terça-feira, 28 de novembro de 2017

Preocupações de um tomarense

Tomar a  dianteira 3 recebeu uma longa mensagem, de um leitor devidamente identificado, que  solicitou o anonimato por razões pessoais. Quadro superior brilhante na área da engenharia e planeamento, conhece bastante bem o universo autárquico, por razões que a sua privacidade impede de explicitar aqui.
O que segue foi editado por Tomar a dianteira 3, procurando manter sempre as ideias do original recebido. Os destaques a negrito e a cor são da responsabilidade do editor.

"Vou lendo com alguma apreensão, o que tem revelado nos seus escritos diários.
Relativamente aos projectos da Várzea grande, Praceta Raúl Lopes e outros, entendo e  disponibilizo-me para o ajudar.
1. O parecer técnico emitido pela equipa de José Delgado relativamente a estes projectos, que permitirá uma decisão politica sobre os mesmos, está correcto. 
2. O problema da C.M.Tomar, é que adjudicou por ajuste directo projectos muito complexos a empresas sem capacidade técnica. Imagine o Sr. Professor fazer na sua casa um ajuste directo com o carpinteiro, para ele lhe substituir as torneiras. Será que pode correr bem? Só por mero acaso.

3. A C. M. de Tomar efectuou ajustes directos para projectos a empresas de amigos, sem definir no caderno de encargos dessa adjudicação quais eram as restrições e condicionantes à elaboração dos Projectos de execução, ou mesmo quais os estudos complementares necessários e obrigatórios, ou ensaios.
4.  Mais grave ainda, é a própria  Câmara de Tomar não querer pré-definir quais as regras de gestão de projecto (um ramo especifico da Engenharia) a cumprir, logo estamos perante uma salada russa em que nada se interliga. Os técnicos sabem bem como fazer, mas os políticos não deixam, uma vez que querem comandar o procedimento em curso.
5. Caso esta salada russa de projectos avance, estaremos perante uma loucura de trabalhos a mais.
Seria interessante o Sr. Professor solicitar a designação dos trabalhos e os mapas de quantidades de mão de obra e matéria prima associados aos desenhos que estiveram em discussão pública. Alguém os conhece? Alguém verificou se as quantidades de trabalho estavam correctas para o valor da obra? Quais os trabalhos que faltam nesses mapas? (Os mapas têm de estar incluídos na adjudicação destes projectos).
6. Já verificaram os montantes de trabalhos a mais, caso queiram avançar com estes projectos?
7. Atenção que o programa 2020 na requalificação urbana, tem condicionantes. Se os projectos não servem as intenções, têm de ser substituídos, fica muito mais barato do que pagar milhares em trabalhos a mais. Introduzir intervenções baseadas em projectos desgarrados sem continuidade nem integração com a realidade é uma desgraça ainda maior do que não fazer nada.
8. Porque será que a C.M. de Tomar não quer seguir as regras técnicas de gestão de projecto? (Área especifica da Engenharia e aplicáveis a todos os projectos de execução, projectos base, estudos prévios, programas preliminares, programas base, planos, etc..)
Se o Sr. Professor assim o entender, estou disponível para trocarmos informações, desde que mantenha o meu anonimato. Caso queira publicar alguma coisa disto, pode dizer sempre que foi pedido anonimato. Eles trabalham por detrás da ignorância dos outros, em matérias algo complexas e especificas.
Depois as pessoas interrogam-se: Como é possível aparecerem tantos trabalhos a mais?
Porque é que não pensaram atempadamente nas coisas como devia ser?
A situação económica e financeira da Câmara de Tomar e do nosso Concelho são demasiado más, mesmo das piores de Portugal. Isto vai ter repercussões sociais muito graves no futuro próximo.
Estou muito preocupado.
Lembre-se Sr. Professor: Nestes interesses das autarquias nada acontece por acaso."


2 comentários:

  1. Isto é um desafio à imprensa local, aos deputados municipais, aos partidos políticos. Terá o eng. razão?
    De lamentar a necessidade de preservar o anonimato, embora com esforço possa compreender. Existem as assembleias municipais onde estas questões poderiam ser levantadas. Arrepia constatar que um engenheiro tem minhufa de pedir a palavra, escrever um artigo nos jornais locais, etc..

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    1. Não se trata de um anónimo, uma vez que se identificou cabalmente junto do administrador do blogue.É portanto possível garantir que se trata de alguém com adequada preparação académica, grande experiência profissional e conhecimento profundo do mundo autárquico.
      Na opinião de Tomar a dianteira 3 é quanto basta para os leitores saberem que estão a ler uma opinião fundamentada. O resto já seria mero fulanismo despropositado.
      Não está escrito que seja um engenheiro, mas também não se afirma que não é.

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