Lastima-se o administrador de Tomar na rede aqui, que a sessão de apresentação para discussão pública da requalificação das avenidas Nun'Álvares, Combatentes da Grande guerra e Torres Pinheiro não teve praticamente assistência. Apenas 4 cidadãos, além de 3 técnicos municipais e 2 jornalistas. Dias antes, Tomar a dianteira tinha prognosticado exactamente o mesmo, aqui no ponto 1.
Entretanto decorreu uma reunião extraordinária da autarquia, durante a qual foram debatidos os projectos Raúl Lopes-Estrada da Serra e Requalificação da Várzea grande. Graças ao eficaz trabalho da jornalista Elsa Ribeiro Gonçalves, em mediotejo.net, é possível perceber que a evidente falta de empenhamento do executivo, no que diz respeito à discussão franca e participada dos projectos da maioria socialista, não é fruto de mero acaso. Trata-se, no entender de quem escreve estas linhas, de uma política deliberada, como se passa a tentar demonstrar.
Num estilo hiperbólico, a senhora presidente vai adiantando que os projectos em curso (Estrada da Serra, Torres Pinheiro, Nun'Álvares, Combatentes, Várzea grande, Estrada do Prado), "São projectos estruturantes para Tomar, que vão alterar a face de Tomar, sendo certo que em 2019 vamos ter Festa dos tabuleiros, pelo que a cidade não deverá estar em obras."
Deixemos por agora aquela "bengala" dos Tabuleiros, se calhar a indiciar que obras na Várzea grande, só depois da Festa também grande, e das próximas legislativas, em 2019. O que até nem seria má ideia. Designadamente para deixar assentar a poeira eleitoral. E porque não se vê onde esteja a prioridade das ditas obras naquele espaço.
Tendo vivido e estudado na pátria de Claude Lévi-Strauss, fundador do estruturalismo, confesso que não consigo vislumbrar nada de estruturante nos projectos referidos pela senhora presidente. Nem mesmo com óculos partidários e alguma boa vontade. Vejamos. De acordo com o autor antes citado, é estruturante tudo aquilo que altera ou contribui para alterar determinadas estruturas. Nas obras em apreço, que estruturas serão essas? As vias de comunicação, a praceta e o que resta do antigo rossio? Mas isso são só infra-estruturas. Faltam as estruturas e as superestruturas.
Acresce que, em português escorreito, "face" é sinónimo de rosto, cara, semblante. Logo, quando se afirma que determinadas obras vão alterar a face, está-se forçosamente a dizer que se vai mudar a cara, o rosto, o semblante de Tomar. Que exagero! Não é por mudar de indumentária que uma pessoa muda de cara. No caso das obras anunciadas, quase com toque a rebate, porém sem informação técnica adequada, nem discussão pública participada, fiquemo-nos por simples maquilhagem, de utilidade muito duvidosa no curto prazo. São assim tantos os ciclistas em Tomar, para justificar mais uns troços de ciclovias, a juntar aos do tempo do Paiva, praticamente sem utilizadores, por evidente falta de continuidade e de população adepta do pedal?
Foto alusiva, tirada onde há realmente bastantes ciclistas
Mesmo no seio do executivo e durante as reuniões oficiais para debater os assuntos em agenda, a senhora presidente mostra-se em geral bastante ríspida, quando interpelada pelos eleitos da oposição. Desta vez, quando a vereadora do PSD alegou que seria oportuno aproveitar as projectadas obras na Praceta Raúl Lopes, para aí construir instalações sanitárias, a senhora presidente foi mesmo algo agreste: "Não vale a pena construir mais edificado naquela zona da cidade." Se quem isto escreve fosse vereador, teria imediatamente retorquido "Então e os cidadãos aliviam-se onde? Contra as paredes? Atrás dos arbustos?" Mas a senhora presidente, agora com maioria absoluta, teve sorte. A eleita social-democrata não é tão casca grossa, nem anda cá há tanto tempo como o autor destas linhas.
O mais curioso disto tudo é que, quando visivelmente enfiada numa camisa de onze varas, a senhora presidente até sabe ser amável e colaborante. Interpelada por um eleito laranja sobre a futura localização da Feira de Santa Iria, na sequência da mudança forçada da sua localização de sempre, devido a obras não prioritárias, a autarca-mor foi rápida e aberta: "A futura localização da feira terá de ser discutida por todos os elementos do executivo."
Apetece perguntar: Terá mesmo? Ou trata-se apenas de conversa para mobilar, enquanto não se arranja outro projecto estruturante, daqueles que, segundo a senhora presidente, vão mudar a face de Tomar?
Resumindo: Vivam as obras ditas estruturantes! Abaixo as instalações sanitárias! Vivam as pistas cicláveis! Abaixo os lugares de estacionamento! Viva a ornamentação urbana! Abaixo a sinalização turística! Vivó improviso! Abaixo o planeamento!
Pobre terra.
ADENDA
Se gosta de ler análise política e de comparar comportamentos, aqui tem uma crónica que só foi lida depois de redigir a postagem supra.
Resumindo: Vivam as obras ditas estruturantes! Abaixo as instalações sanitárias! Vivam as pistas cicláveis! Abaixo os lugares de estacionamento! Viva a ornamentação urbana! Abaixo a sinalização turística! Vivó improviso! Abaixo o planeamento!
Pobre terra.
ADENDA
Se gosta de ler análise política e de comparar comportamentos, aqui tem uma crónica que só foi lida depois de redigir a postagem supra.
Sobre o abordado neste post (O RUMO CERTO) não me pronuncio - não estou ao corrente dos factos. Vou cingir-me à ADENDA.
ResponderEliminarApelo a seguirem a sugestão do autor do blogue, lendo o artigo linkado do Observador, o curral dos escribas lacaios de tentativa de "Alt-right"(Direita Alternativa) portuguesa, onde pontifica o conhecido Zé Manel, que foi chefe de redação do jornal "Voz do Povo", da UDP - Há muitos, muitos anos..., nem eu sei já quantos! As cambalhotas que eles dão...
Para aquilatar da qualidade da freguesia do dito curral, apelo a que leiam os comentários ao artigo. Vale a pena. Deixo um exemplo:
"Manuel Domingues
4 h
Esta Maria Joao quando quer,è "mazinha quanto baste ",mas nao tente colocar Costa num cenario de sexo num Quartel dos Bombeiros ,porque ele ja nos F......a todos."
Presunção e água benta.... Mas não é que o professor Rebelo está mesmo embeiçado pela "Alt-Right"!!! Péssimo gosto. Digo eu.
Se fosse o caso, não teria quanto a mim mal algum, pois cada qual come do que gosta. Mesmo, ou sobretudo, na política.Mas estás enganado Fernando!Resolvi citar o texto em causa só para facultar aos leitores deste blogue a hipótese de verificarem ou confirmarem que há tiques comportamentais típicos dos socialistas. Neste caso autarcas tomarenses e camarada Costa.
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