A usual política opaca da governação socialista em Tomar, que nesse aspecto imita muito bem a prática do governo, acaba de sofrer um rombo. Graças ao vereador José Delgado, citado pela Radio Hertz, acaba por se saber que a DGPC - Direcção-Geral do Património Cultural, cuja consulta é obrigatória, deu parecer desfavorável -que é vinculativo- a parte das obras previstas para a Várzea grande. Mais precisamente a tudo o que estava previsto para o local outrora ocupado pela messe de oficiais.
Apanhada de surpresa, porque a pretensa requalificação da Várzea grande não está articulada com qualquer plano de conjunto para a cidade, a autarquia procura agora descalçar a bota. Nomeadamente aceitando instalar um parque de estacionamento para autocarros de turismo em pleno tabuleiro central, situação a que anteriormente se opunha, conforme resulta da intervenção incoerente da senhora presidente, que pode ser recordada aqui.
Autocarros estacionados frente à fachada norte do Convento de Cristo, antes das obras paivinas
As indicações da DGCP sobre o infeliz projecto para o tradicional campo da feira de Tomar, que devia ser preservado em vez de desfigurado, não surpreendem quem entenda algo de turismo, de património e de planeamento urbanístico. Bem pelo contrário, devem antes ser louvadas, pois só pecam por insuficientes e tardias. E mostram que em Lisboa nem sempre estão a dormir.
Realmente, carece de qualquer sentido de responsabilidade, de respeito pelo património, pretender instalar um parque de estacionamento, (mesmo acanhado), para veículos de turismo a gasóleo, à ilharga de um monumento classificado, sabido como é que os respectivos gases de escape são fortemente nocivos para a pedra, sobretudo para o calcário, como é o caso.
Realmente, carece de qualquer sentido de responsabilidade, de respeito pelo património, pretender instalar um parque de estacionamento, (mesmo acanhado), para veículos de turismo a gasóleo, à ilharga de um monumento classificado, sabido como é que os respectivos gases de escape são fortemente nocivos para a pedra, sobretudo para o calcário, como é o caso.
Um forte aplauso portanto para quem aprovou o parecer desfavorável da DGPC e para quem ousou dá-lo finalmente a conhecer, no caso um vereador da oposição. Mas a situação é o que é. Se os autocarros estacionados ao lado da igreja do convento de S. Francisco iam degradar aquele monumento classificado, o que tem impedido e impede a DGPC de interditar os parques municipais de estacionamento junto ao Convento de Cristo, sobretudo o dos autocarros, frente à fachada norte? Lá em cima os gases de escape provenientes da queima de gasóleo são menos nocivos?
Por essa Europa fora, já há muito que ligeiros e autocarros só desembarcam e embarcam turistas junto aos monumentos quando tal é permitido, o que é cada vez mais raro, mas vão sempre estacionar para bem longe. Sucede que nós fazemos parte da União europeia, e o Convento de Cristo é Património da Humanidade.
Temos a responsabilidade de o preservar para os vindouros. Infelizmente, não é o que está a ser feito.
Temos a responsabilidade de o preservar para os vindouros. Infelizmente, não é o que está a ser feito.
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