domingo, 12 de novembro de 2017

Em Lisboa nem sempre estão a dormir

A usual política opaca da governação socialista em Tomar, que nesse aspecto imita muito bem a prática do governo, acaba de sofrer um rombo. Graças ao vereador José Delgado, citado pela Radio Hertz, acaba por se saber que a DGPC - Direcção-Geral do Património Cultural, cuja consulta é obrigatória, deu parecer desfavorável -que é vinculativo- a parte das obras previstas para a Várzea grande. Mais precisamente a tudo o que estava previsto para o local outrora ocupado pela messe de oficiais.
Apanhada de surpresa, porque a pretensa requalificação da Várzea grande não está articulada com qualquer plano de conjunto para a cidade, a autarquia procura agora descalçar a bota. Nomeadamente aceitando instalar um parque de estacionamento para autocarros de turismo em pleno tabuleiro central, situação a que anteriormente se opunha, conforme resulta da intervenção incoerente da senhora presidente, que pode ser recordada aqui.

Resultado de imagem para imagens estacionamento de autocarros junto ao convento de cristo toma a dianteira
Autocarros estacionados frente à fachada norte do Convento de Cristo, antes das obras paivinas

As indicações da DGCP sobre o infeliz projecto para o tradicional campo da feira de Tomar, que devia ser preservado em vez de desfigurado, não surpreendem quem entenda algo de turismo, de património e de planeamento urbanístico. Bem pelo contrário, devem antes ser louvadas, pois só pecam por insuficientes e tardias. E mostram que em Lisboa nem sempre estão a dormir.
Realmente, carece de qualquer sentido de responsabilidade, de respeito pelo património, pretender instalar um parque de estacionamento, (mesmo acanhado), para veículos de turismo a gasóleo, à ilharga de um monumento classificado, sabido como é que os respectivos gases de escape são fortemente nocivos para a pedra, sobretudo para o calcário, como é o caso.
Um forte aplauso portanto para quem aprovou  o parecer desfavorável da DGPC e para quem ousou dá-lo finalmente a conhecer, no caso um vereador da oposição. Mas a situação é o que é. Se os autocarros estacionados ao lado da igreja do convento de S. Francisco iam degradar aquele monumento classificado, o que tem impedido e impede a DGPC de interditar os parques municipais de estacionamento junto ao Convento de Cristo, sobretudo o dos autocarros, frente à fachada norte? Lá em cima os gases de escape provenientes da queima de gasóleo são menos nocivos?
Por essa Europa fora, já há muito que ligeiros e autocarros só desembarcam e embarcam turistas junto aos monumentos quando tal é permitido, o que é cada vez mais raro, mas vão sempre estacionar para bem longe. Sucede que nós fazemos parte da União europeia, e o Convento de Cristo é Património da Humanidade.
Temos a responsabilidade de o preservar para os vindouros. Infelizmente, não é o que está a ser feito.

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