali tinha a tratar do relvado, passou para um piso de manutenção bem menos dispendiosa.
A obra ficou incompleta como diz? Pois ficou, porque faltou avançar para a construção de um novo estádio, noutro local e com condições que nuca seria possível criar no velhinho municipal.
Mas também deixe-me dizer que do mesmo modo que não faria sentido haver ensino superior em Tomar, se não houvesse jardins escola, escolas primárias e secundárias, também não fazia sentido termos um estádio pouco utilizado e de manutenção caríssima, sem haver condições para as crianças e jovens se iniciarem na modalidade.
E se agora houver um clube com um projecto sustentado e uma equipa que revela ambição e competência para ir mais longe, o município deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que não seja por falta de condições das instalações que isso não acontece.