Quando nada o fazia esperar, na recente reunião da autarquia, chegados ao ponto 6, imperou a sensatez. Ainda bem para todos nós, incluindo os nossos eleitos. Tratava-se de debater o projecto de "Requalificação de espaços exteriores da Praceta Raúl Lopes", e a reunião até fora tornada pública, para que os cidadãos pudessem participar.
Na senda do que vem fazendo, o vereador José Delgado avançou com uma proposta do PSD, dizendo que o "projecto base deveria ser repensado, dado que não acrescenta quase nada a Tomar" e que "introduzir um autocarro na placa central da praceta, não faz sentido". Foi a surpresa. A proposta laranja foi votada por unanimidade, com declaração de voto do PSD, a que Tomar a dianteira ainda não teve acesso.
Se realmente se aprovou o recuo no projecto da praceta, para melhor ponderação do mesmo, trata-se sem dúvida de uma decisão muito sensata. Que deveria ser seguida também no que se refere à Várzea Grande e à entrada sul da cidade. Quanto mais não seja porque, a título de exemplo, duas pistas cicláveis numa mesma avenida, nem em Fortaleza, que tem mais de 2,5 milhões de habitantes, ou sequer em Paris, nos Campos Elíseos, que são bem largos. Acresce que, no referente à Várzea Grande, perde-se o estacionamento, perde-se a feira, gasta-se dinheiro que faz falta para outras opções, e afinal ganha-se o quê? Fundos europeus para estafar? Obra espalhafatosa, mas praticamente sem utilidade real, para além da imagem?
Com bem refere o leitor que fez o favor de enviar um longo comentário aqui publicado, "Se os projectos não servem as intenções, têm de ser substituídos. Fica mais barato do que pagar milhares em trabalhos a mais. Fazer intervenções baseadas em projectos desgarrados, sem continuidade nem integração com a realidade, é uma desgraça ainda maior do que não fazer nada."
Infelizmente, apesar da muito sensata decisão antes referida, a senhora presidente e a sua maioria parecem por vezes afinar por outro diapasão. Durante a mesma reunião, abordando a revisão do PDM, uma verdadeira calamidade para o concelho e para a cidade, dada a sua péssima qualidade, tanto em termos de fundo como de forma, Anabela Freitas foi extremamente clara: "Optámos por não deitar fora este trabalho iniciado há vinte anos. Vamos aprovar e em seguida avançar para uma revisão." Francamente! Onde é que já se viu alimentar a pão de ló um burro velho e enfermo para, uma vez tratado, tentar transformá-lo num esbelto cavalo de corridas?
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