quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Porque partem os tomarenses?

Ao princípio, neste caso não era o verbo. Era o início das consultas democráticas. As primeiras eleições autárquicas. Nesse ano de 1976, o alinhamento era este: 
1º Abrantes, 35 pontos
2º Tomar, 32 pontos, 
3º Ourém, 27 pontos. 
Usa-se este método porque, num país onde tanto se fala e tão pouco se pratica desporto, nada melhor que um quadro classificativo para atrair a atenção do leitor. Temos portanto Abrantes em primeiro lugar, com 35 pontos, equivalentes a mais de 35 mil eleitores inscritos, Tomar em segundo, com 32 pontos...
Um quarto de século mais tarde, uma geração, em 2001 o quadro classificativo era já ligeiramente diferente:
1º Tomar, 39 pontos
2º Abrantes, 38 pontos
3º Ourém, 37 pontos
Volvidos mais  16 anos, em 2017 nova alteração, que deveria preocupar seriamente todos os tomarenses, mas aparentemente não incomoda ninguém:
1º Ourém, 42 pontos
2º Tomar, 34 pontos
3º Abrantes, 33 pontos

Temos assim, de acordo com os dados oficiais da CNE e do MAI, que em 41 anos, o último classificado da zona (Ourém), que estava a 5 pontos do segundo (Tomar) e a 8 do primeiro (Abrantes), ascendeu ao primeiro lugar,  com mais 8 pontos que o agora segundo (Tomar). Ou seja, nestes últimos 41 anos Ourém avançou 15 pontos percentuais, o que corresponde a mais 15 mil eleitores, enquanto Tomar conseguiu apenas mais 2 pontos percentuais, igual a + 2 mil eleitores e Abrantes recuou. Desceu dos 35 para os 33 pontos, o que corresponde a menos 2 mil eleitores.
Perante isto, naquele afã de encontrar desculpas, os políticos nabantimos que têm estado e os que estão no activo, são bem capazes de vir dizer que não estamos assim tão mal, uma vez que Abrantes ainda está pior. É o ponto de vista dos vencidos, que assim procuram esconder o óbvio -a fulgurante ascensão de Ourém- justificando-a com Fátima. Trata-se de uma argumentação balofa, que procura enganar as pessoas. Na verdade, o apogeu de Fátima ocorreu no século passado. Basta reparar nas reportagens televisivas, aquando das grandes peregrinações anuais, para disso se dar conta.
Na verdade, a pergunta óbvia é esta: Porque é que Tomar cresceu entre 1976 e 2001, e está a definhar cada vez mais a partir daí? Nos últimos quatro anos, durante o primeiro mandato socialista de Anabela Freitas, Tomar perdeu 2.496 eleitores, Abrantes 1.812 e Ourém apenas 1.107, ou seja menos de metade. Como? Porquê? Que leva os tomarenses a partir em cada vez maior número? Não será decerto por causa dos antepassados, pois tudo indica que não descendemos dos navegadores, mas dos que cá ficaram.
Apesar da gravidade que estes dados oficiais evidenciam, em Tomar ninguém se mexe. Os senhores autarcas ainda não julgaram necessário estudar ou mandar estudar o assunto, de forma a compreender o que se passa e depois procurar inverter a situação.
Enquanto as remunerações mensais forem pingando pontualmente, todas as desculpas servem. O pior vem depois, e tudo parece indicar que já não falta muito. Lamentavelmente.

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