O evento Seminário-conferência-atribuição e entrega de prémios, denominado 12ª Expo-Conferência da Água, aqui noticiado por António Freitas, configura objectivamente, na minha opinião, mais um caso de embuste com fins muito lucrativos. Vejamos.
Um periódico da especialidade resolve organizar um evento espalhafatoso num hotel de Lisboa. Institui uns prémios, no caso chamados "selos de qualidade", escolhe um júri, consegue o apoio de algumas entidades do sector, umas públicas, outras assim-assim, outras privadas, e avança. O júri reúne, entrega as suas conclusões, a organização resolve marcar a data do evento e convida o ministro do ambiente, que aceita.
A etapa seguinte consiste em convidar todos os interessados do sector, que são muitos, com especial destaque para os representantes dos serviços, empresas e municípios premiados. Orgulhosos, os felizes representantes dessas entidades bafejadas pela sorte, apressam-se a efectuar a respectiva inscrição, pela módica quantia de 490 euros + IVA por cabeça.
Depois lá vão, com os melhores atavios, participar na fantochada. Uns sabendo ao que vão, outros nem tanto assim. Agora imagine-se 250 participantes pagantes, todos contentes na cerimónia de entrega de prémios, se calhar sem sequer se darem conta de que 250 participantes, a 490 euros por cabeça mais IVA, dá a bonita soma de 122.500 euros + IVA. É muita fruta. Quando voltar, em Maio, vou ver se também consigo organizar um evento apelativo a 490 euros/cabeça em Tomar. Com jantar no refeitório do Convento de Cristo e tudo, por causa do prestígio. Até já tenho o tema: Como ganhar muito dinheiro a meter água em tempo de seca.
O que choca nesta história, que envolve serviços oficiais e até o próprio ministro, é a questão dos prémios, os já aludidos "selos de qualidade". É certo que há um júri, presidido pela ERSAR, uma entidade oficial, composto por representantes de outras entidades idóneas. Mas que competência real tem esse júri para atribuir prémios? Em que dados se baseiam? Visitam previamente todos os concelhos? Lêem a imprensa local? Falam com os consumidores, afinal os únicos juízes bem informados? É evidente que não, como claramente resulta do caso de Tomar.
Premiados com selo de qualidade pelos seus serviços de saneamento e tratamento de efluentes, os SMAS Tomar exercem a sua actividade num concelho em que mais de metade dos habitantes ainda não beneficiam de rede de esgotos. Pior ainda, na própria área urbana, a menos de 50 metros da Câmara e da sede dos SMAS, há uma zona onde os esgotos, de colector único, ainda são os da idade média: um rego, uma lajeta de cada lado, uma outra por cima. Trata-se da Rua do Teatro, Rua do Pé da Costa de Baixo, Largo do Quental, Rua Aurora Macedo, parte poente da Rua Joaquim Jacinto e sector norte da Rua de Infantaria 15, cujos residentes pagam a taxa de tratamento de esgotos, embora estes obviamente não sejam encaminhados para a ETAR, sob pena de estar a tratar sobretudo água da chuva no inverno. Foi isto que a ERSAR premiou com um selo de qualidade? Conheciam pelo menos a situação?
Outro tanto acontece com a água fornecida pelos SMAS, também premiada com selo de qualidade. Melhor ainda. Com "Selo de qualidade exemplar de água para consumo humano". Mas que "qualidade exemplar" é essa, quando as condutas que a trazem ainda são em boa parte as de 1937, em amianto, material há muito proibido na União europeia por ser cancerígeno? Isto para não mencionar em detalhe a péssima relação qualidade/preço, das piores do país, como se pode confirmar aqui.
Lamentavelmente os SMAS lá desembolsaram os 490 euros + IVA, tendo o seu director técnico participado no dito evento lisboeta, na verdade um embuste. A senhora presidente, o senhor vereador Helder Henriques e uma técnica encarregada de fotografar também estiveram, mas ao que consta como simples convidados. Pior ainda, a senhora presidente, sempre mais preocupada com a imagem e menos com a substância, providenciou a difusão dos prémios na informação local. Tal como já fizera antes com o triste caso da Festa dos Tabuleiros, igualmente com direito a um prémio pago, entregue pela Dª Lili Caneças. Para quê? Entre a realidade e a aldrabice, a opção é óbvia. Apanha-se mais depressa um aldrabão que um coxo.
Bem andaram desta vez os autarcas de Ferreira do Zêzere, que não correram a foguetes. Apesar de o município também ter sido "premiado", ninguém se inscreveu ou marcou presença no dito evento. Ainda há gente honrada na região.
Outro tanto acontece com a água fornecida pelos SMAS, também premiada com selo de qualidade. Melhor ainda. Com "Selo de qualidade exemplar de água para consumo humano". Mas que "qualidade exemplar" é essa, quando as condutas que a trazem ainda são em boa parte as de 1937, em amianto, material há muito proibido na União europeia por ser cancerígeno? Isto para não mencionar em detalhe a péssima relação qualidade/preço, das piores do país, como se pode confirmar aqui.
Lamentavelmente os SMAS lá desembolsaram os 490 euros + IVA, tendo o seu director técnico participado no dito evento lisboeta, na verdade um embuste. A senhora presidente, o senhor vereador Helder Henriques e uma técnica encarregada de fotografar também estiveram, mas ao que consta como simples convidados. Pior ainda, a senhora presidente, sempre mais preocupada com a imagem e menos com a substância, providenciou a difusão dos prémios na informação local. Tal como já fizera antes com o triste caso da Festa dos Tabuleiros, igualmente com direito a um prémio pago, entregue pela Dª Lili Caneças. Para quê? Entre a realidade e a aldrabice, a opção é óbvia. Apanha-se mais depressa um aldrabão que um coxo.
Bem andaram desta vez os autarcas de Ferreira do Zêzere, que não correram a foguetes. Apesar de o município também ter sido "premiado", ninguém se inscreveu ou marcou presença no dito evento. Ainda há gente honrada na região.
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